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O que você sabe sobre você é o suficiente para você ser você?

Quando a última cena da minha série acabou me deu um vazio. É como ter que ser obrigado a se despedir de alguém que dediquei tempo em descobrir para aprender a gostar. De repente, todo aquele esforço é interrompido.

Enquanto os créditos passavam, fiquei pensando: por que nos interessamos tanto por personagens pré-moldados em histórias finitas, mas não alimentamos o mesmo interesse em si próprio como um personagem inserido numa história que não conseguimos nos afastar um minuto?

Eu nem tinha cogitado uma resposta para a primeira pergunta quando uma segunda invadiu: seria a nossa história menos interessante que a do cinema ou somos nós que não sabemos contar a nossa própria história de um jeito interessante?

Todos somos contadores de histórias

É fácil observar que estamos sempre criando episódios diários da nossa história e que isso tudo acaba compondo espécies de temporadas da nossa vida, mas raramente nos damos conta disso.

Não, não este não é apenas um papo filosófico de professor de ensino médio. É um alerta. Mesmo que a gente fuja de entender sobre como histórias funcionam, vamos nos pegar, talvez ainda hoje, contando algo para alguém que faz parte da sua vida.

Quando narramos histórias, encontramos momentos interessantes, mas ao contrário da maioria das histórias que ouvimos, as nossas histórias de vida não seguem um arco simétrico e predefinidos de acontecimentos. E, é isso que faz a coisa ser ainda mais legal.

À medida que olhamos para a nossa vida em retrospecto e perspectiva, vamos reconstruindo o passado e imaginando o futuro como uma narrativa não linear de si mesmo. É isso que acaba distorcendo a percepção que temos de si.

A coisa é ainda mais poderosa do que imaginava. Ao contar a história de como nos tornamos quem somos, vamos descobrindo quem estamos prestes a nos tornar. E de repente, essa narrativa parcial se torna uma forma de identidade, e mais do que isso, o que escolhemos incluir na nossa história tornar-se a maneira oficial como refletimos e moldamos o olhar sobre si.

E como entender de histórias nos ajuda?

Eu sempre digo que os elementos básicos para uma boa história são personagens, enredo e universo. Isto é, quem fez o que em que lugar.

O mais interessante é que durante a nossa vida, vamos montando a nossa identidade a partir das experiências que vamos vivendo e dos locais que vão mudando. Por isso, a forma como entendemos a narrativa da nossa vida também vai se alterando. Perde a dimensão disso é o grande problema.

Se pegarmos as partes de nossas vidas e colocá-las juntas em uma narrativa, criamos um todo unificado que nos permite entender parte das nossas vidas. É por isso que compreender sobre as histórias das coisas, nos permite desenhar caminhos e reconhecer destinos.

Narrar a nossa própria história com a coragem de compreender mais sobre si, é, portanto, uma grande chave para reconhecer significados.

Sem que percebamos, vamos internalizando uma história que criamos sobre nós mesmos. Idolatrando uma espécie de mito pessoal. E como toda história mitológica, vamos separando os heróis e os vilões, definindo o que nos ajuda ou impede, apreciando grandes acontecimentos e recortando momentos nada eufóricos e rememorando desafios encarados e suportando sofrimentos vividos.

A história de vida de um indivíduo não é uma história exaustiva de tudo o que aconteceu. Nossas histórias tendem a se concentrar nos eventos mais extraordinários. Pessoas que acreditam que suas vidas são significativas tende a contar suas histórias sem reservas.

Como usar a narrativa de maneira prática?

Quando queremos que as pessoas nos entendam, somos capazes de compartilhar nossa história ou partes com elas. Da mesma forma, quando queremos saber quem é outra pessoa, pedimos que compartilhe parte de sua história. Histórias são, de maneira proposital ou involuntária, a identidade que temos.

Antes de tudo, tendemos a dividir nossas histórias em pequenos capítulos que tenham cenas-chaves. Com destaque para um momento alto e um momento baixo. Começando numa memória inicial, passando por um ponto critico e se encerrando num grande tema central.

