Crônicas

Quando o sono já não é descanso

Eu tenho um pavor único: estar dormindo enquanto a melhor parte da minha vida acontece.

Há quem ame uma soneca entorpecente. O que não gosto é da embriaguez que o sono de fuga provoca em quem se acovardar diante dos pensamentos mais profundos que transitam na sua própria mente.

Eu tenho a alma de encarar tudo. Talvez seja por isso que não quero estar sonolento enquanto um edifício de felicidade está sendo construído bem na minha frente. Não quero perder a vida numa preguiça provocada.

Quero assistir cada madeira sendo serrada, cada pedra se misturando no cimento, cada tijolo sendo organizado em tudo. Não quero estar deitado numa cama quando a euforia correr lá fora.

Não quero estar embebedado pelo ostracismo de um sonho, e descobrir no começo do dia, que aquilo nunca foi real. Eu quero o barulho das pessoas, as risadas investidas, os choros maiúsculos e as companhias recorrentes. Tudo acordado.

Deixo pra dormir nos intervalos e nos finais. Dou ouvidos a preguiça somente quando não tiver em mim mais o vigor da juventude, a energia da busca diária por sentido ou quando faltar em mim qualquer razão para acordar.

Por enquanto, eu quero mais é abrir os olhos cedo, aproveitar o presente do dia e cogitar possibilidades viáveis. Quero estar acordado quando o amor chegar, quando a sorte surgir, quando o inimigo aparecer, e viver tudo até que meus olhos me obriguem a obedecê-lo.

Cair no sono como um vicio do tédio me parece coisa de gente sem muita ambição. Faz parte dos planos dos que estão cansados de tudo. O cansaço incessante é, para mim, a maior demonstração de que a vida serena se tornou um peso. Dormir sem escolha é para alguém só tem a piedade de si mesmo.

De olhos fechados, estirados num lençol abarrotado, sem força para continuar seja lá o que for, pernoitam essa gente esgotada, fadigada de não ter o que se quer, triste por ter tido mas já não ter, sem coragem de acordar para constatar que de tanto querer sem poder, o sono o consola da verdade.

Não tenho paciência para gente que sente um sono interminável, levemente ridículo, incansavelmente improdutivo e quase culposo, que vivem num esconderijo de si mesmo, dentro do calabouço de uma vida enfadonha, em um lugar dormente para não enfrentar o que os olhos abertos não conseguem esconder.

Não falo do sono tranquilo de uma alma que precisa se recompor, nem da cama restauradora diante de um dia agitado, mas me refiro a aqueles que estão atrás de um sono profundo que vele a pessoa que carrega obrigatoriamente naquele próprio corpo desanimado.

Quando o melhor a se fazer é estender o corpo sobre a cama, suspirar devagar e deixar que tudo durma, já não sou eu quem dorme, mas é minha alma que precisa encontrar uma nova razão pra levantar, tomar um bom café, recolher os cobertores e caminhar para alguém lugar em que o sono não seja uma distração, mas uma necessidade de recarregar-se.

O sono do covarde é diferente do sono do herói. Um dorme como recompensa do que fez o outro, dorme porque não quer acordar. Tomara que o sono interminável não seja uma desculpa para disfarçar o óbvio. Dormir não pode ser uma vingança contra a notável falta de sentido pra acordar.

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O abismo de geração é mais que um meme

“Será que vão curtir?” Se suas publicações na internet parte desse pressuposto existe uma grande chance da sua mente já ter sido infectada pela ideia de que o que realmente importa é ser reconhecido.

Isso, claro, porque aparecer, no seu sentido mais básico, se tornou uma moeda de troca social e econômica. Ter seguidores te faz popular do dia para noite e pode até pagar alguns boletos.

Toda vez que, para fazer uma auto avaliação, olhamos para uma métrica quantitativa (como números de seguidores ou de view), sem considerar a realidade mais ampla e profunda da natureza humana como sentimentos, emoções e comportamentos, corremos o risco de criar um efeito inverossímil da realidade sobre quem somos e sobre como os outros nos percebem.

Quando as perguntas principais nas redes sociais são: “será que estou fazendo sucesso?” ou “será que minha vida é interessante o suficiente para todos?”, é bastante provável que sua mente já tenha sido sequestrada pela ideia de que o valor das coisas está no quanto elas aparentam ser.

Com esta ideia na cabeça, o pensamento mais frequente se torna:

“Para ter mais seguidores que o outro — ou seja, mais expressividade de fala, mais dinheiro e mais importância social — tenho que evitar produzir algumas imagens negativas sobre mim, evitar deixar escapar pontos delicados da minha personalidade e disfarçar qualquer fraqueza sobre mim.”

O efeito do marketing de comportamento

Do ponto de vista do marketing pessoal, sinalizar virtudes e ocultar deslizes é a regra para ter sucesso. Pelo menos aquele mais superficial. Num nível mais público, temos que começar a editar o comportamento social.

Se você quer ser uma boa pessoa, não pode mais demonstrar esboçar palavras proibidas pela elite cultural, não pode demonstrar sentimento considerados nocivos como ciúmes, não pode cobrar nenhuma resposta de reciprocidade, não pode ter conversas difíceis para não ser insensível, não pode reconhecer a inveja quando alguém tem mais ou ocupou um lugar que almejava e tem que esconder todos os preconceitos nas frases prontas ou por debaixo do tapete de uma campanha da internet lacradora.

Você só pode perder a linha se isso causar uma boa impressão social, se lhe trazer algum benefício midiático, se isso lhe aproximar do coro do grupo eleito como paladino da moral e da justiça. O risco disso é a banalização de assuntos sérios, urgentes e importantes.

Nessa mesma esteira da construção da imagem pública, você tem que fazer viagens de férias para algum lugar que esteja na lista de hype como cachoeiras próxima da cidade e praias que sinalizem status social, e, de preferência, lugares com internet suficiente para fazer o horário nobre do stories.

Tudo precisa ser altamente estético. Desde a folha de alface no prato da comida vegana — porque o verde está no trending topics e nas bocas das blogueiras magras — até a taça de vinho desconhecido que você não faz ideia de onde foi produzido se transforma no elemento glamourizado.

É nesse ambiente em que a visibilidade e a exposição escondem a intenção, mas escancaram as falsas virtudes forjadas. Editar uma lágrima se torna propaganda. Se for para expor fraqueza ela precisa ser carregada por um tom de superação. Relacionamentos ótimos, pessoas bem resolvidas, que sorriem como quem ganhou na loteria da vida.

O que acontece é que acabamos colocando luzes coloridas diante das angústias. É como estar numa UTI de hospital animada que se assemelha a um parque de exposições para visitação aberta.

O que criamos com isso?

Nesse sentido, criamos um pacto emocional gigantesco com os dados que as ferramentas e suas métricas medem. Usamos esse medidor para saber se estamos ou não sendo bem avaliados, queridos e desejados por outras pessoas.

O fato é que, ao contrário do que se pensa, os jovens medicados são sim um grande potencial de produtividade. Quando imprimimos neles estímulos de uma ansiedade generalizada que nunca passa, estamos, na verdade, colocando sobre eles a ideia de que “se não correr o bicho pega”.

Embora comumente atrelamos os transtornos psicológicos a uma espécie de inércia produtiva, por outro lado, o mercado corporativo com seus truques para fazer do trabalho uma grande Disneylândia para adultos. Mesmo que seja em home-office descolado, no seu escritório pet friendly ou num bangalô na Tailândia, sempre tem alguém vendo seu custo-benefício para te dispensar aos cinquenta.

Da mesma forma, a indústria da educação é outra culpada que trocou a educação cidadã por uma fábrica de autoestima com doses diárias de pressão por resultados para agradar clientes cada vez mais exigentes.

E por último, para completar o time, tem os pais inseguros sobre o mundo, com medo de ser julgado como uns incompetentes e culpados porque não conseguem dar carinho e atenção suficiente, formam um ambiente excelente para uma geração de poucos filhos sem rigidez emocional, louca por reconhecimento e com a obrigação de dar certo e produzir muito que seus pais e mais rápido.

Eu tendo a imaginar que não só acabamos sendo uma projeção narcísica dos nossos pais, no sentido em que há uma pressão sobre a geração em se tornar um adulto perfeito — isto é, um sujeito correto moralmente, produtivo economicamente e ético socialmente — como também há uma fragilidade indomável nesta geração por uma simples falta de realidade naturalmente existencial que os impede de encarar a vida como uma verdadeira batalha em que gradativa se perde e se ganha diariamente.

Construindo pontes improvisadas

É claro que não há caminho ideal para resolver esta questão. Não há solução viável para igualar as realidades, mas é possível transformar essa guerra velada em uma bandeira branca de tréguas e compreensão.

O abismo de gerações sempre existiu. O que acredito que pode ajudar um pouco mais é, por um lado, a geração mais jovem entender que a vida não é sobre fazer apenas o que amam, nem tampouco sobre estar sempre feliz e muito menos entender a fraquezas do ser humano e o peso existencial do mundo como um grande oponente a ser combatido.

Em contrapartida, as gerações mais antigas, precisam observar a vida para além das expectativas de resultado visíveis e tornar-se menos rígidas consigo e com os outros.

Correndo o risco de ser simplista, mas confessando a limitação deste autor neste assunto, penso que os jovens precisam fazer as pazes consigo e aprender a encarar o lado cruel da vida com mais coragem e resiliência, enquanto os mais velhos, por sua vez, precisam reconciliar-se com suas culpas, faltas e com a sensação de que sua identidade está apenas ligada ao que se pode alcançar.

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A vida tem dessas…

É verdade, nem tudo na vida acontece conforme a gente quer. Nossos pais vão ficando cheios de cabelos brancos e um dia se vão, mesmo que a gente nunca aceite isso.

Num dia qualquer seu chefe entra na sala, pede seu crachá e simplesmente não se importa com toda aquela hora extra dedicada àquilo que, no final nem é seu. A pessoa que a gente ama e pensa que nunca vai sair de perto se apaixona por outra, casa-se com ela e vive feliz enquanto você tem que suportar o cinismo do seu coração gritar. A vida tem dessas.

É verdade, nem tudo na vida faz sentido. A gente sempre vai sentir-se meio perdido no meio do mundo corrido, mesmo que tenhamos o melhor emprego na melhor empresa do mundo, a melhor família na maior casa do bairro, o melhor estilo de vida que o dinheiro possa nos dar na pouca idade.

Vamos sempre sentir falta de alguma coisa especial, de uma pessoa específica, de um beijo não dado, um sorriso perdido, um cheiro nostálgico, uma gargalhada que morreu na saudade. Nem tudo precisa ter um eterno sentido para ser bom. A vida tem dessas.

É verdade, a gente se preocupa com coisas nada importantes. A gente se incomoda com o cabelo mal cortado, com a roupa nada ideal para a ocasião, com o que dizem injustamente sobre a gente, se estressa com a mania boba do outro de balançar a perna inquietamente ou estralar os dedos no nervosismo sem olhar para nossos próprios vícios de personalidade e comportamento. A vida tem dessas.

É verdade, a gente se esqueceu do essencial. A gente se choca com o celular antigo e fora de moda em cima da mesa, irrita-se com o trânsito lento na marginal ao invés de apenas relaxar, se acostuma a não ligar para os avós, a não fazer uma faxina atrás do sofá, e damos bola demais para o que as pessoas falam da gente sem nem se dar conta que elas não nos conhecem. A vida tem dessas.

É verdade, às vezes, a gente se sente sozinho mesmo cheio de gente do lado e não encontra uma alma sequer para tomar um café com a gente. Às vezes, ninguém nunca vai nos entender na vida, mas tudo bem, porque todo mundo é meio complicado. Nem todo amor durará para sempre, e tudo bem, porque precisamos entender que as pessoas mudam. Eventualmente, vamos sentir que tem algo de errado com a gente, e tudo bem também, pessoas normais são tão monótonas. A vida é essa eterna luta contra a solidão.

É verdade, muitas vezes vamos ter o desejo de ser estimado por pessoas que não são essenciais na nossa vida, vamos querer ser amados por gente que não tira o olho do seu próprio ventre, iremos atrás de exaltação e admiração mesmo no mais simples post boboca do Instagram, buscaremos ser honrados em meios que, no fim das contas, não muda nada na nossa vida. A vida tem dessas.

É verdade, a gente precisa aprender a entender o primordial da vida. Frequentemente, teremos o desejo de ser preferidos em relação a outros, de ter sido consultado e considerado antes de uma grande decisão, de ter sido aprovado por pessoas que nem valorizamos tanto assim. A vida tem dessas.

