comportamento

É assim que eu me sinto aqui

Ando na rua sufocado. Com o ar enclausurado no peito e a alma livre pra blasfemar contra o mundo. Percebo o vento cortar meu nariz na fragrância balsâmica da coragem, corroída pelo iminente medo.

Sinto na nuca uma presença constante do privilégio me dizendo verdades cruas. Não escondo nos tapetes da emoção, a minha angustia diante do sofrimento de outros, mas não desanimo no olho a olho com as pequenas felicidades.

Este mundo é um lugar inacabado e a culpa é de ninguém. Tenho a impressão de que estou diante de um lugar que o sangue e os ossos valem mais que as rosas no meio do canteiro.

Sinto, e não estou sozinho nessa sensação, que estou completamente quebrado. Tenho algumas fraturas leves que tentam anular a beleza pedagógica da vida. É como se diante do mel, meu paladar tivesse acostumado com o sabor picante da severidade da agonia.

Forço o pulso para grifar os motivos pelos quais a alegria pode ser visível, mas escuto ao redor um cochicho alto falando merda. Vago pela mente, noto bem que os motivos são distintos e me pergunto que diabos essas perguntas fazem ali.

Questiono o que eu deveria pensar então já que todos dizem não ser assim tão ruim. Pergunto mas sem me preocupar em responder agora. Penso em sair correndo, mas descubro que mal consigo andar por essas linhas e me equilibrando na ponta do pé.

Sinto a sutileza do mundo sendo generosa sempre que algo ruim acontece. Aperto o passo em direção de sei lá qual destino. Num vacilo, escorrego num pedregulho da estrada e me esborracho nos motivos mais improváveis.

É verdade que assisti vir pra minha vida muita coisa incrível. Estou num lugar confortável e mesmo assim parece tudo irreal. Nunca me senti tão bem onde estou, mas sei que isso não é tudo.

Os pensamentos me contam que somados nenhum mal é pra sempre, que a felicidade é sim ter o suficiente. Prefiro apostar no na lucidez do tempo, olhar para o sol brilhando sem culpa e consultar a calmaria do horizonte sem fim.

Aqui, as paredes esmagam minha mente. Sinto a imaginação mais larga lá fora. Eu espero apenas não perder ela de vista. Eu tenho asas indirigíveis. Movimento-me rápido no mesmo tempo em que o relógio esconde-se de mim.

Molho minhas mãos como sementes que podem crescer e gerar frutos. Jogo água no rosto como se esse sono tivesse que passar. Rego minha mente com coisas saudáveis para que cresça e esconda as fissuras evidentes.

Amo tudo que parece bobo. Toco de ouvido a sinfonia da vida como músicas dedilhadas sem qualquer platéia. O silêncio anula-se dentro de mim. Isso que importa. Fico perto de mim, encolhido, cada vez que um som ameaça aproximar-se.

Salto bem alto mesmo sem que haja alguém para segurar a mão e caio no mesmo lugar de antes como se a altura fosse somente um passeio que tende a deixar a gente no mesmo lugar.

Guardo-me no cofre e coloco bem no meio da vitrine das inseguranças. Tenho a atenção que preciso, mas me coloco para fora da possibilidade de explorar o universo. A minha volta, quero apenas o que preciso. Volto a origem.

Incluo-me na companhia e no tempo de muita gente. Circulo alternativas que não me agradam. Vivo um tédio empolgante. Lembro de quando o dinheiro faltava e agora corro atrás dele como quem não entende o que mudou.

Olho a volta e me assusto com o quanto conquistei. Vejo meu circuito de pessoas morrer por não esconder aquilo que penso. No entanto, eu nunca brinquei com o que penso. Nunca me trai. Olho pra tudo e espero que tudo fique bem. Porque vai ficar.

Eu tenho asas indirigíveis. É assim que me sinto aqui.

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Um texto para quem precisa dar um jeito na vida

Ouvi dizer que as feridas sempre cicatrizam. E o que fazer com o rasgo bem no meio da memória? Uma fissura inapagável. Uma marca incorrigível. Reluzentemente cintilante, insuportavelmente intransferível, martelando a mente a cada olhada vacilante.

O registro da dor é, na verdade, permanente. O que se vai é a agonia da dor. Numa carona sem rumo.

Uma lembrança viva que serve como um diploma autografado pela vida. Quase como se fosse para mante acessa a fagulha de um amor, de um lugar, de um momento, de uma pessoa. Sempre tem uma cama limpinha para hospedar uma nova dor passageira.

Gente como a gente — sim, porque se você está aqui tem sua cadeira cativa no mundo da melancolia — que vive não apenas à flor da pele, mas um ramalhete todo, não consegue escapar de todos os encontros inevitáveis com os vestígios que um sinal provoca.

Somos cheios de cicatrizes curadas apenas por um relapso de sanidade temporária, um momento rápido de lucidez, mas que numa hora ou outra, volta a mostrar as suas rigidez emocional. 

São marcas de um tempos que não temos mais, de amores que não aconteceram, de saudades extravagantemente esquisitas e que, por isso, colocamos nossos corações diante da distância inalcançável das nossas mentes.

Paira sobre a gente, então, um cansaço que antecede a busca por quietação. Sobra um pouco de descontração como pausa obrigatória. Uma folga imposta. Uma trégua forçada. Uma “desmorte”, assim, ortograficamente improvisada.

E mesmo que, no fundo, saibamos que não existe dor insuperável, apresenta-se a gente uma cisma com a possibilidade de seguir para o novo

A vida costuma ser cruel com quem sente tudo monumentalmente. Falta saldo disponível para saque para quem sente tudo para sempre.