Criamos da narrativa da nossa vida histórias de redenção, jornadas de perseguição, de resgate, de fuga, de vingança, de charadas mal resolvidas, de competição, de tentação, de transformação, de amor, de sacrifício, de descoberta, de ascensão, de queda, de revolta, de traição, de sobrevivência, de caos total e enredos de lados obscuros.

Ao assistir nossa própria narrativa, podemos adotar uma identidade que celebra esforços pessoais, cria estratégias de enfrentamento e mantém positiva para levar a vida com mais propósito.

Por outro lado, a falta de ferramentas para entender a narrativa das coisas pode gerar aspectos motivacionais inadequados e alimentar impactos socioculturais que afetam o significado de tudo.

Quando a última cena chegar, não deixe só os créditos e o vazio. Aprender a contar a histórias das coisas é aprender a ler a si, o outro e o mundo.

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O que não te dizem sobre a complexidade do outro

Na mesa dos cafés começam muitas coisas importantes, mas também muitas injustiças. Entre os goles, há sempre um sujeito a ser malhado. E todo mundo tem o seu próprio Judas de estimação.

Cheguei mais cedo do que o combinado. Escolho a mesa mais perto da porta por puro capricho, peço o meu já tradicional suco de laranja sem açúcar ratificando a formalidade do meu estômago que anda recusando cafeína como um cão enjoado de biscoito.

Dispenso o líquido preto, mas nunca recuso um pão de queijo acompanhado de uma boa conversa em volta da mesa. Chamo de boa conversa apenas aqueles papos que saímos de lá com a impressão de que ganhamos uma biblioteca nova para explorar. Pois bem, esta era a cena ordinária em questão.

Chega um velho amigo de longa, dobra o guarda-chuva todo atrapalhado, me cumprimenta com a informalidade de uma amizade sólida, queixa-se da falta de estacionamento, toma sua posição na cadeira em frente a minha e reclama do lugar que escolhi como de praxe. Apenas sorrio da sua inconfundível azedume cômico. Ele pede o seu café forte e rígido, sem ornamentos carnavalescos.

Não demora muito para começar as arbitrariedades. Antes que eu molhasse o bico, ele começa o papo criticando os comportamentos indecorosos de uma outra pessoa em comum que frequenta nosso círculo de amigos — todo mundo tem um amigo daqueles que só a gente mesmo aguenta. Vai logo me questionando como é que ainda mantemos o tal fulano na amizade.

A indignação era tanta que, descrevia-o como um diabo de rabo e tudo mais, concluindo: 

 — Olha só, cara, eu acho que ele precisava era realmente se dar um pouco mal na vida para aprender a ser diferente com as pessoas. Eu acho que ele tinha mesmo que passar uns apuros graves para aprender a ser menos filho da puta.

Pacientemente, esbocei um sorriso incólume, e disparei:

 — Olha, somos amigos dele certo?

Esperei a resposta verbal que por teimosia não veio. No lugar, uma expressão de dúvida e incerteza no rosto talvez almejando onde é que eu queria chegar com aquilo. Prossegui cuidadosamente:

 —  Então, acho que como amigos dele, precisamos entender que: se ele age, fala, pensa, faz e vive de um jeito complicado é porque ele tem uma história. Você conhece a história dele?

A minha pausa proposital agora exigia uma resposta verbal.

 — Sei um pouco, mas não tudo..

 — Tá bem, vou te contar algumas delas…

Aproveitei que ele já tinha me dado toda a atenção dele para contar algumas coisas realmente problemáticas na vida dessa terceira pessoa que, não justificava, mas explicava algumas coisas denunciava a sua postura rude diante da vida. 

Ele me confessou que não fazia ideia daquilo tudo. Via o espanto e o arrependimento dele flagrante.

As pessoas são complexas por motivo de: Elas são pessoas

Não temos como saber ao certo o que está passando na cabeça das outras pessoas. E mesmo que você conviva já há algum tempo com elas, em um dado momento, acaba por descobrir que não a conhecia tanto como imaginava. 

Não só porque as pessoas são complexas, mas porque elas seguem mudando. É por isso que, naturalmente, acabamos analisando pessoas sem levar em conta aquilo que elas viveram. Não podemos nos acostumar a imaginar que alguém simplesmente é cruel por esporte — embora exista sim essa dimensão.