É verdade, temos medos que não fazem sentido. Morremos de medo de ser humilhados diante de pessoas, de ser repreendido por forças e ideias que não nos representam, de ter passado pela vida e ser esquecido na desimportância de um detalhe, de ser ridicularizado frente a enxovalhos irreversíveis, de ser prejudicado por decisões simples. A vida tem dessas.

É verdade, de nada vale fingir. Não adianta enganar-se de que temos o controle sobre a vida, de simular que não temos coleções intermináveis de fracassos, de sabemos valorizar sim o que temos, de acreditar que fazemos muita coisa importante com nosso tempo, fingir que de pensar apenas nas coisas legais que nos marcam, estamos sempre mudando para melhor, que temos uma coragem que não temos, que a ansiedade não nos atrapalha, que não estamos atrás de sentimentos temporários, que não precisamos perdoar pessoas, que estamos satisfeitos com a vida que levamos, que estamos atrás de justiça, quando, na verdade, é pura vingança, que somos produtivos porque estamos sempre ocupados, que não gostaríamos que todos fossem nossos clones, mas melhorados.

A vida tem dessas. A gente só precisa de coragem para ser quem a gente sempre quis ser e ter disciplina para agir conforme a gente mesmo pensou para nós. A gente só precisa assumir a nossa mais cruel e verdadeira humanidade. Não há esconderijos suficientes a guerra que a vida é.

É verdade, a vida é foda, mas não dá para deixá-la passar sabendo que a gente não a viveu como deveria ter vivido. Ou, pelo menos tentar.

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Valorizar o conhecimento contínuo é ser mais humano

Quanto custa ser ignorante? Às vezes, muito. Na maioria das vezes, tudo. Eu Já estou falando isso no começo do texto porque eu sei que você vai ver o tamanho dele e já vai ficar com a preguiça. Depois não diga que não avisei.

É um erro acreditar que o conhecimento está fechado nas paredes de uma biblioteca, numa sala de aula convencional, nos já mofados acadêmicos que se tornaram entidades nas instituições e muito menos que todo material bruto de inteligência está alocada dentro de uma cultura específica.

O conhecimento não tem endereço fixo e se expande cada vez que alguém anda na sua direção. É como andar com uma lanterna de luz média numa clareira noturna. Conhecer é um universo incalculável numa imensurável expansão.

Para lidar com tudo isso, o que fazemos é, didaticamente, tentar categorizar para simplificar a compreensão. A limitação está na nossa compreensão e não do que existe para conhecer. Esta é a evidência que derruba o primeiro mito sobre o conhecimento: O mundo não é o que conhecemos dele.

Há muito mais coisas que não sabemos que realmente aquelas que dominamos profundamente. Ponto. Por este lado, as coisas que não sabemos são o principal ponto de partida para adquirir novos conhecimentos. Ter a consciência da sua própria ignorância possibilita caminhar para o conhecimento com mais avidez. Vamos partir daí.

Aprender pode até parecer nada simples

Alguns conteúdos podem ser cheios de dados, informações e referências que realmente levam o conhecimento para caminhos difíceis de serem explicados, enquanto outros, mais ligados a percepção da realidade, carregam consigo uma prontidão lógica mais simplista.

Pense em um sujeito que deseja andar de bicicleta. Você pode explicar como controlar o corpo e sentir a leveza do movimento com todas as linguagens possíveis, mas por mais que contemple todos os detalhes, a capacidade de transmitir o conhecimento por inteiro sempre será limitada. Você não vai saber transferir completamente a sua habilidade de equilibrar, pedalar e seguir por completo para outros. Ainda que seja de uma renomada universidade.

Alguns tipos de conhecimento são mais explícitos e podem ser colocados em códigos, símbolos e sinais criando um sistema lógico. É este o trabalho dos cientistas. Outros campos de ideias, não ainda não podem se enquadrar em metodologias. É claro que, em todos eles, existe o concreto e real, mas alguns podem ser articulados, enquanto outros não.

Ao lado do conhecimento científico tradicional, temo o mundo natural, que consiste em um grande conflito entre a idealizada ordem possível e o natural caos involuntário. Esta ordem pode ser percebida com conhecimento acumulado, gestos culturais visíveis e a observação dos fenômenos recorrentes, enquanto o caos é representado pelos fatos ainda desconhecidos, pela imprevisibilidade da natureza ou pelas emoções manifestas espontaneamente. É este lugar o principal berço do pensamento.

Ir atrás do conhecimento empurra nossos limites externos para fronteiras mais largas e fortalece ainda mais os muros internos das convicções. Diante das experiências de vida, podemos construir o conhecimento, reforçando ou reprovando as crenças que nos ajudam a criar uma diretriz própria que rege as nossas vidas. Aprender é necessário para ser humano.

Como perseguir a curiosidade

Muitos de nós acaba se distraindo com o barulho do que está “fora da nossa mente” e esquecemos de levar a sério nossas próprias estruturas de pensamento padrão.

Perseguir a curiosidade quer dizer levar a sério as áreas do conhecimento que achamos interessante e mergulhar profundamente nelas. Não apenas para ter condição de participar das discussões importantes sobre a algazarra que é nosso mundo, nem só para ser capaz de formular uma mínima opinião que ultrapasse a esteira do senso comum, nem para reforçar uma percepção particular, mas para conseguir enxergar com clareza soluções profundas sobre como resolver algumas dessas situações reais do dia-dia.

Isso quer dizer mais que ser um curioso por esporte, mas exercer influência na direção das ideias e conversas relevantes. Ou seja, ter recursos de pensamento que geram mais conhecimento, perguntas e questões e que possa interessar na resolução das preocupações e pautas coletivas.

Nem todas as pessoas têm paixão pelo conhecimento dessa maneira. O brasileiro, especialmente, tem o péssimo hábito de não pensar sobre o que ele pensa. Ele não tem a curiosidade de investigar-se.

De modo geral, temos bastante dificuldade em realmente definir qual é a nossa estrutura de raciocínio. Abandonamos a busca da inteligência para acolher apenas o que é um pensamento padrão. Adoramos a curiosidade, mas não aprendemos com ela.

A importância de saber o que pensa

Às vezes as pessoas me dizem que sou muito convicto das coisas que falo, escrevo e penso. Tenho que responder sempre a elas que, na verdade, isso não funciona assim tão simples, mas o que acontece comigo, é que procuro dizer apenas o que já pensei muito. Eu penso sobre as coisas que eu penso.

Ter informações não é difícil. O complexo é aprender a compilar isso e processar todas elas de maneira usual. A notícia boa é que o que distingue a espécie humana das demais é a capacidade de confrontar o pensado com o conjunto dos conhecimentos disponíveis.

Se estamos dispostos a ajustar o curso do nosso pensamento com uma lógica de aprendizado contínuo, passamos a ter mais credibilidade, a não correr do que realmente é verossímil, a não carregar paixões a ferro e fogo e a estar dispostos a alinhar o pensamento organizado com o real, com provável e com o razoável da vida.

Alcançar as certezas absolutas é algo mais raro. Aprender a pensar as questões da vida nas categorias da liberdade, sem beira na fantasia ilusória, pode ser um caminho interessante para assimilar o verossímil sem esbarrar com o “é só uma questão de opinião, gosto ou preferência”.

Não somos um computador para ser alimentado com milhares de premissas e dois segundos depois devolver uma conclusão pronta. No entanto, na mente humana, eventualmente é possível compreender o trajeto que o conhecimento percorreu.

É claro, que seria mais fácil se o pensamento não passasse pelo ímpeto de ter o controle da narrativa da razão e fomos uma honesta e verdadeira busca pela verdade doa a quem doer. Apesar das interferências, saber o que pensamos nos ajuda a comunicar-se quanto espécie. Por si só, um grande ganho.

O conhecimento tem seus lados

A maneira mais sensata de promover o conhecimento é expondo-se voluntariamente as realidades que nos tira o conforto e arranca da gente a possibilidade de hospedar na zona segura de aptidões.

O conhecimento, no fim, é o equilíbrio entre o caos da transformação e o aparecimento de novas possibilidades, isto é, fazer da mera disciplina e ambição pela ordem, o propósito de produzir uma compreensão capaz de gerar uma harmonia produtiva.

É claro que avançar em conhecer precede muitas situações. Há, pelo menos, dois conjuntos de conhecimentos que diferem e podem conflitar entre si. Ter realmente o melhor dos dois mundos quer dizer correr na direção de ambos para ter algum sucesso.

O primeiro tipo de conhecimento importante é aquele que está diretamente ligado ao objeto ou ao propósito. Por exemplo, para que alguém seja um médico, é necessários anos de estudo sobre corpos humanos, doenças e remédios. Ou seja, é um conhecimento acumulativo, cognitivo, direcionado e fundamental.

Aliado a isso, existe um conjunto de conhecimentos adjacentes, que é, de certa forma, resultado deste primeiro e incorporado a partir de deduções e experiências. Está diretamente ligado ao exercício do conhecimento. Por exemplo, o aprendizado a respeito da maneira ética, moral e social sobre como um médico deve tratar um paciente durante o atendimento.

São duas linhas de conhecimentos que são necessários, porém nenhum garante o aprendizado do outro.

Conhecimento para dentro da realidade

Quando o conhecimento se torna capaz de perceber aquilo que qualquer pessoa notaria, ele ganha uma correspondência quase instantânea na realidade.

No fim, inteligência, para mim não é acumular o conhecimento numa vasta biblioteca de referências e ter uma facilidade em comunicá-lo, mas tem a ver com a habilidade de perceber, apresentar e resolver problemas relacionados à sobrevivência.

Isso deveria acontecer em todos os ramos do conhecimento. Aliar a naturalidade da expansão do conhecimento com os mecanismos controlados por métodos. Esta combinação pode ser uma boa ferramenta para a construção de um pensamento mais diverso, inteligente e eficiente.

O conhecimento lida sempre com uma seleção abstrata de ideias, mas eleger linhas de conhecimento e favorecê-las em detrimento dos fatos naturais, vai resultar apenas num recorte impreciso, desatento e impalpável da realidade, totalmente desligado do concreto. Tornando-se fatalmente inaplicável.

O conhecimento que não rompe modelos desconsidera a vasta periferia das áreas de conhecimento do ser humano, sequestrando da realidade concreta, as dinâmicas e experiências que a razão cognitiva não consegue enquadrar.

Este é o pecado em não ter um ávido desejo pelo conhecimento contínuo: não ter uma certa desconfiança das teses mais óbvias, criar teorias para longe da realidade e supor que só é real o que se pode provar.

É possível sentir-se inteligente, mesmo que não cresça em conhecimento, e instruir-se é a forma mais importante de se tornar inteligente. Ser inteligente não tem a ver com ter um quilômetro de confiança, prestígio ou renome, mas todo pensamento tem que causar impactos reais na vida comum.

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O mito do “quem sabe faz ao vivo”

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O Fausto que me perdoe. Fazer ao vivo não é para todo mundo. Muito menos somente para quem sabe das coisas. Por sorte, eu sou um bom improvisador, mas mesmo assim, ensaios são fundamentais. Se a vida pudesse ser gravada, eu preferiria.

A verdade é que muita gente tem talento de sobra, mas isso nunca o blindou de um erro crasso. Até mesmo os maiores cantores desafinam na hora H. Os dançarinos tropeçam. Os atletas passam quatro anos treinando para umas olimpíadas e pipocam. Pergunte a eles se pudessem fazer tudo até acertar se não seria melhor.

É difícil funcionar na pressão. Bons pintores fazem coisas ruins. Montanhistas morrem numa avalanche (Nada mais ao vivaço que correr de uma montanha despedaçando). O menino do sinaleiro passa o dia fazendo aquilo e mesmo assim deixa a bola cair.

“Ao vivo” não é para quem sabe, mas é para quem tem coragem de se expor a um erro. Este é o ponto.

Falo isso porque muita gente hoje se inerte diante do fracasso. Muitos até podem realmente não estar na sua melhor forma, mas quem não se vê com um talento notório acaba por imaginar que nunca vai pertencer ao grupo dos virtuosos que sabem “fazer ao vivo” e bem feito.

Todo bom rimador já se embananou no beat. Todo comediante se perdeu no trocadilho. Isso porque o ao vivo, não serve para provar competência, mas para testar a capacidade de superar nervosismo. Nada mais emocionante pro ser humano que a eminência do erro.

Ninguém está livre dos erros. É assim com crianças, com professores renomados e era com o Michael Jackson. É assim com o empreendedor, com o médico e era com o Senna. Até mesmo quem pilota carros com talento, perde a curva. E quem erra ao vivo? E quem morre ao vivo? E quem vacila ao vivo?