No final, acaba como uma esperança. Uma solução precária para quem precisa de respostas urgentemente amenizadoras. Aprendemos a comunicar com a gente mesmo num dialeto escasso. 

Aos trancos e barrancos, vamos nos forçando a confiança de novas palavras, novos toques, novos olhares, novos amores, novas experiências para se arrebentar numa esquina que cruzamos sem ver direito.

Vamos ficando ranzinza com a vida. Não deixamos as pessoas saberem que são amadas. Recuamos diante do compromisso. Ignoramos a coragem. Cada insônia, um novo medo. Cada passo, uma nova paranoia. 

Encontramos palavras doces que chacoalham as nossas estruturas e não deixam a gente recuperar o que perdemos no passado. Suamos frio pelos poros da pele tensa. Sentimos o som do narrador da nossa vida rindo. Descontroladamente.

Queremos erguer uma paz dentro da gente, mas só de pensar na poeira que faz uma obra nova, tentamos nos convencer que não vale a pena faxinar a alma numa segunda-feira agitada. Bagunçar é bem menos trabalhoso. Todo mundo tem no coração aquela cadeira que amontoa a roupa suja.

Fingimos cinismo e andamos propositalmente desatentos. Os sinais da vida que lutem para fazer a um outro alguém entrar de fininho na vida da gente. Nunca iludido. Ou melhor, quase nunca. 

Esperamos o o dia em que essa pessoa vai inventar qualquer desculpa para não lidar com a veemência das nossas palavras e a força dos nossos abraços.

“Desculpa qualquer coisa” é o caralho. Volta aqui agora e acerta as merdas que você fez. Me lembro, de repente, que ninguém pode sair de um lugar sem que tenha realmente entrado. Meia dúzia de amassos no carro, alguns amigos e músicas em comum e um par de rodízios de Sushi não faz amores sedimentares. 

Todo passado é curado com um novo tempo. Este texto não é autobiográfico, é como aqueles dias que todo mundo tem que você usufrui da casa inteiramente disponível só para você. 

Vale aproveitar para tirar o lixo para fora ou amassar as caixas de pizza de ontem para caber mais, serve para recolher a pilha de roupas sujas ou apenas comprar mais com o cartão de crédito, serve para revisar seus hábitos tóxicos ou se entupir de qualquer porcaria comestível para afogar a ansiedade, você pode botar o aspirador de pó para funcionar ou ligar a tv num filme idiota do Adam Sandler e admirar a decisão boba acabou de tomar.

Dar um jeito na vida é frequente. É tarefa inacabada e recorrente. Estes parágrafos são apenas um “não pisa aí que não acabei de limpar, cara”.

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Faça uma visita para sua história com a coragem de ver o que precisa

O brasileiro é relapso com sua própria história. Não temos o costume de averiguá-la com importância. Não valorizamos tradições qualquer. Somos o povo que não liga pra memória. E isso realmente nos prejudica a saber-se quem é.

Para longe das teorias de auto-ajuda, eu sempre recomendo, de maneira genuína, que as pessoas revisitem suas histórias com a mesma simpatia que observam a vida das pessoas que admiram.

Qualquer tentativa séria de observar com cuidado a nossa própria vida, repassar por pontos altos e baixos e ponderar certos episódios pode nos ajudar a enxergar-se melhor.

O segredo não é criar heróis e vilões para a gente creditar com bravuras exclusivamente valentes ou descarrilhar um caminhão enorme de culpas. A nossa história é uma colcha de retalhos que nunca está completamente finalizada, mas pode ser um conjunto de belezas e percalços.

Existem muitos métodos para averiguar o passado com o zelo de uma devoção. Não é porque é passado que deve-se desconsiderar sua existência. É o nosso passado um dos professores mais severos que regem uma mestra lição.

Fora dos clichês, o passado é para ser reconhecido e não revivido

A história de qualquer coisa é um organismo vivo, que por vezes, regurgita seu sabor ácido, mas auxilia também não construção de um novo universo de possibilidades. O passado é implicante com quem ignora seu caráter controverso.

Alguns passados precisam de exumação para reavaliar com seriedade determinados pontos e reconsiderar.

No caso dos episódios felizes, vale-se listá-los para entender que nada na vida passou em branco. De alguma forma inexplicável, determinadas datas se apresentam diante de uma janela de sentimentos positivos. Certos cenários nos colocam diante de uma satisfação indecifrável.

A conversa interminável entre passado e futuro

Neste sentido, as duas realidades temporais se prestam a um bate-boca sem fim na nossa cabeça. Tanto a versão cor-de-rosa e lírica da vida como as inúmeras tonalidades foscas nos fazem estar diante de um aprendizado que não tem escola capaz de transportar.

Descobrimos que as dores não foram assim tão dolorosas, que os méritos foram também uma pouco de sorte, que determinadas complexidades se revelaram verdadeiramente simples o suficiente, que toda perfeição também incorria no risco de ser apenas um jogo equilibrado de tecnicidades.

Destapamos as vistas e vemos que o sentido pra vida não está extinto como imaginávamos em outro tempo e que podemos revogar certas disposições.

É um privilégio ser capaz de tirar qualquer nobreza de si e perceber-se como um personagem discutível.

Assim, como cada movimento futuro precisa de uma retaguarda já vivida, vamos crescendo sem aceitar determinadas repetições ineficientes na nossa história. A vida perde o seu sabor romântico e ganha uma perspectiva mais redentora.

Assinamos tratados importantes com a gente mesmo e temos o poder de redimir determinadas manchas, esquecer os borrões desimportantes e seguir numa patrulha mais saudável com a gente mesmo.

A liberdade de olhar para nossa história é um horizonte essencial para nos livras das senzalas que nós mesmo criamos para si. Há quem diga que determinadas marcas teimam em desaparecer e não estão de tudo erradas, mas venerar a nossa história também piora a situação de como a veremos.

Deixar de fazer o exercício de sentar e colocar no papel a nossa história como capítulos de um livro ainda em construção, ou reassistir-la como um filme de cenas escritas por linhas confusas, não nos permite ser.

Não há personagem concreto sem história clara

Pode ser exagero dizer que precisamos olhar para a história das coisas, mas quando temos uma quantidade enorme de pessoas sem saber o que dizer, fazer, ser convém exagerar o reforço. Só com exagero a denúncia aparece: Não sabemos quem somos.

O pior é que muita gente sustenta a legitimidade do autocinismo. Por isto mesmo é preciso também não desmerecer a capacidade do ser humano de não agir diante de uma desmascarada situação.

Ontem, assim como hoje, mais do que olhar para si, é preciso procurar as fundas raízes da alma do passado de tudo e conservar o que é bom. Ao mesmo tempo, ser capaz de encarar o hoje com coragem de progredir.

O valor das histórias é notório. A ideia de notar-se encontra forte resistência em corações acostumados com a maré guiando. É confortável não pensar, mas custa caro. A longo prazo, é uma dívida emocional. Diria até existencial.

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Um diagnóstico breve sobre sua vida e sobre o que acontece no mundo

Eu sei que você tá todo mundo cansado, mas não é de hoje que o mundo passa perrengue. É muita inocência da nossa parte acreditar que este recorte de momento que vivemos é o mais delicado da história. Esse anacronismo aparentemente inocente agiganta a noção individual de opressão.

De qualquer forma, basta olhar ao redor dos diversos mundos que frequentamos — seja ele o mais interno ou até mesmo o que expressa a realidade mais global — para entender que este não tem sido tempos tão fáceis para muita gente. O mundo é hediondo. Age de maneira bárbara com quem tem o luxo de ser nobre.

Sendo um observador mais cuidadoso, podemos notar de maneira nítida que tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo em que sentimos pessoalmente um tédio existencial absurdo.

Em todo canto tem gente agindo bruscamente, outras reagindo passivamente a tudo enquanto uma terceira parte, em menor quantidade, propõe realmente novas possibilidades de existir.

Nosso corpo emocional e nossos sentimentos estão devastadamente confusos em contrapartida a um mundo que tenta parir uma aparência fictícia de felicidade e satisfação. Os radicalismos mais sutis prosperam na mesma velocidade e proporção que o ódio gratuito.

Não damos conta de tudo que precisamos dar

Muita informação surge inesperadamente aos nossos olhos, nos obrigando a dar conta de tudo que acontece a volta com uma urgência impaciente. Paralelo a isso, pagamos caro por uma hora de papo sincero com nosso psicólogo. Adquirimos aplicativos que nos ajudem a meditar no quintal de casa não por luxo, mas por necessidade.

A gente não tá dando conta de tudo. Andamos perdidos nas relações mais simples que sejam, fundamentalmente naquela que temos conosco mesmo, deixamos-nos ser levados pela negligência da falta de tato com o outro e pela ignorância proposital no entendimento do outro. Somos reis sem um povo.

Não vivemos a vida que queríamos ter

Fazemos um esforço danado para criar uma ênfase no discurso de passar mais tempo com amigos e familiares, mas tropeçamos nos tapetes da própria realidade e nos sentimos culpados por não conseguir priorizar o mínimo.

Enchemos nossas timelines de fotos de momentos com amigos, mas constantemente temos a sensação de que não pertencemos mais a muitos grupos e lugares. Estamos rodeados e sentimos que não somos mais importantes para muita gente. Isso nos leva a visitar um lugar de desapontamento constante com o outro e consigo mesmo.

As famílias deixaram de ser um lugar de segurança constante. Fomos envenenados com a ideia de que estamos perto porque interagimos num grupo em comum no Whatsapp.

E por mais que sintamos falta da família sentimos que é cada vez mais difícil reuni-la. E quando conseguimos, logo sentimos a nossa energia esgotando-se rapidamente.

Experimentamos o gosto da dificuldade em definir o que sentimos.

Pensamos mais no dinheiro do que gostaríamos

Estamos presos a ideia de que ter acesso a tudo nos dá o transito num mundo do dinheiro e do sucesso. Damos uma enfase enorme para o que temos. E talvez este sentimento cause uma auto-estima frágil. Percebemos que podemos conquistar o mundo ao custo de perdemos a gente de si mesmo no meio disso tudo.

Ao mesmo tempo em que estamos cansados do sentimento de que sempre estar devendo algo a alguém, de ter que sempre lutar para quitar uma dívida longa, estamos comprando coisas que não precisamos. Gastamos com coisas que nos aliviam da ansiedade, mas pensamos melhor diante de pagar cinco reais a mais numa cerveja que seja melhor.

Perdemos a vontade de validar-se diante dos entes queridos, mas ainda ficamos preocupados com o que eles pensam sobre o nosso trabalho, sobre nossos relacionamentos, sobre como pensamos a vida.

Sentimos que não é justo olharem para a gente com esse olhar de infantilidade, mas acabamos nos vendo presos a uma situação que somos forçados a ser aquilo que já enjoamos ser.