Fazer algo sempre é um risco. Botar o rosto e arriscar é sempre difícil.

Tem gente que consegue sem muito esforço. Outras, precisam de anos de aperfeiçoamento. Uns cortam caminho, outros andam mais para chegar lá. Não tem regra. Há pessoas que morrem tentando, outros morrem mesmo conseguindo. Existe quem vivem tentando, outros vivem apenas porque conseguiram.

A arte de “fazer ao vivo” é para pouquíssimos. E mesmo assim, alguns não sabem perfeitamente como sair de possíveis enrascadas, não conseguem usar experiências para prever e prevenir a tempo da tragédia. Não é sobre acovardar-se diante do imediato, é sobre estar seguro mesmo no erro. É sobre agir naturalmente quando precisarmos.

Tenho a impressão que, hoje em dia, tudo é sobre fazer. Fazer alguém feliz. Fazer acontecer. Fazer questão. Fazer novas amizades. Fazer intriga. Fazer as pazes. E fazer tudo isso ao vivo sem direito a cortes e erros?

Estamos realmente cobrando de nós, dos outro e do mundo um momento perfeito o tempo todo?

Eu sei que, ás vezes, há momentos sem volta. No entanto, não tem problema cair no meio de num monte de gente. Não tem problema mostrar-se falho, às vezes estúpido, de vez em quando bobo, ocasionalmente inseguro, por vezes nada parecido com um herói que venceu o vilão. Não tem problema ser limitado, o problema é fingir que é imbatível mesmo diante do improvável.

Você só se livra dessa pressão de “ter que dar certo” quando aprende a entender a si mesmo, ao descobrir que pode escolher fazer ou não algo, que nem sempre precisa de provar nada para você e nem para ninguém, que pode inaugurar uma natureza própria sem seguir padrões, que se é para fazer, que façamos a diferença bem longe dos holofotes, dos aplausos e das plateias antes de mais nada.

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A felicidade não está fora de moda, a gente é que está sem estilo

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É verdade que ninguém sabe o endereço completo da plena felicidade. Se é que ele mora num lugar só. Eu sempre desconfiei de todo esse papo de gente que acredita que ela é um lugar para se chegar, um objetivo imediato a ser atingido no fim de uma corrida enorme de tarefas.

Eu gosto mais de pensar da perspectiva que talvez ela seja apenas um jeito de olhar a vida. E não tem nada a ver com aquela conversa enfadonha de autoajuda escrita por gente mandraque. Estou falando de reconhecer momentos felizes como um alívio cósmico, uma sobra de oxigênio, uma dadiva imerecida.

Assim como ninguém merece felicidade, ninguém merece a desventura. Ela está fora de moda porque a gente elevou muito a régua do que é realmente ser feliz. Na nossa mente alvejada, felicidade é coisa de gente abastada.

Tem gente que imagina que ser feliz é estar num país livre de corrupção e com políticos melhores, outros percebem essa felicidade nos dígitos do “saldo disponível para saque” e existem aqueles que acreditam que toda essa alegria interminável está nos sucessos recorrentes do dia-dia ou até mesmo no fato de ser famoso no Instagram.

Eu conheço pessoas que cruzaram o mundo atrás de uma euforia diferente e a confundindo com felicidade, mas tudo o que descobriram é que não adiantava mudar o ambiente enquanto tivesse que se deparar consigo mesmo. Talvez a felicidade não seja mesmo um novo lugar.

Não adianta trocar de ambiente para correr dos problemas, fingir demência diante das demandas, a felicidade é dar-se bem consigo. Não muito e nem sempre, mas o suficiente para que consiga não frequentar farmácias como se fossem shoppings.

A felicidade pode ser detectável, mas nunca rastreável. Ela some e aparece como um furtivo ninja. Ela é como um final de semana que chega para tirar o stress recorrente de um trabalho cansativo. Aliás, a felicidade não precisa ser uma atividade. Tem gente que é feliz não fazendo nada. Absolutamente nada. Um dia deitado no feriado. Uns minutos de paz quando os filhos finalmente dormem. Uma monótona tarde de domingo. Não tem regra.

Nessa caça a felicidade triunfante tem gente apostando alto. Dando all in numa mão duvidosa. Apostando tudo que tem em fichas irreconhecíveis. Esperam encontrar satisfação total em um casamento, em uma carteira de trabalho assinada, numa mudança milagrosa e visceral na vida. Sobrevivendo jogando na megasena para começar a viver.

Há também a tal da felicidade adiada. Aquela que tem nota promissória. Aquela alegria deixada para quando os filhos crescerem, para quando foi promovido, para quando tiver tempo sobrando, para quando não depender dos pais, para quando terminar a faculdade, para quando sair do hospital, para quando o Brasil tiver melhor… para um evento futuro.

Alguns vivem a felicidade negociada. Aquela que nos faz abandonar a nossa felicidade por uma bandeira ideológica, por causa de uma pessoa, devido a um trabalho, por um bem coletivo, por razão de um sacrifício existencial.

Para fechar essa conta, temos que colocar no balanço as felicidades simples. Fechar um novo negócio, sentir-se finalmente útil, recebe um elogio de quem nunca te disse oi, achar dinheiro no moletom, ver seu filho dizer algo inteligente, descobrir um amor enterrado, mudar de profissão, dormir sem hora para acordar, ter água gelada na geladeira depois de uma corrida.

Pode ser comprar uma viagem. Ou melhor, comprar uma viagem com cupom de desconto para o destino que sonhou. Descobrir um novo hobby, se interessar por certas coisas e descobrir que envelheceu, conseguir fazer um origami, não se acostumar com o mendigos e crianças nas ruas.

A felicidade só está fora de moda quando não alimentamos prazeres secretos. Ter a sorte de ler um livro muito bom. Ouvir repetidas vezes a mesma música. Entrar num cinema com doces das Americanas. Um travesseiro da NASA. Um final de semana na fazenda como desculpa para não te encontrarem.

Na falta de um estilo de felicidade, abuse do Boho chic. Use um boudoir de pequenos prazeres. O segredo da felicidade é high-low. É misturar menos com mais. Altos com baixos e desfilar. Às vezes, hype. Por vezes, vintage.

Seja feliz por enlouquecer sempre que der. Seja feliz sem fazer de algo sua única fonte de felicidade.

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Queimando o cérebro no altar da ingenuidade

O feriado é o único lugar em que o brasileiro quer realmente morar. É por lá que temos um bom indulto para vagabundear sem culpa. Com a maior precisão aritmética, o brasileiro contabiliza dias rumo à uma folga exemplar.

Nada mais humano que a matemática da vadiagem. Mas entendo, a gente está vivendo o massacre do vício de parecer importante, ocupado e produtivo. Daí a impressão que só um alivio de um recesso pode nos salvar disso tudo.

Há muita expectativa no feriado. A esperança de que podemos ali, finalmente, escolher o que fazer com nosso tempo. Nada mais luxuoso do que poder definir como vamos desperdiçar nossas horas. E tem mais, o feriado bom é o prolongado. Daqueles que assassinam quatro ou cinco dias.

Este fato acontece porque a gente, no fundo, se sente mal em ter que viver em um mundo com avalanche de obrigações, excesso de informações e tudo isso rodando na velocidade máxima. No fundo, a gente sabe que essa vida que levamos pode ser a mais pura perda de tempo.

O fato é que um dia desses, em uma folga mais frouxa que o normal, acabei me rendendo a típica atração primitiva do ser humano de se embrenhar no meio de um mato qualquer em busca por uma aventura. Tem algo de mágico e redentor na busca de uma ducha gélida de cachoeira.

No meio do caminho de volta, acabamos sentando perto de umas pedras rústicas para fazer um lanche. Num absoluto silêncio catedrático e diante da paisagem indescritível, uma amiga — mais ligada a essa coisa da natureza — acabou por suspirar alto e dizer:

— Ai gente… Pena que amanhã a gente tem que voltar para a realidade né?

Num súbito surto de sanidade, tive um lapso imparável de lucidez. Balbuciei baixinho mas audível:

— Não, na verdade, não.

Todos me olharam de maneira sincronizada com um afrontar de dúvida, mas sem saber ao certo do que eu estava falando. Continuei:

— O fato é que neste lugar está a realidade. A cidade é que foi inventada. Reparem bem, a ideia de cidade vem com o fato de que o homem precisava se sentir seguro para combater os perigos imprevisíveis da natureza e também a nossa própria barbárie por ter. Quando nos vimos no cenário do imponderável, precisamos nos isolar, controlar e administrar as coisas. Mas, a gente foi feito pra isso. Por isso a gente busca isso aqui. Por isso a gente se sente bem aqui. A cidade inventou a rejeição do óbvio concreto, para criar uma nova perspectiva de realidade criada.

Aquela verdade fez com que ficássemos estagnados por uns segundos. Eu mesmo não tinha ainda absolvido tudo aquilo acabara de dizer. De repente, todos se deram conta do que estava acontecendo ali. Descobrimos que somos humanos, portanto, sentimos o mundo gritar a nossa volta.

Quando me percebi minha boca já tinha ganhado vida própria e não se calava:

— A verdade é que… os prédios são inventados, o transito é um acordo, os trabalhos formais é que são criados e mudados, e toda essa realidade com muros bem delimitados, leis bem pontuadas, hábitos bem controlados e rotinas bem desenhadas é que não é a realidade.

Ficamos ali mais alguns minutos tentando engolir esta situação toda. Alguém decidiu, num ato de coragem, levantar-se e lembrar que estava escurecendo e que precisávamos voltar antes. Viemos quietos o caminho todo de volta. Passos curtos até a área dos chalés com aquela denuncia que eu fizera ecoando quase sem querer.

Passado alguns dias, uma das pessoas que estava comigo nesse episódio me confessou de que aquela conversa havia realmente a libertado da loucura de ver a vida na cidade como a única possibilidade de realidades.

Deixou escapar que a vida que ela levava não era suficiente e não queria mais viver sujeita a toda essa troca de sentidos. Eu fiz silêncio. Ela me perguntou:

— Será que ainda dá tempo de retomar essa consciência?

Só deu tempo de terminar de tomar minha cerveja numa golada e dizer para ela:

— Aproveite a cidade para escarnecer dos que acreditam que nela está toda felicidade possível, mas sirva-se de doses de natureza para não perder de dimensão que a vida é muito mais que asfalto, dinheiro e bens.

A vida não pode se resumir a morrer cinco dias e viver outros dois. Não podemos apenas ter vida de feriados em feriados, de sextas em sextas, de intervalos e intervalos. Precisamos aprender como podemos viver a ilusão inescapável a mesmo tempo que priorizamos a qualidade da realidade.

Não dá para fingir que não aprendemos com aquela experiência. O mundo não é feito de chavões de CEO, de frases-feitas de slogan de banco, de papos clichês sobre o quanto precisamos de dinheiro, dos estereótipos de sucesso ou qualquer outra coisa que queira chamá-los.

A consciência existe para que um sujeito que não refletiu com coragem possa obter o mais importante elemento do ser humano: A habilidade de pensar e mudar sua vida. Não seja ingênuo de sacrificar o cérebro.

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Essa tal vulnerabilidade disfarçada esconde a nossa realidade mais profundamente essencial

Ora, ora, se não são as consequências da minha autossabotagem. Bem em minha frente. É como naqueles filmes de máfia em que um personagem carrancudo olha para seu inimigo no estilo mais Clint Eastwood possível e diz: parece que nos encontramos novamente, não é mesmo, Mr. Sabotage?

Num olhar pretensioso, flerto diariamente com a incapacidade de evitar o boicote da minha mente a mim mesmo. Vacilo na esperança de que um dia, eu e essa mania de destruir as próprias motivações, possamos ser apenas bons amigos pacíficos.

No contexto de bombardeamento de más notícias, de crescente listagem de perdas e ilhado nas suas próprias rotinas e com a liberdade de uma calçada vazia sequestrada, surge um sinal vagaroso e finito de desespero, acabando por me dar a condição de flagrar-me totalmente preso à arbitrariedade da negligência, ao desinteresse da indiferença e à indolência da inércia.

Ser vulnerável o suficiente para descobrir-se

Descubro que é inútil esperar mudanças voluntárias. E por mais que em determinadas circunstâncias, progrida um desejo de enxergar-me caminhando na direção de uma sanidade recreativa, sinto a natural inibição passiva em defender abertamente uma falsa sanidade de ser.