Estamos diante da felicidade de maneira doente

A expectativa que temos para alcançar um constante estado de felicidade que não existe nos empurra para uma sensação de fracasso. Quando estamos chateados, pedem para gente sorrir. Quando estamos naquele dia normal de baixa de energia, dizem que não pode ficar ingrato frente a vida.

Há, de fato, muita pressão para se divertir o tempo todo. Um cultura que reforça uma realidade inconvencional da vida. Quando entramos nessa somos obrigados a fingir. E nada mais custoso do que simular sorrisos.

A vida não precisa ser um espírito de férias o tempo inteiro.

Correr atrás da felicidade enfarta a vida. É melhor que a felicidade não seja um alvo super-estimado. Estar feliz é recomendado apenas para aqueles que realmente entendem que ela se mistura a momentos impares mas que também pode ser encontrada no contentamento.

A procrastinação é um problema sério

Não é um pecado adiar situações, postergar algumas tarefas, protelar compromissos e atrasar possibilidades. Desde que não seja um mau hábito, prorrogar pode ser útil.

A grande questão é fazer com que isso não o coloque como oponente da sua saúde mental. Não tem problema não estar com vontade. É normal não ter disposição. Tudo que dá trabalho precisa sim de um planejamento, mas principalmente, de uma disciplina sistemática que torne aquilo importante.

No fundo, sabemos que quanto mais tempo se passa sem algo se realizar, mais essa coisa tem o poder de atuar na mente e tornar algo mais estressante.

Onde quer que você esteja, parece que tem algo sempre a ser feito.

O mundo é sempre inacabado, mas existem coisas que precisam ser terminadas. O lance é dividir as coisas em tarefas menores, mais executáveis e que sigam um ritmo suportável. Prioridade não tem plural.

Sua paciência é uma fonte facilmente esgotável

Todos os lugares estão lotados. As pessoas estão cada vez mais melindres. O filme que acabou de colocar já está chato. O motociclista mal aparece no retrovisor e já te irrita. Tudo tem fila enorme. Se tem que pegar senha você já prefere nem ir.

Tudo que parece que se tornou um grupo grande de pessoas te deixa trancado por dentro.

Parece que nem mesmo você se aguenta e tem que ficar longe de tudo e todos. Sua paciência agora te permite ter a permissão para tentar ser um pouco mais você mesmo. Você fica chateado porque perdeu as férias irritado com alguém, você não tem mais a mesma disposição para explicar tudo mil vezes, muito menos para orientar amigos que recusam-se a te ouvir.

A arvore de natal está cada dia menos enfeitada. Os aniversários cada vez mais simples. Ter que dar um beijo em cada um do recinto é um porre. Até que você decide ser mais paciente porque não quer que ver a tristeza de outras pessoas ou ser a razão que irrita as pessoas que ama. Então,você sofre sozinho por não conseguir.

Há sempre um lugar para repensar

Acredito que o mundo não vai moldar-se a gente. Ele vai engolir a gente aos poucos como um faminto ser que não tem dó de gente autossuficiente. O mundo não está nem ai para nossa vida. Então, ou aprendemos a ser um bom vizinho para com ele ou teremos sempre um resquício de sofrimento bem diante da gente.

Acho que quando somos viciados na nossa própria personalidade, acabamos sofrendo um cansaço esgotante, passamos a não dar conta de tudo que precisamos dar, não vivemos a vida que queremos, passamos a olhar para o acúmulo de recursos como salvador dessa teia de falta de sentido, buscamos uma felicidade incomum e adiamos aquilo que realmente importa.

Quando chegamos neste ponto, foi embora paciência, sumiu tudo que é relevante e sobrou apenas um corpo sem alma sobrevivendo as mínguas da falta de vivacidade.

É preciso repensar caminhos, reexaminar propostas, reconsiderar valores desimportantes e cuidadosamente, analisar discursos prontos, estudar comportamentos saudáveis e revisitar-se proporcionalmente. É obrigatório reformar-se, retificar-se e revisar-se com frequência.

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Como driblar os grandes clichês da vida e voltar a perceber a felicidade real

Não levo a sério a felicidade posta no lugar-comum. A verdadeira vida não pode ser integralmente feliz. Amar a vida não implica, obrigatoriamente, em felicidade. Ponto. Aliás, acrescento: a felicidade costuma morar bem longe da vizinhança dos bordões manjados.

A felicidade é coisa antiga, mas hoje, essa pauta tornou-se uma obsessão. Melhor, uma compulsão. Estamos cheios de clichês bobocas para tentar achar um indício de caminho para o júbilo. Quem vive atrás de qualquer chavão para ser feliz encontra sempre uma manobra mal executada que quebra o dente.

Sobre a felicidade empacotada

Os simplistas dizem que é só uma questão de ter saúde o suficiente, bastante dinheiro para comprar o que nos falta e um colecionável amor para ter uns suspiros de vez em quando. 

Este pode ser um pacote interessante, mas acontece que alcançar a felicidade é algo bem mais complexo que plano de saúde, saldo disponível para saque e uma conchinha no fim da noite.

Não podemos apenas nos contentar com a ausência de doenças sérias, a gente quer estar invejavelmente em forma, quer ter o vigor cênico de um jovem e exibir o arrogante ar sadio no rosto do mundo. Mas, vitalidade, força e energia não dura a vida toda.

Não queremos apenas pagar o aluguel em dia, ser capaz de jogar uns mimos bobos no carrinho de compra e poder financiar uma cerveja melhor, mas a gente esbanjar em Dubai, comprar o combo da Apple e desperdiçar tempo com o ócio lúdico de instagrammer. 

Quanto ao amor? Ah, não contentamos apenas em ter gente perto para conversar, ganhar uma pessoa para rachar um lanche no meio às sextas e dar uns amassos num colchão pequeno eventualmente. A gente quer um amor pra esfregar na cara das pessoas que demos certo com alguém. Estamos atrás de um profundamente amor visceral, de uma paixão impressionantemente empolgante e de uma pessoa que seja disponível para nossos caprichos.

Esquecemos de ser felizes da maneira mais simples e fácil que pudermos. Ser feliz real, sabe? Zero cena. Sem simulação. Livre de disfarce. Acho que é tentar ser um pouco mais trivial. 

É fazer academia sem querer parecer o novo Schwarzenegger, é trabalhar a quantidade necessária sem depender da cadeira mais alta, é amar as pessoas e as coisas sem querer nada em troca além da disponibilidade do outro.

É descobrir que a felicidade na vida não é sobre testar limites e muito menos sobre correr atrás de prêmios, é sobre não deixar-se levar pelos bordões banais. 

Como não enganar-se com os clichês?

O primeiro e mais distorcido clichê tem a ver com o conceito de felicidade de que você apenas é responsável pela sua própria felicidade. o problema e que sabemos que a vida se assemelha a uma adolescente rebelde que faz apenas o que deseja, e pouco concede controle temos sobre ela. 

Neste sentido, a felicidade fala mais sobre como lidar com as ocasiões controversas do que sobre como evitá-las. As escolhas diante da vida só poderão levar para o caminho da satisfação quando passa pela responsabilidade de assumir de fato um lado mais real e propositivo. 

Não adianta mascarar uma felicidade com frases prontas de efeito, é preciso para de fingir, olhar-se no espelho com honestidade e correr atrás de momentos felizes com critérios e verdade. Isso não significa vacinar-se contra as contingências cruéis da vida, mas ter um posicionamento ativamente ágil para com elas.

Um ponto fundamental é que ninguém é feliz por ser visto. Estamos vivendo uma momento um tanto interessante de busca pela exposição. Falamos sobre tudo para todos o tempo inteiro. Acreditamos que ser visualizado por inúmeras pessoas é o que realmente nos levará para um caminho de ser ouvido e ser percebido com valor correto. A vida moderno nos convenceu que ter influência é atrair a felicidade. Ledo engano, a exposição traz consigo uma série de problemas graves.

O que realmente tem poder de nos fazer mais feliz é ser capaz de ser útil. Às vezes, estar dentro da possibilidade de uma troca frutífera sem olhar apenas para o caráter benéfico, mas como uma aliança proveitosa que seja aproveitável e proficiente. Uma utilidade mutualmente produtiva.

Precisamos esquecer os clichês mais juvenis como a ideia de um mundo melhor sem entender como ser melhor para o mundo frequentável, deixar de lado a ideia de vencer na vida para tornar-se realmente um investigador quem somos sem negligenciar os nossos talentos a serviço do mundo, do outro e das pessoas. O “mundo melhor” é um mundo tedioso, mentiroso e pouco alcançável.

Não perca tempo com ideias bobas

Precisamos afastar o clichê de que todo conhecimento é válido a qualquer custo. Existe filmes que são perda de tempo, livros de péssimo gosto, cursos que não servem para nada, pessoas que são completamente vazias, atividades que não nos levam para lugar algum. Precisamos estar menos ocupados com bobagens vãs. Temos que nos afastar dos teóricos e ligar-se mais a gente que tem apreço pelas sabedorias tradicionais, que nos ajude a tomar mais decisões complexas diante dos desafios da vida. A vida é curta para toda essa bobagem.

Precisamos entender que o mundo da cooperação nos coloca diante de resultados mais humanos que o da competição, mas que não são necessariamente rivais. É possível disputar sem perder o senso de apoiar, é viável, rivalizar ao mesmo tempo em que contribui para algo maior, é praticável lutar, concorrer e ajudar, enfrentar e apoiar, pleitear e concorrer, pelejar e contribuir.

Temos que fugir correndo da ideia habitual de permanecer sempre em alta performance, mas que podemos ser produtivos com clareza de um propósito. De que podemo executar muita coisas e ter o luxo de de aposentar-se. Nenhum trabalho é totalmente glamouroso, com tarefas agradável, mas não pode ser visto apenas como um obrigação, mas uma oportunidade de dar sentido para o que realizado.

Aprenda a ter a calma até certo ponto. Estourar é normal. É indicado. Desde que não seja uma agressão sem limites. Oxigene sua raiva sempre que conseguir, mas não a esconda o tempo inteiro. Faça terapia. Coma tudo que achar que deve, mas não seja inconsequente com sua vida. Não cuidar da saúde é montar uma bomba-relógio, mas pensar em saúde o tempo todo é doença.

Decepcione-se com os amigos e faça novos sem medo. Importe-se com sua idade, mas não ligue para aniversários. Sorria desde que não seja de desespero. Frequente mais a natureza, mas não queira ser a mãe dela. Não poste frases sobre gratidão, mas agradeça. Reconhecer o papel de todos à sua volta, mas não tenha medo de dizer o que precisa. Não viva o momento. A vida é maior que isso. Não siga o fluxo sempre. Seja uma pessoa para além dos clichês idiotas.

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A crise da autoimagem para além das prateleiras de livraria e das fotos do Instagram

A imbatível usina da cultura da autoestima excessiva — há quem negue que ela exista — produziu juntos dos meios virtuais sinais claros de que somos viciados na perpetuação de uma espécie de convencimento forçado de veneração a si próprio como meio de escapar do evidente fracasso da autoimagem.