Permiti-me criar um discurso anti si-próprio, explicitando o desmonte implícito da minha consciência, monopolizando todas minhas maiores ignorâncias pessoais e martirizando-me no altar da divina incapacidade de ser alguém melhor.

Percebo, constrangido, como é inútil proclamar uma suposta superação de coisas tão presentes. A precoce imaturidade diante de tentar afirmar uma superioridade nos empurra para um lugar de desordem moral.

Ter sanidade, não é somente uma questão tecnicamente médica, academicamente constatável, mas principalmente, notavelmente interna e prática.

Se cada um admitir um pouco da sua falta de estabilidade, tudo pode funcionar melhor. Continuar pensando que a negação evidente das mazelas é o próprio bem, faz com que cheguemos a única conclusão clara de que de todos os pecados o mais eficiente é o da mentira.

Em uma desilusão interminável, perdoaremos tudo sem notar o dolo, transformando o dano em uma total ineficiência didática, ficando somente com o prejuízo, como se for o preço da fraude fosse sempre uma insensatez alienação de si mesmo.

Ser vulnerável para aprender a observar o primordial

É inútil afirmar o oposto do que sentimos. Quando não se entende que o senso de inexatidão humano deixamos escapar que ele só veio incorporar e perpetuar os limites claros da vida.

Quem pretende esconder-se da sua incapacidade de absorver toda suas falhas carrega consigo uma força espontânea que não protege ou fortalece as raízes mais expostas da sua alma.

Colocar-se no lugar de auto-analise, afasta de si próprio os mitos clássicos da sua laicidade mental e pessoal.

É péssimo esconder-se de si e do mundo em uma tentativa de defender uma imagem ilibada e fortalecida. Mesmo que todos os nossos valores associados sejam nobres, quando no plano mais profundo da nossas relações cedemos às pressões e chantagens de um mundo que exige perfeição pública, estamos, na verdade, esperando progresso contando com aquilo que o outro não têm nem para si próprio.

A única aliança verdadeira é que faz consigo mesmo. As filosofias que prometem estabilidade emocional, que empurram frases prontas como mantra, que mascaram suas pretensões comerciais no bojo de uma cultura do “sentir-se bem o tempo inteiro” são hesitante e ambígua, portanto, devem ser mantidas distantes e não em banho-maria até que se revelem.

Ser vulnerável para ter coragem de ser

A causa fundamental que temos para ocultar realidades óbvias, mora no acovardamento da própria coragem em defender os valores pessoais e num esforço não-calculado de produzir exatamente um resultado claro: a ascensão de um mundo de aparências que forma uma maré enorme de fingimentos e simulações.

Ao mesmo tempo, em que a fragilidade gera uma mudança radical na percepção interna de si, ela não nos deixa olhar para uma falsa restauração do mundo nos fazendo mobilizar ações em favor de uma consciência necessária:

Ser seduzido pela falsa ideia de perfeição e de um mundo restaurado recobre o ser humano e a realidade de uma imagem falsamente inofensiva, caritativa e enganosamente benemérita.

É inútil, portanto, lutar pela restauração de uma mente sensata sem exigir de si mesmo um pouco de vulnerabilidade. Não podemos andar desarmados da percepção coerente da vida, confusos com nossas próprias falsas impressões, lutando contra os próprios olhos e menosprezando os inimigos notórios.

Alimentando uma imagem ingênua de si não haverá esperança para o amadurecimento. E sem um profundo revigoramento da própria coragem de errar, não haverá gente humanamente inteira.

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O que ninguém te conta sobre estar ficando mais velho

Completo 30 anos hoje. É o exato limiar de mudança entre a inocente agressividade da juventude e a responsável postura senil das convicções. Enfrento uma insegura, mas boa fase da vida.

De repente, me dou conta que estou mais perto dos 30 que dos 20. E não há absolutamente nenhum prejuízo nisso. (A não ser aparentes dores inexplicáveis nas articulações, a indisposição crescente para domingos e a obsessão pelas busca das cadeiras em locais públicos).

Eu ainda sou jovem, mas não me deixo enganar com a cínica promoção que se faz do mundo juvenil. O tal do “poder jovem” é uma tremenda farsa filosófica. É o novo jeito de disfarçar a ingenuidade da inexperiência e esconder a amadorismo efetivo da incompetência.

A maturidade equilibrada

Na minha primeira infância, o adulto era o único digno de admiração. O portador da fala máxima. A entidade mais absoluta. Eu tinha um fascínio pelos adultos, especialmente os mais velhos. 

Queria o heroísmo dos cabelos brancos, a convicção pontual das frases, a indosada autonomia de fala espontânea, os dedos surrados e levantados durante uma conversa, a pausa interminavelmente longa entre palavras e o jeito surpreendente de estar sempre certo.

Hoje, o jovem é o mais exaltado protagonista. A voz do velho perdeu-se no superlativo jeito de olharmos para a juventude. Até os tradicionais bancos querem parecer jovem para agradar. Ser — ou parecer —  jovem é o novo atestado de popularidade.

Lembro de um amigo, que é um jovem pai, me contando que o seu filho, que não tem nem 5 anos, ia escolher o destino para onde a família ia passar férias. Um cheque em banco para torná-lo um mimado. O sujeito que mal limpa as calças sozinho arbitrando sobre os pais com facilidade.

Parece exagero, mas as crianças estão governando suas casas. São ditadores com bochechas fofos. Sua sorrateira leveza, suas mãos gordinhas e suas bocas sem dente tem um peso de um AI-5. Ser criança é ainda mais fácil que ser jovem. Todos amam o déspota chorão.

Há quem argumente que os tempos mudaram. E é legitimamente verdadeira esta frase, mas vale a pena refletir hoje sobre olharmos para um momento da vida em que os velhos tinham seus espaços nas mesas de conversas sem ter netos virando os olhos nas suas repetidas histórias, que a paciência com a vagarosidade típica da idade era só uma questão de educação, que a compaixão pela antiguidade era sinal de respeito, aprendizado e sabedoria.

A vantagem das três dezenas

Recebo as três décadas com mais respeito reverente a velhice. Mesmo ainda sendo jovem, não nego: Aumentar a idade é ser mais vulnerável ao ostracismo.

O jovem é a nova carta marcada das sociedades. Ao ancião, cabe apenas a convivência com as novas gerações, como se isso, por si só fosse o próprio rejuvenescimento do pensamento. O velho tem que engolir seco. E, sabemos que não há nada mais arrogante do que o jovem.

O peso das histórias perdeu espaço pra o viciante senso de progressismo de meia dúzia de leituras isoladas, as experiências antigas são menosprezadas pela obsessão da “revolução” que não vai a lugar algum, e a maturidade — sacrificada no altar da idade —  se confunde com o fetiche pelo discurso da vivência irresponsável da juventude.

Não descarto o papel do jovem. De certo modo, são importantes para desenvolver a inteligência coletiva e o senso de mudança daquilo que já não funciona mais. São pontos de equilíbrio entre o obsoleto e as novas maneiras de olhar a realidade.

A minha birra reside precisamente no desmérito das virtudes do mais velho. A juventude está liquidando a tradição como se ela não tivesse nenhuma importância. O meu medo, e por isso advogo aqui, é que daqui um tempo, o mundo seja apenas formado pela imbecilidade profunda da mocidade erroneamente idolatrada. 

Nunca podemos esquecer que há valor na idade, há grandeza na tradição, há importância fundamental na herança cultural, na memória e no legado de uma geração passada. 

Os meus quase trinta não representam absolutamente nada diante da história do mundo, quando eu cheguei, o mundo já era mundo. Espero que os próximos trinta possam dizer se aprendi a viver ou não. Espero que chegue lá com a serenidade monumental de um velho e com a energia transformadora de uma criança.

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Conheci alguém e estamos perdidamente apaixonados

Não é de hoje que faço deste lugar meu confessionário com platéia. Um lugar próprio para admitir. E começo: Estou oficialmente dentro de um romance profundo.

Eu juro que realmente tentei resistir ao sentimento de entrega, no entanto, existe inevitavelmente algo bem mais forte que nos empurra para uma relação mais séria. Há uma conexão imperiosa ao ponto de não julgar conseguir mais me ver longe dela.

Acabamos nos conhecendo naquelas ocasiões da vida em que o acaso é só uma questão de oportunidade. Não lembro bem, mas foi há um bom tempo atrás. Viramos noites inteiras em conversas intermináveis como quem não se importa de esticar cada milímetro de segundo.

Foi aquele amor clássico. Originado na mais pura amizade. Sempre que cruzo com ela, tenho a sensação de arrebatamento profundo. Ela ofereceu-me um pouco mais de atenção do que a maioria, dá-me voluntariamente seu colo para deitar e, por alguns minutos envolve-me com um abraço interminável.

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Há nela a qualidade fundamental de deixar-me reclamar da vida sem sequer me julgar. Nem por um instante. Fica sempre parada ouvindo-me atentamente pronunciar as mais heréticas objeções à vida. Às vezes, ela mesmo é minha maior cúmplice em delatar o mundo numa meia dúzia de ofensas.

Inúmeras vezes, ela fez-me chorar, mas sempre diante do belo. Pôs-me a soluçar com suas soluções entorpecentes, me colocou diante de mim como quem aproxima uma lupa sobre a alma e aponta dizendo: “Tá vendo bem ali, ali tem uma coisinha mal resolvida que não reparou ainda. Vale a pena ver isso, não é?”

Quando me vejo totalmente neurótico, compulsivamente caótico, sua presença confortável faz-me olhar de frente. Agora, passamos da fase dos flertes intermináveis. Estamos num amor maduro. De lençóis abarrotados. De suspiros longos.

Fiquei viciado em sua companhia. Tento a encaixar em qualquer programa que faço. A levo para todos os lados. Meus amigos me alertam de que isso pode sair um pouco do controle no futuro e que talvez seja um pouco doentio, mas não me importo, simplesmente não estou nem aí, fico confortável na frente dela.

A cada filme que assistimos juntos, a cada música que dividimos a playlist, a cada peça que rimos ou choramos enquanto nos entreolhamos, eu descubro mais sobre como somos completos. No feriado passado, zeramos juntos uma série do Netflix. O tradicional amor pós-moderno. A arte e o gosto pelo primor é a nossa principal ligação.

O caso já virou sério. Foi nela que depositei toda a minha falta de significado. Ela nunca deu-me a entender que não era capaz de ser fiel, ela simplesmente me procura insistentemente nos momentos complicados e me faz pensar que a sua companhia é absoluta na minha vida.

Ela me confessou outro dia que não é o primeiro escritor que se encanta por elas. Estamos apaixonados. Perdidamente entrelaçados.

Te amarei para sempre, Melancolia.

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Às vezes, é preciso ir embora de si, mas voltar sempre

Só por algumas vezes, precisamos nos ausentar um pouco dos nossos pensamentos mais frequentes. Não digo fugir, mas tomar aquela distância proposital. Achar um jeito viável de partir pra longe sem avisá-los. E voltar quando der.

No ambiente que mora nossas ideias não tem uma sacada grande para escorar uma cadeira, abrir a janela por inteiro e ficar tomando um ar sem pretensão alguma. Está sempre lotado, precisando de limpeza e apertado.

Talvez eu esteja errado a respeito da vida, mas talvez essa coisa toda de viver seja apenas um jogo no qual eu ainda não comecei a jogar. Parece-me bastante exaustivo estar sempre lutando contra algo, mas por todos os lados, vemos gente em conflito. Agem como um cão de guarda na porta de um cofre frágil.

E nessa batalha inglória por parecer mais nobre, mais inteligente, mais valoroso, mais influente, a gente acostuma a importar-se apenas em como nessa imagem deveria ser para os outros.

A verdade é que nunca seremos capazes de transmitir nada aos outros além do que as outras pessoas querem ver a nosso respeito.

Ninguém nunca vai nos conhecer de verdade. Não na nossa totalidade. E a razão mais óbvia e simples é que estão ocupadas demais sendo aquilo que projetaram sobre si. Sem renegociações. Sem abrir exceções. Sem o direito de repensar-se.

Aqueles que têm a melhor chance de nos conhecer, e que poderiam tentar nos entender, limitam-se a ouvir seus egoísmos e preconceitos, estão preocupados convivendo apenas com suas próprias ideias. Tomando um chá de comadre com suas certezas solúveis.

Algumas pessoas não suportam e se vão. Quando a gente começa a ser a gente mesmo, uma quantidade enorme de pessoas passam a nos conhecer verdadeiramente. E temem. Morrem de medo de não sermos o que elas acreditavam que fôssemos. Escondem-se no porão da sua arrogância.