Funciona mais ou menos assim: A gente recorta um pedaço da realidade, amplia, recorta, dá um talento, cria uma história legal, dá um nome bonito e convence-se de que aquilo, em algum aspecto é a mais pura verdade.

Mais ou menos como acreditar que tornou-se um CEO — e inserir o título na headline do Linkedin — apenas porque conseguiu obter um nome de empresa e a logo bonita numa @qualquercoisa no Instagram para vender algumas coisas e faturar umas notas fiscais com um MEI recém aberto. Percebe? É a estética como verdade.

O que deixa mais claro essa narrativa da estética é o show de estupros semânticos que fazemos com a linguagem evidenciando esse desespero por uma imagem invejável. Chamamos as coisas pelo nome que queremos apenas para convencer-se de que somos o que dizemos ser, fazemos o que dizemos fazer e temos o que dizemos ter.

No campo da cultura, damos nomes novos para coisas antigas como se esta fosse uma cura para as velhas dores. Não se trata de uma proposta para tratar de algo, mas apenas para renomear antigos sofrimentos. Muito do que se tem publicado no campo da saúde mental, do empreendedorismo, do mundo tecnológico é apenas uma repaginação nominal sem efeito curativo.

Talvez seja por isso que o número de usuários de redes sociais aumentam proporcionalmente as agendas do terapeutas cada vez mais cheias — e ainda bem, ou o mundo corria sérios riscos de viver uma loucura ainda maior. Uma evidente verdade é implacável: não somos completos. Há sempre um pedacinho de identidade faltando na gente.

Não adianta as livrarias de aeroporto entupirem-se de títulos com discurso de vulnerabilidade, exaltarmos a educação de falas mansas dos pais modernos formados por Ted Talks e Youtube, não adianta comprometer-se a ser um chefe simpático, risonho e divertido para agradar eleitorado, a focar-se em ser um cônjuge compreensivo, passivo, meloso e temperado na mais absoluta frouxidão emocional.

É tudo estético e plástico. A era do marketing pessoal tornou-se um saco vista desse ponto. É por isso que reafirmo pontualmente:

Sem que haja uma constante e visível evolução interna na maneira de entender a si, o outro e o mundo, patinamos num universo relacional marketeiro, esteticamente fofo, politicamente correto e sentimentalmente perigoso.

Depressão e outros sentimentos relacionados a saúde mental não são bobagens, é claro. Mas muito da sua prosperidade e do seu avanço epidêmico se dá justamente por acreditarmos que mudamos a nossa imagem quando mudamos nosso discurso sobre ela.

Não precisa ser muito inteligente para entender que escrever ladainhas emocionais no feed do Linkedin, criar legendas bonitas com frases impactante no Instagram, sorrir desesperadamente nas viciantes selfies na academia, viajar o mundo inteiro fotografando a si mesmo em lugares exclusivos e receber elogios do nosso corpo no stories não vai nos fazer ser mais felizes. Mas é disso que gostamos. Um açúcar no azedume do tédio existencial.

Cuidar de si, por um outro lado, é zelar pela mais pura lucidez. É nisso que acredito. É disciplinar-se a pensar longe das categorias da imperativa narrativa dos palcos e grandes eventos, é afastar-se do burrinho que leu três livros e viu dois documentários e sai por aí destilando teorias e cagando novas regras. É não acreditar que uma pós-graduação vai fazer seu chefe te dar um aumento, é não cair na moda midiática de abraçar causas para ser bem avaliado, é não negociar consigo a verdade em detrimento aquilo que realmente não importa.

Construir uma autoimagem sólida tem mais a ver com acreditar mais no espelho do que no discurso que fazemos diante dele. É ater-se a manutenção contínua da existência inacabada, recolher pedaços soltos da alvejada realidade concreta e não economizar em confiar nas verdades que nos guiam. Uma autoimagem real é a que mistura a mais pura realidade com os novos objetivos possíveis.

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O que não te dizem sobre a complexidade do outro

Na mesa dos cafés começam muitas coisas importantes, mas também muitas injustiças. Entre os goles, há sempre um sujeito a ser malhado. E todo mundo tem o seu próprio Judas de estimação.

Cheguei mais cedo do que o combinado. Escolho a mesa mais perto da porta por puro capricho, peço o meu já tradicional suco de laranja sem açúcar ratificando a formalidade do meu estômago que anda recusando cafeína como um cão enjoado de biscoito.

Dispenso o líquido preto, mas nunca recuso um pão de queijo acompanhado de uma boa conversa em volta da mesa. Chamo de boa conversa apenas aqueles papos que saímos de lá com a impressão de que ganhamos uma biblioteca nova para explorar. Pois bem, esta era a cena ordinária em questão.

Chega um velho amigo de longa, dobra o guarda-chuva todo atrapalhado, me cumprimenta com a informalidade de uma amizade sólida, queixa-se da falta de estacionamento, toma sua posição na cadeira em frente a minha e reclama do lugar que escolhi como de praxe. Apenas sorrio da sua inconfundível azedume cômico. Ele pede o seu café forte e rígido, sem ornamentos carnavalescos.

Não demora muito para começar as arbitrariedades. Antes que eu molhasse o bico, ele começa o papo criticando os comportamentos indecorosos de uma outra pessoa em comum que frequenta nosso círculo de amigos — todo mundo tem um amigo daqueles que só a gente mesmo aguenta. Vai logo me questionando como é que ainda mantemos o tal fulano na amizade.