Deixamos elas irem. Nós mesmo perdemos o contato de pessoas por preguiça, por descuido, por escolha ou por falta de paciência com coisas pequenas. E ganhamos uma dúvida monumental sobre como foi que estivemos ali antes. Quase nunca sabemos responder.

Eu escrevo porque, às vezes, quero apenas ir embora de mim. Esta é a melhor maneira que encontrei de saber como eu mesmo sou.

Talvez seja por isso que escrevo tanto — eu provavelmente faço muita coisa até mais do que eu mesmo imagino — para me descobrir aos poucos, mas sem a pretensão de controlar a percepção que as pessoas têm de mim. Eu tento.

Não me importo em expôr as dores mais singelas que me invadem, mas também em dizer categoricamente as pequenas bençãos do dia-dia. Escrever é vomitar para curar. É ser capaz de espelhar-se para si.

Tudo que faço é tentar fazer dessa merda toda de alinhar palavras e reunir parágrafos um reflexo de quem eu sou. Na maioria das vezes, eu consigo chegar perto. Quando estou longe demais, eu volto.

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O valor mental que custa ter um sonho

Quem sonha carrega dentro de si uma esperança teimosa. Insistente no que não há mais o que acreditar. Todo mundo tem dentro de si uma voz-guia que quer sair do cárcere, mas não importa quanto ela esperneie dentro da gente, é sempre arrancada dela a possibilidade de falar.

Como uma criança chorona e birrenta, o sonhador dorme no canto do quarto de tanto se debater. Vencido pela insignificância de quem não pode ser visto. É penalizado pelo castigo de ter uma obsessão.

Despeja na pia um litro inteiro de qualquer coragem. Em água corrente, desperdiça a valentia que se mistura na inconstante liquidez do que ainda não existe. Assiste o anseio ir embora num anonimato de quem nunca existiu. Fraqueja e deixa os enrolados tapetes das etiquetas acabar consigo. Deixa um ruína lacunar lhe arregalar os olhos.

Como um pai severo, deixa o ânimo se divertir um pouco nos melhores dias, em que se distrai da evidente e robusta marca do cansaço. Implora para que a fadiga não fique parada na frente, impedindo-o de sentir um pouco do som do lado de lá.

Depois, coloca cada pedaço da própria petulância de volta em seu lugar. Canta um pouco, mesmo rouco. Assovia para ter lá dentro um pouco de vida. E num pacto secreto com sua alma, combina que é isso que um homem tem de fazer. Não deixa a vida ser esmagada pelas frias constatações.

Fica atento para qualquer caminho. Ainda há luz. Pode não ser muito, mas clareia a escuridão. Vagarosamente, ela oferece oportunidades de ver a si mesmo. Reconhece e agarra-se. Desarmado, luta do próprio punho para vencer a morte durante a própria vida.

E quanto mais anda em direção de um sonho mais aprende a fazer disso um caminhar calmo. Um soco em câmera lenta surge. Enquanto ela ainda é sua, aproveita a vida. Recolhe os ossos inconsumíveis e coloca na mente, às vezes, um alento para sua alma. Não faz mal blasfemar, mas contra a parede ninguém é totalmente são.

Rasteja-se para dentro do que realmente o protege enquanto lá fora não tem calmaria. Faz do leito, um confessionário à céu aberto. Dorme sobre a sua própria carne cobrindo os olhos do espelho ao lado, mas ao levantar pela manhã, tem o brio de reparar cada detalhes da sua alma.

Não está amarrado ao destino. A chance de escolher é sua fatalidade. Ninguém nunca encontra, na primeira oportunidade, um par ideal par sua aventura. Vasculha as lixeiras atrás de reciclar o que ainda dá. Procura nos hospícios qualquer razão, e nas sepulturas, qualquer lição.

Frequenta-se. Nada mais indicado que tomar um chá consigo. Se não sair de si entre uma bicada e outra do copo, pega uma colher e mexe até dissolver o resto do açúcar no fundo. Nem tudo precisa ser insosso.

Acalma o traseiro no assento enquanto todo mundo corre. E a menos que te perguntem, finge loucura. Cai no mais absoluto cinismo. Ouve o coração, mas nem tanto. Fuça na sua cabeça atrás de aparar arestas. Nunca. Nunca traiu sua boca. Deixa suas entranhas retorcerem.

Procura palavras, mas não confia nas primeiras ideias. Se o dinheiro vier lhe assombrar, manda ele ir à merda. Rascunha novas direções todo dia. Não copia. Reescreve. Cada parágrafo. Outra. Outra vez. Mesmo que dê trabalho.

Se tem que esperar algo acontecer, trai a voz do mundo. Pacientemente, sai gritando ciente de que a loucura é seu novo selo. Ignora o primeiro amor para amar. Desdenha das más experiências. Nunca consulta seus pais, se não está preparado.

Não é como todos. Não acompanha os milhares que se consideram qualquer coisa importante. Vira chato com quem lhe aborrece. É invariavelmente pedante com quem se acostuma com a auto-devoção. Esconde-se em algum lugar. De preferência na biblioteca.

Não dispara mísseis em direção de inocentes, sobre nenhuma hipótese cria uma guerra, mas não esconde o arsenal. Deixa-o como enfeite. Porque a obsessão o levará a loucura. Não faz nada, a menos que tenha uma varanda para deixar o sol entrar e queimar as suas involuntariedades.

Quando pensa na altura que quer estar, é arrogante. E faz da mesquinharia um esporte escolhido. Não acredita em nenhum elogio para que não morra em si. Nunca aplaude um discurso sobre si próprio. É ferrenho contra si.

E durante os piores momentos, mantém um bem-estar suficiente para contentar-se com quem quer que esteja diante de si. Visita um psiquiatra só para contestá-lo de vez em quando. Omite-se do mundo, mas nunca do seu confidente.

Desiste da fábrica de paranoias que alimenta. Arruma brigas proporcionais às ressacas. Está ocupado com o que vale a pena. Dorme no tapete como quem é vencido pelo cansativo modo de aprender. Esqueça este monte de coisa nenhuma que todos valorizam.

O custo mental de um sonhador é saber que é muito fácil parecer idiota tentando ser alguém que não se é. Por isso, tenha um resto de honestidade interior que não o obrigue a fingir que é aquilo que não é. Se você é um sonhador, saia logo dessa merda de lugar e vá. Seja quantos fracassos precisar ser. Tenha consistência.

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Já passou da hora de você entender que ser importante é bem melhor do que ser famoso

Há uns doze anos atrás, quando eu comecei a escrever e postar na internet, tinha uma esperança de que um dia eu seria descoberto por um agente, ou por uma editora, e assim, teria a possibilidade publicar diversos textos para alcançar muitas pessoas pelo mundo.

Muito tempo se passou e depois de anos de experiência publicando minhas ideias em lugares como este, achei uma profissão e boa parte da minha vida mudou pra melhor.

Tive a honra de ganhar alguns reconhecimentos e pude sentei em mesas importantes, comprei coisas que sempre sonhei, tive acesso a realidades que jamais teria pensado mas não posso dizer que cheguei no topo.

Parênteses necessários. Não tenho a ilusão de acreditar que o topo é alcançável e, assim, o único lugar que se pode gozar da boa vida. Existem realidades em que a felicidade é perceptível, aparente e consistente sem ao menos estar no mesmo ambiente do ápice que a gente sonhou em estar. Fecha parênteses.

A influência é mais que números estrondosos

Apesar de ter algum reconhecimento dentro de nichos específicos de públicos por ter participado de inúmeros projetos enormes de sucesso, não posso dizer que sou famoso. O estrelato é algo para poucos lunáticos.

Embora eu não tenha um caminhão de dinheiro disponível para cometer luxos passionais, tenho conquistado muita coisa que jamais imaginei que teria e paguei todas as minhas contas nestes últimos anos apenas com o trabalho como escritor e especialista em produção de conteúdo.

E mesmo depois de ter conquistado um determinado público fiel, de ter escrito centenas de artigos que, sem dúvida, entregaram ferramentas para as pessoas saírem do lugar-comum, para se analisar e progredir como pessoas, continuo falando da minha mensagem como um arma afinada para mudar a vida das pessoas.

Não tenho a fama que gostaria, o dinheiro que me blindaria e nem o reconhecimento suficiente para me considerar um atípico fenômeno, mas posso dize que ajudei a mudar a vida de muita gente para melhor. E elas quem me bancam.

Foi então, que uma ficha caiu na minha mente: Essa realidade de aparência começa a se desfazer bem na nossa frente, quando percebemos que apenas ter alcance não é o suficiente. É preciso ter uma mensagem forte.

É justamente isto o que falta em que produz produtos, vende serviços e atende pessoas. Muitas empresas, pessoas e instituições estão apenas reproduzindo ideias e carregando uma mensagem a reboque. São uma espécie de guincho de discursos alheios. Não tem o que dizer pois são apenas papagaios dos demais.

Quando digo para portar uma mensagem, não me refiro a se ater às pautas pacifistas, as questões sociais, a construção de utopias irreversíveis, mas em realmente tem uma tônica voz sobre o mundo e ser capaz de sustentar isso.

A coerência e a importante de ter uma voz

Sempre que me procuram para me perguntar algo sobre este tema ou para me contratar por algum trabalho específico de consultoria ou conteúdo, eu arremesso no meio do peito, como um tiro, uma pergunta fundamental:

Para que você está fazendo este trabalho?

Longe de mim ficar fazendo elucubrações filosóficas que não aderem a realidade existencial como uma criança inocente que acredita num mundo cor-de-rosa.

Sei bem que a maioria de nós apenas quer ser se sentir ouvido, valorizado e reconhecido pelo trabalho que faz e ter a condição de sustentar seus desejos e expectativas mais internas com o sustento provido de algum talento.

A questão do meu ponto aqui está mais ligada as motivações que estão por trás de tudo que fazemos. Por que é importante saber responder isso? Bem, pra começar, pelo simples fato de que toda ação nossa é pautada em um pensamento.

É hilariante para mim ver as pessoas sem resposta diante dessa pergunta. Isso porque a maioria de nós entra na onda de alguma hype do momento sem nem se preocupar em entender o melhor caminho para isso. O motivo pelo qual fazemos as coisas tem que ser o fomento que nos tornará mais móvel.

Nesse sentido, entender os estímulos que nos fazem seguir adiante com uma nova ideia é o que será levado em conta para nos dar um impulso no sentido daquela coragem.

Lembro da garota que me contou de maneira surpresa que eu a havia livrado de cometer um suicídio depois que ela leu um texto sobre luto. Uma outra pessoa que me segredou que ajudei ela a compreender que o relacionamento dela não tinha chegado ao fim, apenas precisavam se reajustar.

São dessas histórias que alimento o meu constante desânimo faminto. A minha mensagem está não só na minha capacidade viralizar um texto e ficar famoso, mas principalmente de evidenciar o efeito impactante que consigo ter nas vidas.

Transportando uma ideia significativa

Um outro grande erro de quem quer tornar-se uma referência em alguma coisa é acreditar que pode se pode ter expressividade sem entender o que exatamente as pessoas estão consumindo e indo atrás de saber.

O que você realmente transmite com tudo que faz? É preciso ir atrás das respostas das perguntas que as pessoas estão se fazendo e ajudá-las a resolver dilemas.

Como exatamente você vai servir as pessoas com a densidade e a realidade que elas demandam? Acredito mesmo que o conteúdo está nas motivações secretas. E todo mundo tem que admitir que seus projetos de fracasso normalmente estão associados a algumas motivações nada importantes para terceiros.

Toda marca tem uma mensagem. Conheça ela ou não. Toda fala leva para um lugar. Seja consciente ou não. Toda frase tem um alvo certo. Propositalmente ou não. Todo profissional é um contador de histórias. Mesmo que não tenha se dado conta ainda.

Temos que entende como realmente estamos criando conteúdos e como gerar meio de ampliar maximamente o potencial, o efeito e a penetrabilidade deles de acordo com a mensagem essencial ao público.

Digo isso porque sempre vejo gente dizer que precisa realmente aprender a contar boas histórias, mas ter medo de investir neste conhecimento. Adiar o aprendizado sobre as ferramentas úteis para comunicar-se de maneira efetiva, é deixar de lado o seu papel na evolução da sua audiência.

Tentar se livrar da obrigação de ter que atualizar-se e aprender mais sobre como contar histórias num mundo moderno e cheio de informação excessiva é consentir diante da ignorância e recusar a oferta fazer o seu trabalho de uma maneira bem mais significativa e eficiente.

A lucratividade está na capacidade de falar com pessoas, ouvir história e fazê-las sentir com a gente. Nosso verdadeiro salário não está apenas numa venda bem feita, mas na capacidade que tivermos de continuar satisfazendo clientes e seus sentimentos.

Não preocupe-se em concluir um trabalho, mas atenta-se na ambição de ser realmente um agente inesquecível para todos que cruza.

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É assim que eu me sinto aqui

Ando na rua sufocado. Com o ar enclausurado no peito e a alma livre pra blasfemar contra o mundo. Percebo o vento cortar meu nariz na fragrância balsâmica da coragem, corroída pelo iminente medo.

Sinto na nuca uma presença constante do privilégio me dizendo verdades cruas. Não escondo nos tapetes da emoção, a minha angustia diante do sofrimento de outros, mas não desanimo no olho a olho com as pequenas felicidades.

Este mundo é um lugar inacabado e a culpa é de ninguém. Tenho a impressão de que estou diante de um lugar que o sangue e os ossos valem mais que as rosas no meio do canteiro.

Sinto, e não estou sozinho nessa sensação, que estou completamente quebrado. Tenho algumas fraturas leves que tentam anular a beleza pedagógica da vida. É como se diante do mel, meu paladar tivesse acostumado com o sabor picante da severidade da agonia.

Forço o pulso para grifar os motivos pelos quais a alegria pode ser visível, mas escuto ao redor um cochicho alto falando merda. Vago pela mente, noto bem que os motivos são distintos e me pergunto que diabos essas perguntas fazem ali.

Questiono o que eu deveria pensar então já que todos dizem não ser assim tão ruim. Pergunto mas sem me preocupar em responder agora. Penso em sair correndo, mas descubro que mal consigo andar por essas linhas e me equilibrando na ponta do pé.

Sinto a sutileza do mundo sendo generosa sempre que algo ruim acontece. Aperto o passo em direção de sei lá qual destino. Num vacilo, escorrego num pedregulho da estrada e me esborracho nos motivos mais improváveis.

É verdade que assisti vir pra minha vida muita coisa incrível. Estou num lugar confortável e mesmo assim parece tudo irreal. Nunca me senti tão bem onde estou, mas sei que isso não é tudo.

Os pensamentos me contam que somados nenhum mal é pra sempre, que a felicidade é sim ter o suficiente. Prefiro apostar no na lucidez do tempo, olhar para o sol brilhando sem culpa e consultar a calmaria do horizonte sem fim.

Aqui, as paredes esmagam minha mente. Sinto a imaginação mais larga lá fora. Eu espero apenas não perder ela de vista. Eu tenho asas indirigíveis. Movimento-me rápido no mesmo tempo em que o relógio esconde-se de mim.

Molho minhas mãos como sementes que podem crescer e gerar frutos. Jogo água no rosto como se esse sono tivesse que passar. Rego minha mente com coisas saudáveis para que cresça e esconda as fissuras evidentes.

Amo tudo que parece bobo. Toco de ouvido a sinfonia da vida como músicas dedilhadas sem qualquer platéia. O silêncio anula-se dentro de mim. Isso que importa. Fico perto de mim, encolhido, cada vez que um som ameaça aproximar-se.

Salto bem alto mesmo sem que haja alguém para segurar a mão e caio no mesmo lugar de antes como se a altura fosse somente um passeio que tende a deixar a gente no mesmo lugar.

Guardo-me no cofre e coloco bem no meio da vitrine das inseguranças. Tenho a atenção que preciso, mas me coloco para fora da possibilidade de explorar o universo. A minha volta, quero apenas o que preciso. Volto a origem.

Incluo-me na companhia e no tempo de muita gente. Circulo alternativas que não me agradam. Vivo um tédio empolgante. Lembro de quando o dinheiro faltava e agora corro atrás dele como quem não entende o que mudou.

Olho a volta e me assusto com o quanto conquistei. Vejo meu circuito de pessoas morrer por não esconder aquilo que penso. No entanto, eu nunca brinquei com o que penso. Nunca me trai. Olho pra tudo e espero que tudo fique bem. Porque vai ficar.

Eu tenho asas indirigíveis. É assim que me sinto aqui.

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O melhor presente que seu irmão poderia te dar novamente

Guto, meu brother.

Na sala de espera, eu comentei com seu pai: “Estou ficando careca, cara”. Ele me retrucou: “Eu também, bicho” apontando para ao topo da cabeça sem notar que já não era mais questão de estar ficando. Era de já estar sem parte do cabelo.

Olhei em volta, vi seu avô, seu outro tio e seu pai reunidos ali e me senti um tio. Daqueles legítimos. Notei a barriguinha saliente, mas sem medo de tê-la. O vício em moletom e tênis de correr como única moda. Constatei as crescentes infames piadas aos domingos e surpreendi-me. Sou um tio.

Encuquei-me com o time que vai torcer, sem me preocupar se vai ser o mesmo que o meu, mas torcendo pra ser. Imaginei a cena te mostrando as músicas que valem a pena, os livros que vão te ajudar para sempre e listando os filmes que ajudaram a gente a ser um pouco melhor.

Você nasceu vizinho do carnaval. Não é a toa. Fizemos duas festas na mesma semana. Não teve absolutamente nenhuma felicidade mais empolgante nesses dias que ter a notícia de que você ia nascer hoje.

Quando a sua irmã nasceu, ano passado, escrevi um texto muito especial pra ela porque eu ainda morava em São Paulo. Por sorte, dessa vez, quando você chegou, eu estava de volta ao Paraná. Aprenda desde já: Os bastidores são igualmente importantes que o show.

Deixa eu te contar umas coisas. Provavelmente você vai ler isso só daqui uns anos, mas não quero deixar morrer essa experiência somente comigo. É importante a gente saber detalhes de onde nós viemos.

Quando você é tio, começa a pensar mais em que tipo de mundo está vindo aí, mas sem se importa com detalhes bobos. Você arranca um otimismo do bolso só para acreditar que o mundo vai ser melhor, mesmo que tudo indique que não, sabe que vai dar tudo certo no fim.

Muita gente diz que é um baita privilégio ser tio e concordo planamente. Podemos ter a licença de ficar apenas com a parte mais legal da coisa toda. Ser tio é pensar sempre como um pai, agir eventualmente como um irmão, mas sem a parte chata da responsabilidade total.

Só tem vantagens. É como uma cobertura do bolo de chocolate. É como ter sempre um sorvete disponível a hora que quiser, mas sem se preocupar se a mãe da gente vai deixar. É como poder comer a sobremesa a qualquer hora sem ter que comer verdura antes, sabe?

Quando eu fui visitar vocês no hospital, sua mãe perguntou se eu queria pegar você no colo. Confesso que eu não estava tão seguro sobre isso, mas mesmo assim, não queria perder a experiência de entender que você nem exige tanto assim de nós.

No fundo, ser tio é conviver com uma tentativa constante de aproximar-se o máximo possível da fragilidade de uma criança que a vida nos coloca na frente e amá-la.

Fiquei olhando seus olhinhos imaginando a vida que passaria diante deles. Notei que sua boca era grande o suficiente para alimentar-se de tudo que precisa. Como seus sonhos. Reparei que teu nariz é exatamente o mesmo do seu pai e da sua irmã. Marca registrada.

Quando eu te vi a primeira vez, comecei a imaginar novamente um amor possível, retomei a acreditar nos detalhes mais bobocas da vida e a sonhar com tudo que poderíamos viver juntos.

Não importa o quanto você seja mais novo, sempre será o guardião da sua irmã. Isso não quer dizer que ela é fraca, isso quer dizer que ela conta com você para tudo.

Fiquei imaginando sua voz dizendo “tio” com um olhar de curiosidade voluntária de criança e eu tendo que explicar algo sem subestimar a sua capacidade de ver o mundo. Você tem cara de gente inteligente.

Pensei no tanto de segredos que a gente vai preferir não contar para sua mãe, no tanto de roupa suja que vamos acumular e no tanto de vezes que vou reparar o quão rápido você cresceu bem diante dos meus olhos.

Sinto chegando em mim a sensação de todo dia fazer uma prece simples, pedir um bocadinho que seja, pra divindade te olhar. Ficar preocupado pra saber como estão as coisas com você, mas preferir não interferir porque tudo tem seu tempo de digestão. Mesmo assim, conta comigo tá?

Vejo-me desistindo das etiquetas sociais para te ver sorrindo um pouco. Estou disposto a utilizar das armas e armaduras do amor para te cercar. Pegarei-me no flagrante de não resistir ao dar um colo inquieto, a te esmagar num abraço de muitos segundos, a fingir que não me importo em gastar muito dinheiro em um mimo simples e passageiro.

Quero aproveitar os breves períodos que passarmos juntos, sabendo que terei sua companhia para transformar qualquer lugar num mundo a parte de imaginação.

Quero tentar adivinhar o que você está falando naquela idioma próprio que inventar quando começar a falar, quero sentir orgulho das pequenas conquistas que tem e garantir que o tempo inteiro pudemos viver tudo que tínhamos para viver juntos.

Prometo arranjar boas desculpas pra nos divertir com coisas de criança sem ser julgado, pra fazer uns programas legais sempre que der, pra montar cabanas no meio da sala e dizer o que eu acho melhor quando me pedir opinião.

Vou tentar elogiar todos os desenhos de cartões e garranchos que fizer em datas importantes, tentar te ensinar o que me for possível em tempo oportuno, te fazer rir das minhas vozes estranhas em dias ruins e ouvir você dizer coisas hilariantemente esquisitas e não te ridicularizar.

Hoje, você reinaugurou a minha vida. Cuide dos seus pais. Ame a si. Não ligue para o que o mundo diz. Seja foda em tudo que for fazer. Obrigado por, mesmo sem fazer ideia ou falar muita coisa ainda, me dar um sinal claro de que a vida ainda vale a pena. E muito.

Só quero fazer parte da sua história, meu amigo, e estar por perto quando ela não for tão gentil. Hoje, eu vou te amar com tudo que puder. Quando o tio tiver velho, apenas ame esse rabugento como quem entende que ele sempre vai estar do seu lado.
Você sempre será tudo que quiser ser. Então, seja. Te amo.

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Um texto para quem precisa dar um jeito na vida

Ouvi dizer que as feridas sempre cicatrizam. E o que fazer com o rasgo bem no meio da memória? Uma fissura inapagável. Uma marca incorrigível. Reluzentemente cintilante, insuportavelmente intransferível, martelando a mente a cada olhada vacilante.

O registro da dor é, na verdade, permanente. O que se vai é a agonia da dor. Numa carona sem rumo.

Uma lembrança viva que serve como um diploma autografado pela vida. Quase como se fosse para mante acessa a fagulha de um amor, de um lugar, de um momento, de uma pessoa. Sempre tem uma cama limpinha para hospedar uma nova dor passageira.

Gente como a gente — sim, porque se você está aqui tem sua cadeira cativa no mundo da melancolia — que vive não apenas à flor da pele, mas um ramalhete todo, não consegue escapar de todos os encontros inevitáveis com os vestígios que um sinal provoca.

Somos cheios de cicatrizes curadas apenas por um relapso de sanidade temporária, um momento rápido de lucidez, mas que numa hora ou outra, volta a mostrar as suas rigidez emocional. 

São marcas de um tempos que não temos mais, de amores que não aconteceram, de saudades extravagantemente esquisitas e que, por isso, colocamos nossos corações diante da distância inalcançável das nossas mentes.

Paira sobre a gente, então, um cansaço que antecede a busca por quietação. Sobra um pouco de descontração como pausa obrigatória. Uma folga imposta. Uma trégua forçada. Uma “desmorte”, assim, ortograficamente improvisada.

E mesmo que, no fundo, saibamos que não existe dor insuperável, apresenta-se a gente uma cisma com a possibilidade de seguir para o novo

A vida costuma ser cruel com quem sente tudo monumentalmente. Falta saldo disponível para saque para quem sente tudo para sempre.

No final, acaba como uma esperança. Uma solução precária para quem precisa de respostas urgentemente amenizadoras. Aprendemos a comunicar com a gente mesmo num dialeto escasso. 

Aos trancos e barrancos, vamos nos forçando a confiança de novas palavras, novos toques, novos olhares, novos amores, novas experiências para se arrebentar numa esquina que cruzamos sem ver direito.

Vamos ficando ranzinza com a vida. Não deixamos as pessoas saberem que são amadas. Recuamos diante do compromisso. Ignoramos a coragem. Cada insônia, um novo medo. Cada passo, uma nova paranoia. 