A indignação era tanta que, descrevia-o como um diabo de rabo e tudo mais, concluindo: 

 — Olha só, cara, eu acho que ele precisava era realmente se dar um pouco mal na vida para aprender a ser diferente com as pessoas. Eu acho que ele tinha mesmo que passar uns apuros graves para aprender a ser menos filho da puta.

Pacientemente, esbocei um sorriso incólume, e disparei:

 — Olha, somos amigos dele certo?

Esperei a resposta verbal que por teimosia não veio. No lugar, uma expressão de dúvida e incerteza no rosto talvez almejando onde é que eu queria chegar com aquilo. Prossegui cuidadosamente:

 —  Então, acho que como amigos dele, precisamos entender que: se ele age, fala, pensa, faz e vive de um jeito complicado é porque ele tem uma história. Você conhece a história dele?

A minha pausa proposital agora exigia uma resposta verbal.

 — Sei um pouco, mas não tudo..

 — Tá bem, vou te contar algumas delas…

Aproveitei que ele já tinha me dado toda a atenção dele para contar algumas coisas realmente problemáticas na vida dessa terceira pessoa que, não justificava, mas explicava algumas coisas denunciava a sua postura rude diante da vida. 

Ele me confessou que não fazia ideia daquilo tudo. Via o espanto e o arrependimento dele flagrante.

As pessoas são complexas por motivo de: Elas são pessoas

Não temos como saber ao certo o que está passando na cabeça das outras pessoas. E mesmo que você conviva já há algum tempo com elas, em um dado momento, acaba por descobrir que não a conhecia tanto como imaginava. 

Não só porque as pessoas são complexas, mas porque elas seguem mudando. É por isso que, naturalmente, acabamos analisando pessoas sem levar em conta aquilo que elas viveram. Não podemos nos acostumar a imaginar que alguém simplesmente é cruel por esporte — embora exista sim essa dimensão.

Outro dia uma amiga teve que ouvir o chefe justificar suas atitudes grosseiras com a frase: “Eu fui forjado na dor”. Quando ela me contou, recomendei que ela respondesse: “Mas, meu anjo, essa é sua história. Você tem que dar conta de aprender a lidar com ela. Não deposite nos outros os seus encargos emocionais.”

Quando nem a gente mesmo aprende a olhar para nossa história e encontrar os buracos que nos transformam e nos direcionam em todos os sentidos da vida, atuamos em uma superfície áspera completamente desnecessária. O amargor da vida traz para nossa rotina apenas mais um elemento estressante.

 A complexidade do outro é a nossa própria, mas com detalhes diferentes

Nosso cérebro pode até comprar a ideia de que se a gente se comporta de uma determinada maneira, estaremos sempre condenados a repetir esse padrão, e essa mentalidade facilmente reforça comportamentos viciado e acaba se fixando hábitos ruins. 

Esse é ao mesmo tempo um labirinto sem saída no qual permanecemos perdidos, mas pode se tornar um esconderijo sentimental diante da covardia da mudança de mente. 

Talvez seja essa ideia de traços de personalidade imutáveis que reforça o corpo emocional. Isso explica a origem da violência, por exemplo. 

É justamente essa ideia que justifica, sermos rudes com pessoas, xingarmos desconhecidos no trânsito, sermos mal educados com pessoas que só estão fazendo seus trabalhos e ignorar pontos de vistas importantes mas distintos do nosso que acabam cruzando com a sensibilidade do outro de maneira bélica. 

Todo mundo, no fundo, é bem mais complicado do que acha que é

Ter uma simples empatia intencional de imaginar-se no cenário do outro, pode desenvolver na gente muito mais compreensão e identificação com aquilo que as pessoas estão vivendo.

Fazer o esforço mental para tentar entender o momento em que pessoas estão tem que ser um exercício recorrente. Buscar capturar elementos da história de pessoas nas entrelinhas das suas ações não só nos ajuda a ser mais compassivos como elas, como também desenvolve na gente uma noção empática das realidades distintas. 

O que não te contam sobre a complexidade do outro é que entender e se fazer entendido nessa guerra de lados diversos, pode resultar em uma aderência maior à compreensão de que a coletividade e a flexibilidade são uma obrigação fundamental na convivência. 

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A vida é sobre planejar tudo, mediar o que der e controlar absolutamente nada

Sentei na mesa do Shopping na companhia do meu cappuccino. Ao lado, nitidamente abalados, dois jovens choram baixinho.

O rapaz disfarça o rosto vermelho esfregando os olhos com a mão. A garota controla o escorrer do nariz olhando imóvel para o celular ao mesmo tempo em que tenta se acalmar.

Ambos permanecem com aquela cara típica de frustração. Começo a chutar mentalmente que eles talvez estivessem passando por uma crise de relacionamento.

Por pura arrogância e um pouco rabugento, menosprezo a dor juvenil que sofrem. Imagino uma briga convencional e cotidiana de casal. Ela estava mal. Me dou conta que estou sendo babaca.

Resolvo não me intrometer — e quem me conhece sabe o esforço que é para mim não se importar — apenas continuo escutando. A garota lamenta: -“Mas, eu realmente amava ela, amor. E agora?”.

O garoto sem qualquer traquejo senta na ponta da cadeira e a abraça forte. Em silêncio absoluto, passa a mão na cabeça da moça como quem ajeita um lençol pela manhã.

-“Ela quem?”, me pergunto. A menina prossegue com a voz da derrocada: -“Eu sei que me assustei no começo, mas depois que vi nossa bebê no vídeo, eu me apaixonei por ela, eu sonhei com ela e ela não está mais aqui”.