Encontramos palavras doces que chacoalham as nossas estruturas e não deixam a gente recuperar o que perdemos no passado. Suamos frio pelos poros da pele tensa. Sentimos o som do narrador da nossa vida rindo. Descontroladamente.

Queremos erguer uma paz dentro da gente, mas só de pensar na poeira que faz uma obra nova, tentamos nos convencer que não vale a pena faxinar a alma numa segunda-feira agitada. Bagunçar é bem menos trabalhoso. Todo mundo tem no coração aquela cadeira que amontoa a roupa suja.

Fingimos cinismo e andamos propositalmente desatentos. Os sinais da vida que lutem para fazer a um outro alguém entrar de fininho na vida da gente. Nunca iludido. Ou melhor, quase nunca. 

Esperamos o o dia em que essa pessoa vai inventar qualquer desculpa para não lidar com a veemência das nossas palavras e a força dos nossos abraços.

“Desculpa qualquer coisa” é o caralho. Volta aqui agora e acerta as merdas que você fez. Me lembro, de repente, que ninguém pode sair de um lugar sem que tenha realmente entrado. Meia dúzia de amassos no carro, alguns amigos e músicas em comum e um par de rodízios de Sushi não faz amores sedimentares. 

Todo passado é curado com um novo tempo. Este texto não é autobiográfico, é como aqueles dias que todo mundo tem que você usufrui da casa inteiramente disponível só para você. 

Vale aproveitar para tirar o lixo para fora ou amassar as caixas de pizza de ontem para caber mais, serve para recolher a pilha de roupas sujas ou apenas comprar mais com o cartão de crédito, serve para revisar seus hábitos tóxicos ou se entupir de qualquer porcaria comestível para afogar a ansiedade, você pode botar o aspirador de pó para funcionar ou ligar a tv num filme idiota do Adam Sandler e admirar a decisão boba acabou de tomar.

Dar um jeito na vida é frequente. É tarefa inacabada e recorrente. Estes parágrafos são apenas um “não pisa aí que não acabei de limpar, cara”.

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Faça uma visita para sua história com a coragem de ver o que precisa

O brasileiro é relapso com sua própria história. Não temos o costume de averiguá-la com importância. Não valorizamos tradições qualquer. Somos o povo que não liga pra memória. E isso realmente nos prejudica a saber-se quem é.

Para longe das teorias de auto-ajuda, eu sempre recomendo, de maneira genuína, que as pessoas revisitem suas histórias com a mesma simpatia que observam a vida das pessoas que admiram.

Qualquer tentativa séria de observar com cuidado a nossa própria vida, repassar por pontos altos e baixos e ponderar certos episódios pode nos ajudar a enxergar-se melhor.

O segredo não é criar heróis e vilões para a gente creditar com bravuras exclusivamente valentes ou descarrilhar um caminhão enorme de culpas. A nossa história é uma colcha de retalhos que nunca está completamente finalizada, mas pode ser um conjunto de belezas e percalços.

Existem muitos métodos para averiguar o passado com o zelo de uma devoção. Não é porque é passado que deve-se desconsiderar sua existência. É o nosso passado um dos professores mais severos que regem uma mestra lição.

Fora dos clichês, o passado é para ser reconhecido e não revivido

A história de qualquer coisa é um organismo vivo, que por vezes, regurgita seu sabor ácido, mas auxilia também não construção de um novo universo de possibilidades. O passado é implicante com quem ignora seu caráter controverso.

Alguns passados precisam de exumação para reavaliar com seriedade determinados pontos e reconsiderar.

No caso dos episódios felizes, vale-se listá-los para entender que nada na vida passou em branco. De alguma forma inexplicável, determinadas datas se apresentam diante de uma janela de sentimentos positivos. Certos cenários nos colocam diante de uma satisfação indecifrável.

A conversa interminável entre passado e futuro

Neste sentido, as duas realidades temporais se prestam a um bate-boca sem fim na nossa cabeça. Tanto a versão cor-de-rosa e lírica da vida como as inúmeras tonalidades foscas nos fazem estar diante de um aprendizado que não tem escola capaz de transportar.

Descobrimos que as dores não foram assim tão dolorosas, que os méritos foram também uma pouco de sorte, que determinadas complexidades se revelaram verdadeiramente simples o suficiente, que toda perfeição também incorria no risco de ser apenas um jogo equilibrado de tecnicidades.

Destapamos as vistas e vemos que o sentido pra vida não está extinto como imaginávamos em outro tempo e que podemos revogar certas disposições.

É um privilégio ser capaz de tirar qualquer nobreza de si e perceber-se como um personagem discutível.

Assim, como cada movimento futuro precisa de uma retaguarda já vivida, vamos crescendo sem aceitar determinadas repetições ineficientes na nossa história. A vida perde o seu sabor romântico e ganha uma perspectiva mais redentora.

Assinamos tratados importantes com a gente mesmo e temos o poder de redimir determinadas manchas, esquecer os borrões desimportantes e seguir numa patrulha mais saudável com a gente mesmo.

A liberdade de olhar para nossa história é um horizonte essencial para nos livras das senzalas que nós mesmo criamos para si. Há quem diga que determinadas marcas teimam em desaparecer e não estão de tudo erradas, mas venerar a nossa história também piora a situação de como a veremos.

Deixar de fazer o exercício de sentar e colocar no papel a nossa história como capítulos de um livro ainda em construção, ou reassistir-la como um filme de cenas escritas por linhas confusas, não nos permite ser.

Não há personagem concreto sem história clara

Pode ser exagero dizer que precisamos olhar para a história das coisas, mas quando temos uma quantidade enorme de pessoas sem saber o que dizer, fazer, ser convém exagerar o reforço. Só com exagero a denúncia aparece: Não sabemos quem somos.

O pior é que muita gente sustenta a legitimidade do autocinismo. Por isto mesmo é preciso também não desmerecer a capacidade do ser humano de não agir diante de uma desmascarada situação.

Ontem, assim como hoje, mais do que olhar para si, é preciso procurar as fundas raízes da alma do passado de tudo e conservar o que é bom. Ao mesmo tempo, ser capaz de encarar o hoje com coragem de progredir.

O valor das histórias é notório. A ideia de notar-se encontra forte resistência em corações acostumados com a maré guiando. É confortável não pensar, mas custa caro. A longo prazo, é uma dívida emocional. Diria até existencial.

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Um diagnóstico breve sobre sua vida e sobre o que acontece no mundo

Eu sei que você tá todo mundo cansado, mas não é de hoje que o mundo passa perrengue. É muita inocência da nossa parte acreditar que este recorte de momento que vivemos é o mais delicado da história. Esse anacronismo aparentemente inocente agiganta a noção individual de opressão.

De qualquer forma, basta olhar ao redor dos diversos mundos que frequentamos — seja ele o mais interno ou até mesmo o que expressa a realidade mais global — para entender que este não tem sido tempos tão fáceis para muita gente. O mundo é hediondo. Age de maneira bárbara com quem tem o luxo de ser nobre.

Sendo um observador mais cuidadoso, podemos notar de maneira nítida que tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo em que sentimos pessoalmente um tédio existencial absurdo.

Em todo canto tem gente agindo bruscamente, outras reagindo passivamente a tudo enquanto uma terceira parte, em menor quantidade, propõe realmente novas possibilidades de existir.

Nosso corpo emocional e nossos sentimentos estão devastadamente confusos em contrapartida a um mundo que tenta parir uma aparência fictícia de felicidade e satisfação. Os radicalismos mais sutis prosperam na mesma velocidade e proporção que o ódio gratuito.

Não damos conta de tudo que precisamos dar

Muita informação surge inesperadamente aos nossos olhos, nos obrigando a dar conta de tudo que acontece a volta com uma urgência impaciente. Paralelo a isso, pagamos caro por uma hora de papo sincero com nosso psicólogo. Adquirimos aplicativos que nos ajudem a meditar no quintal de casa não por luxo, mas por necessidade.

A gente não tá dando conta de tudo. Andamos perdidos nas relações mais simples que sejam, fundamentalmente naquela que temos conosco mesmo, deixamos-nos ser levados pela negligência da falta de tato com o outro e pela ignorância proposital no entendimento do outro. Somos reis sem um povo.

Não vivemos a vida que queríamos ter

Fazemos um esforço danado para criar uma ênfase no discurso de passar mais tempo com amigos e familiares, mas tropeçamos nos tapetes da própria realidade e nos sentimos culpados por não conseguir priorizar o mínimo.

Enchemos nossas timelines de fotos de momentos com amigos, mas constantemente temos a sensação de que não pertencemos mais a muitos grupos e lugares. Estamos rodeados e sentimos que não somos mais importantes para muita gente. Isso nos leva a visitar um lugar de desapontamento constante com o outro e consigo mesmo.

As famílias deixaram de ser um lugar de segurança constante. Fomos envenenados com a ideia de que estamos perto porque interagimos num grupo em comum no Whatsapp.

E por mais que sintamos falta da família sentimos que é cada vez mais difícil reuni-la. E quando conseguimos, logo sentimos a nossa energia esgotando-se rapidamente.

Experimentamos o gosto da dificuldade em definir o que sentimos.

Pensamos mais no dinheiro do que gostaríamos

Estamos presos a ideia de que ter acesso a tudo nos dá o transito num mundo do dinheiro e do sucesso. Damos uma enfase enorme para o que temos. E talvez este sentimento cause uma auto-estima frágil. Percebemos que podemos conquistar o mundo ao custo de perdemos a gente de si mesmo no meio disso tudo.

Ao mesmo tempo em que estamos cansados do sentimento de que sempre estar devendo algo a alguém, de ter que sempre lutar para quitar uma dívida longa, estamos comprando coisas que não precisamos. Gastamos com coisas que nos aliviam da ansiedade, mas pensamos melhor diante de pagar cinco reais a mais numa cerveja que seja melhor.

Perdemos a vontade de validar-se diante dos entes queridos, mas ainda ficamos preocupados com o que eles pensam sobre o nosso trabalho, sobre nossos relacionamentos, sobre como pensamos a vida.

Sentimos que não é justo olharem para a gente com esse olhar de infantilidade, mas acabamos nos vendo presos a uma situação que somos forçados a ser aquilo que já enjoamos ser.

Estamos diante da felicidade de maneira doente

A expectativa que temos para alcançar um constante estado de felicidade que não existe nos empurra para uma sensação de fracasso. Quando estamos chateados, pedem para gente sorrir. Quando estamos naquele dia normal de baixa de energia, dizem que não pode ficar ingrato frente a vida.

Há, de fato, muita pressão para se divertir o tempo todo. Um cultura que reforça uma realidade inconvencional da vida. Quando entramos nessa somos obrigados a fingir. E nada mais custoso do que simular sorrisos.

A vida não precisa ser um espírito de férias o tempo inteiro.

Correr atrás da felicidade enfarta a vida. É melhor que a felicidade não seja um alvo super-estimado. Estar feliz é recomendado apenas para aqueles que realmente entendem que ela se mistura a momentos impares mas que também pode ser encontrada no contentamento.

A procrastinação é um problema sério

Não é um pecado adiar situações, postergar algumas tarefas, protelar compromissos e atrasar possibilidades. Desde que não seja um mau hábito, prorrogar pode ser útil.

A grande questão é fazer com que isso não o coloque como oponente da sua saúde mental. Não tem problema não estar com vontade. É normal não ter disposição. Tudo que dá trabalho precisa sim de um planejamento, mas principalmente, de uma disciplina sistemática que torne aquilo importante.

No fundo, sabemos que quanto mais tempo se passa sem algo se realizar, mais essa coisa tem o poder de atuar na mente e tornar algo mais estressante.

Onde quer que você esteja, parece que tem algo sempre a ser feito.

O mundo é sempre inacabado, mas existem coisas que precisam ser terminadas. O lance é dividir as coisas em tarefas menores, mais executáveis e que sigam um ritmo suportável. Prioridade não tem plural.

Sua paciência é uma fonte facilmente esgotável

Todos os lugares estão lotados. As pessoas estão cada vez mais melindres. O filme que acabou de colocar já está chato. O motociclista mal aparece no retrovisor e já te irrita. Tudo tem fila enorme. Se tem que pegar senha você já prefere nem ir.

Tudo que parece que se tornou um grupo grande de pessoas te deixa trancado por dentro.

Parece que nem mesmo você se aguenta e tem que ficar longe de tudo e todos. Sua paciência agora te permite ter a permissão para tentar ser um pouco mais você mesmo. Você fica chateado porque perdeu as férias irritado com alguém, você não tem mais a mesma disposição para explicar tudo mil vezes, muito menos para orientar amigos que recusam-se a te ouvir.

A arvore de natal está cada dia menos enfeitada. Os aniversários cada vez mais simples. Ter que dar um beijo em cada um do recinto é um porre. Até que você decide ser mais paciente porque não quer que ver a tristeza de outras pessoas ou ser a razão que irrita as pessoas que ama. Então,você sofre sozinho por não conseguir.

Há sempre um lugar para repensar

Acredito que o mundo não vai moldar-se a gente. Ele vai engolir a gente aos poucos como um faminto ser que não tem dó de gente autossuficiente. O mundo não está nem ai para nossa vida. Então, ou aprendemos a ser um bom vizinho para com ele ou teremos sempre um resquício de sofrimento bem diante da gente.

Acho que quando somos viciados na nossa própria personalidade, acabamos sofrendo um cansaço esgotante, passamos a não dar conta de tudo que precisamos dar, não vivemos a vida que queremos, passamos a olhar para o acúmulo de recursos como salvador dessa teia de falta de sentido, buscamos uma felicidade incomum e adiamos aquilo que realmente importa.

Quando chegamos neste ponto, foi embora paciência, sumiu tudo que é relevante e sobrou apenas um corpo sem alma sobrevivendo as mínguas da falta de vivacidade.

É preciso repensar caminhos, reexaminar propostas, reconsiderar valores desimportantes e cuidadosamente, analisar discursos prontos, estudar comportamentos saudáveis e revisitar-se proporcionalmente. É obrigatório reformar-se, retificar-se e revisar-se com frequência.

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Como driblar os grandes clichês da vida e voltar a perceber a felicidade real

Não levo a sério a felicidade posta no lugar-comum. A verdadeira vida não pode ser integralmente feliz. Amar a vida não implica, obrigatoriamente, em felicidade. Ponto. Aliás, acrescento: a felicidade costuma morar bem longe da vizinhança dos bordões manjados.

A felicidade é coisa antiga, mas hoje, essa pauta tornou-se uma obsessão. Melhor, uma compulsão. Estamos cheios de clichês bobocas para tentar achar um indício de caminho para o júbilo. Quem vive atrás de qualquer chavão para ser feliz encontra sempre uma manobra mal executada que quebra o dente.

Sobre a felicidade empacotada

Os simplistas dizem que é só uma questão de ter saúde o suficiente, bastante dinheiro para comprar o que nos falta e um colecionável amor para ter uns suspiros de vez em quando. 

Este pode ser um pacote interessante, mas acontece que alcançar a felicidade é algo bem mais complexo que plano de saúde, saldo disponível para saque e uma conchinha no fim da noite.

Não podemos apenas nos contentar com a ausência de doenças sérias, a gente quer estar invejavelmente em forma, quer ter o vigor cênico de um jovem e exibir o arrogante ar sadio no rosto do mundo. Mas, vitalidade, força e energia não dura a vida toda.

Não queremos apenas pagar o aluguel em dia, ser capaz de jogar uns mimos bobos no carrinho de compra e poder financiar uma cerveja melhor, mas a gente esbanjar em Dubai, comprar o combo da Apple e desperdiçar tempo com o ócio lúdico de instagrammer. 

Quanto ao amor? Ah, não contentamos apenas em ter gente perto para conversar, ganhar uma pessoa para rachar um lanche no meio às sextas e dar uns amassos num colchão pequeno eventualmente. A gente quer um amor pra esfregar na cara das pessoas que demos certo com alguém. Estamos atrás de um profundamente amor visceral, de uma paixão impressionantemente empolgante e de uma pessoa que seja disponível para nossos caprichos.

Esquecemos de ser felizes da maneira mais simples e fácil que pudermos. Ser feliz real, sabe? Zero cena. Sem simulação. Livre de disfarce. Acho que é tentar ser um pouco mais trivial. 

É fazer academia sem querer parecer o novo Schwarzenegger, é trabalhar a quantidade necessária sem depender da cadeira mais alta, é amar as pessoas e as coisas sem querer nada em troca além da disponibilidade do outro.

É descobrir que a felicidade na vida não é sobre testar limites e muito menos sobre correr atrás de prêmios, é sobre não deixar-se levar pelos bordões banais. 

Como não enganar-se com os clichês?

O primeiro e mais distorcido clichê tem a ver com o conceito de felicidade de que você apenas é responsável pela sua própria felicidade. o problema e que sabemos que a vida se assemelha a uma adolescente rebelde que faz apenas o que deseja, e pouco concede controle temos sobre ela. 

Neste sentido, a felicidade fala mais sobre como lidar com as ocasiões controversas do que sobre como evitá-las. As escolhas diante da vida só poderão levar para o caminho da satisfação quando passa pela responsabilidade de assumir de fato um lado mais real e propositivo. 

Não adianta mascarar uma felicidade com frases prontas de efeito, é preciso para de fingir, olhar-se no espelho com honestidade e correr atrás de momentos felizes com critérios e verdade. Isso não significa vacinar-se contra as contingências cruéis da vida, mas ter um posicionamento ativamente ágil para com elas.

Um ponto fundamental é que ninguém é feliz por ser visto. Estamos vivendo uma momento um tanto interessante de busca pela exposição. Falamos sobre tudo para todos o tempo inteiro. Acreditamos que ser visualizado por inúmeras pessoas é o que realmente nos levará para um caminho de ser ouvido e ser percebido com valor correto. A vida moderno nos convenceu que ter influência é atrair a felicidade. Ledo engano, a exposição traz consigo uma série de problemas graves.

O que realmente tem poder de nos fazer mais feliz é ser capaz de ser útil. Às vezes, estar dentro da possibilidade de uma troca frutífera sem olhar apenas para o caráter benéfico, mas como uma aliança proveitosa que seja aproveitável e proficiente. Uma utilidade mutualmente produtiva.

Precisamos esquecer os clichês mais juvenis como a ideia de um mundo melhor sem entender como ser melhor para o mundo frequentável, deixar de lado a ideia de vencer na vida para tornar-se realmente um investigador quem somos sem negligenciar os nossos talentos a serviço do mundo, do outro e das pessoas. O “mundo melhor” é um mundo tedioso, mentiroso e pouco alcançável.

Não perca tempo com ideias bobas

Precisamos afastar o clichê de que todo conhecimento é válido a qualquer custo. Existe filmes que são perda de tempo, livros de péssimo gosto, cursos que não servem para nada, pessoas que são completamente vazias, atividades que não nos levam para lugar algum. Precisamos estar menos ocupados com bobagens vãs. Temos que nos afastar dos teóricos e ligar-se mais a gente que tem apreço pelas sabedorias tradicionais, que nos ajude a tomar mais decisões complexas diante dos desafios da vida. A vida é curta para toda essa bobagem.

Precisamos entender que o mundo da cooperação nos coloca diante de resultados mais humanos que o da competição, mas que não são necessariamente rivais. É possível disputar sem perder o senso de apoiar, é viável, rivalizar ao mesmo tempo em que contribui para algo maior, é praticável lutar, concorrer e ajudar, enfrentar e apoiar, pleitear e concorrer, pelejar e contribuir.

Temos que fugir correndo da ideia habitual de permanecer sempre em alta performance, mas que podemos ser produtivos com clareza de um propósito. De que podemo executar muita coisas e ter o luxo de de aposentar-se. Nenhum trabalho é totalmente glamouroso, com tarefas agradável, mas não pode ser visto apenas como um obrigação, mas uma oportunidade de dar sentido para o que realizado.

Aprenda a ter a calma até certo ponto. Estourar é normal. É indicado. Desde que não seja uma agressão sem limites. Oxigene sua raiva sempre que conseguir, mas não a esconda o tempo inteiro. Faça terapia. Coma tudo que achar que deve, mas não seja inconsequente com sua vida. Não cuidar da saúde é montar uma bomba-relógio, mas pensar em saúde o tempo todo é doença.

Decepcione-se com os amigos e faça novos sem medo. Importe-se com sua idade, mas não ligue para aniversários. Sorria desde que não seja de desespero. Frequente mais a natureza, mas não queira ser a mãe dela. Não poste frases sobre gratidão, mas agradeça. Reconhecer o papel de todos à sua volta, mas não tenha medo de dizer o que precisa. Não viva o momento. A vida é maior que isso. Não siga o fluxo sempre. Seja uma pessoa para além dos clichês idiotas.

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A crise da autoimagem para além das prateleiras de livraria e das fotos do Instagram

A imbatível usina da cultura da autoestima excessiva — há quem negue que ela exista — produziu juntos dos meios virtuais sinais claros de que somos viciados na perpetuação de uma espécie de convencimento forçado de veneração a si próprio como meio de escapar do evidente fracasso da autoimagem.

Funciona mais ou menos assim: A gente recorta um pedaço da realidade, amplia, recorta, dá um talento, cria uma história legal, dá um nome bonito e convence-se de que aquilo, em algum aspecto é a mais pura verdade.

Mais ou menos como acreditar que tornou-se um CEO — e inserir o título na headline do Linkedin — apenas porque conseguiu obter um nome de empresa e a logo bonita numa @qualquercoisa no Instagram para vender algumas coisas e faturar umas notas fiscais com um MEI recém aberto. Percebe? É a estética como verdade.

O que deixa mais claro essa narrativa da estética é o show de estupros semânticos que fazemos com a linguagem evidenciando esse desespero por uma imagem invejável. Chamamos as coisas pelo nome que queremos apenas para convencer-se de que somos o que dizemos ser, fazemos o que dizemos fazer e temos o que dizemos ter.

No campo da cultura, damos nomes novos para coisas antigas como se esta fosse uma cura para as velhas dores. Não se trata de uma proposta para tratar de algo, mas apenas para renomear antigos sofrimentos. Muito do que se tem publicado no campo da saúde mental, do empreendedorismo, do mundo tecnológico é apenas uma repaginação nominal sem efeito curativo.

Talvez seja por isso que o número de usuários de redes sociais aumentam proporcionalmente as agendas do terapeutas cada vez mais cheias — e ainda bem, ou o mundo corria sérios riscos de viver uma loucura ainda maior. Uma evidente verdade é implacável: não somos completos. Há sempre um pedacinho de identidade faltando na gente.

Não adianta as livrarias de aeroporto entupirem-se de títulos com discurso de vulnerabilidade, exaltarmos a educação de falas mansas dos pais modernos formados por Ted Talks e Youtube, não adianta comprometer-se a ser um chefe simpático, risonho e divertido para agradar eleitorado, a focar-se em ser um cônjuge compreensivo, passivo, meloso e temperado na mais absoluta frouxidão emocional.

É tudo estético e plástico. A era do marketing pessoal tornou-se um saco vista desse ponto. É por isso que reafirmo pontualmente:

Sem que haja uma constante e visível evolução interna na maneira de entender a si, o outro e o mundo, patinamos num universo relacional marketeiro, esteticamente fofo, politicamente correto e sentimentalmente perigoso.

Depressão e outros sentimentos relacionados a saúde mental não são bobagens, é claro. Mas muito da sua prosperidade e do seu avanço epidêmico se dá justamente por acreditarmos que mudamos a nossa imagem quando mudamos nosso discurso sobre ela.

Não precisa ser muito inteligente para entender que escrever ladainhas emocionais no feed do Linkedin, criar legendas bonitas com frases impactante no Instagram, sorrir desesperadamente nas viciantes selfies na academia, viajar o mundo inteiro fotografando a si mesmo em lugares exclusivos e receber elogios do nosso corpo no stories não vai nos fazer ser mais felizes. Mas é disso que gostamos. Um açúcar no azedume do tédio existencial.

Cuidar de si, por um outro lado, é zelar pela mais pura lucidez. É nisso que acredito. É disciplinar-se a pensar longe das categorias da imperativa narrativa dos palcos e grandes eventos, é afastar-se do burrinho que leu três livros e viu dois documentários e sai por aí destilando teorias e cagando novas regras. É não acreditar que uma pós-graduação vai fazer seu chefe te dar um aumento, é não cair na moda midiática de abraçar causas para ser bem avaliado, é não negociar consigo a verdade em detrimento aquilo que realmente não importa.

Construir uma autoimagem sólida tem mais a ver com acreditar mais no espelho do que no discurso que fazemos diante dele. É ater-se a manutenção contínua da existência inacabada, recolher pedaços soltos da alvejada realidade concreta e não economizar em confiar nas verdades que nos guiam. Uma autoimagem real é a que mistura a mais pura realidade com os novos objetivos possíveis.

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