A barragem dos olhos rompeu-se. A dela, do seu companheiro e as minhas. Talvez até as de Deus. Ela havia perdido um bebê. A notícia era recente. Meu corpo inteiro arrepiou. Duas crianças lamentando a morte da terceira.

No auge da minha sensibilidade, ela dá o golpe de misericórdia: -“Ainda não me recuperei, amor”. Abaixei minha cabeça e tive vontade de implorar a ela:  - “Não se recupere. Nunca, nunca mais se recupere. Apenas sofra menos, cada dia menos, até que tudo saia do primeiro plano. É o máximo que vai conseguir, querida”. 

Fiquei imóvel. Não tive coragem de fazer nada. Fiquei mudo. Não balbuciei uma só palavra. Assisti todo aquele sofrimento sem ter forças para conseguir engolir meu chocolate extra.

Apenas tive que lidar com um vislumbre emergente que me surgiu, a mais completa verdade gritando no meu coração: 

“A vida é sobre planejar tudo, mediar o que der e controlar absolutamente nada.”

Os planos da vida são só os planos da vida

Admiro demais quem tem esse papo de que a vida não é feita para ter planos. Mas, a verdade é que não ter planos é um risco eminente da inocência.

Existe uma linha muito particular e fina entre levar a vida com leveza sem fazer dos planos um sargento autoritário da sua vida, e carregar em si a atitude de não ter absolutamente nenhum plano para viver.

Não caio mais na ilusão de acreditar que um plano específico não pode mudar. A vida inteira muda para sempre.

Nossos planos são apenas pequenos esboços leves de um traço irrastreável de futuro. Na vida, vamos fazer muitos e muitos planos, mas quase todos podem e vão mudar de rumo.

É claro que qualquer decisão fica mais segura com um planejamento, mas são os estalos que mais cedo ou mais tarde acontecem, que nos empurram para o rumo da nossa história.

Nenhuma ideia pode ser boa o suficiente para funcionar sem um plano, quase nada bem feito nasce da mais absoluta espontaneidade. Não existem rumos sensatos que partem de nada.

Uma boa parcela da vida é feita de tentativas e erros, de fracassos e esgotamentos e mesmo que tenhamos o planejamento de abraçar todos que amamos, de realizar tudo que almejamos, de atingir todos os sonhos que temos no mundo, a vida implacavelmente não está nem aí.

Não é sempre que poderemos nos despedir com classe de todos que amamos, que teremos a oportunidade de pedir desculpas pelas nossas próprias imbecilidades, que poderemos resgatar o que ficou ferido para trás, que vamos dormir e simplesmente encontrar o amanhã. A vida não obedece planos.

Faça o que está no seu alcance agora

Faça tudo que é possível com o que tem. Este é o segredo para lidar com algo que saiu do controle.

Não adianta espernear, nem punir-se, nem buscar culpados, nem supor qualquer teoria maluca que possa tentar explicar, quando algo dá errado, é bom que procure apenas continuar na firmeza com que se possui. Se ela faltar, não se esconda.

A pior coisas que podemos fazer em momentos difíceis é fingir força. Ninguém deveria ignorar o que sente, mas todo mundo deveria preocupar-se em gerir emoções. Aqui está a grande sacada, a grande oportunidade de transformar momentos ruins em algo um pouco mais leve. 

Ninguém disse que a vida seria fácil. A gente apenas precisa ter em mente que é bom estar acompanhado de pensamentos bons, de gente que nos ajuda, de boas experiências, de momentos melhores. Foi Woody Allen quem disse: “A realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife”.

Apenas aja. Apenas faça. Apenas não desista. Apenas não seja vítima da sua própria mentalidade tóxica. Apenas seja corajoso consigo mesmo. Apenas ajude-se. Apenas saia do lugar que acostumou a estar. Por você. Pelos outros. Pela vida em si.

É verdade que nem tudo tem solução. Algumas marcas serão pesadas. Alguns arranhões podem doer muito. Algumas feridas nunca mais saem. No entanto, apesar de tudo, acostume-se a gerir em favor de mediar o que der.

Perca a ilusão do controle

Não há contingências da vida que possam ser controladas. Mesmo os ambientes mais supervisionados. Até a prisão de segurança máxima tem fuga.

A morte é a mais clara e objetiva demonstração de que não temos controle sobre nada. O ser humano é o único que tem a arrogância de tentar coordenar a vida, mas não se dá conta que mal consegue controlar o músculo numa dor de barriga ferrenha. 

Perder o delírio da gerência total da vida é descer do salto e finalmente aprender que não vamos ser mais fortes que a vida, que não vamos conseguir regular os hormônios, que não vamos dar conta de monitorar nosso futuro, vigiar o que os outros pensam sobre a gente ou moderar a nossa felicidade o tempo inteiro.

Devemos sim levar os detalhes da vida a sério, aprender a não ignorar o previsível, a respeitar a antecipação, a valorizar a intuição, mas deveríamos jamais ceder a miopia do controle.

Nesse mundo em que os planos não garantem nada, onde as contingências nos empurram para as crises e a vigilância não traz segurança, temos que aprender a enxergar o que está gritante bem na nossa cara.

Aprenda sobre si, sobre o mundo e sobre os outros. O tempo inteiro. Reze sem ter religião, ame sem ter validade e agradeça sem ver uma única razão.

A vida não é o melhor lugar do mundo, mas é o único que temos. Planeje sempre, seja mediador quando precisar e não tente controlar a vida.

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