Outro dia uma amiga teve que ouvir o chefe justificar suas atitudes grosseiras com a frase: “Eu fui forjado na dor”. Quando ela me contou, recomendei que ela respondesse: “Mas, meu anjo, essa é sua história. Você tem que dar conta de aprender a lidar com ela. Não deposite nos outros os seus encargos emocionais.”

Quando nem a gente mesmo aprende a olhar para nossa história e encontrar os buracos que nos transformam e nos direcionam em todos os sentidos da vida, atuamos em uma superfície áspera completamente desnecessária. O amargor da vida traz para nossa rotina apenas mais um elemento estressante.

 A complexidade do outro é a nossa própria, mas com detalhes diferentes

Nosso cérebro pode até comprar a ideia de que se a gente se comporta de uma determinada maneira, estaremos sempre condenados a repetir esse padrão, e essa mentalidade facilmente reforça comportamentos viciado e acaba se fixando hábitos ruins. 

Esse é ao mesmo tempo um labirinto sem saída no qual permanecemos perdidos, mas pode se tornar um esconderijo sentimental diante da covardia da mudança de mente. 

Talvez seja essa ideia de traços de personalidade imutáveis que reforça o corpo emocional. Isso explica a origem da violência, por exemplo. 

É justamente essa ideia que justifica, sermos rudes com pessoas, xingarmos desconhecidos no trânsito, sermos mal educados com pessoas que só estão fazendo seus trabalhos e ignorar pontos de vistas importantes mas distintos do nosso que acabam cruzando com a sensibilidade do outro de maneira bélica. 

Todo mundo, no fundo, é bem mais complicado do que acha que é

Ter uma simples empatia intencional de imaginar-se no cenário do outro, pode desenvolver na gente muito mais compreensão e identificação com aquilo que as pessoas estão vivendo.

Fazer o esforço mental para tentar entender o momento em que pessoas estão tem que ser um exercício recorrente. Buscar capturar elementos da história de pessoas nas entrelinhas das suas ações não só nos ajuda a ser mais compassivos como elas, como também desenvolve na gente uma noção empática das realidades distintas. 

O que não te contam sobre a complexidade do outro é que entender e se fazer entendido nessa guerra de lados diversos, pode resultar em uma aderência maior à compreensão de que a coletividade e a flexibilidade são uma obrigação fundamental na convivência. 

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O que não te contam sobre prestar atenção nas pessoas, lugares e coisas

Corriqueiramente, me dizem: “Você olha bem nos olhos da gente quando está conversando, né?”. E toda vez, tenho que explicar que aprendi isso com um velho amigo.

Apesar da idade já avançada e da sua super sabedoria adquirida, ele deixava todos que conversavam com ele com a impressão de que aquilo que diziam era a coisa mais importante do mundo. 

Até hoje, carrega consigo sempre um olhar de quem presta atenção em cada palavra que dizem a ele. Vai ver é por isso que é uma das pessoas mais inteligentes que conheço.

Antes mesmo do ofício de jornalista, me consideravam um atencioso ouvinte. A vida dedicada à escrita nos presenteia com o dom de observar tudo e todos a nosso redor. A capacidade de ler realidades, extrair lucidez, pontuar didaticamente a vida e perceber detalhes com clareza é um triunfo para quem trabalha com a escrita.

Claro que isso não pode ser encarado como um super poder raro. Muitos de nós sofremos com este problema de viver em um mundo totalmente abarrocado de informações e suscetíveis a desenvolver a incapacidade de ficar focado adequadamente no que realmente é importante no presente.

Temos que aprender a observar a vida com cuidado 

Não importa se estamos diante do trânsito caótico, que aparentemente faz parte do cotidiano, ou se estamos em uma bela praia paradisíaca num dia lindo, temos que nos desdobrar para aprender a olhar com cautela para o que está a volta. Digo observar buscando ver realmente o presente.

Temos que aprender a manter a mente onde nosso corpo está. Um bom exercício que pratico é fazer questão de virar o celular para baixo diante de uma mesa de bar, e a razão é bem simples: Se alguém decidiu estar comigo e me ceder um pouco da sua presença, é, ao menos recíproco, inclinar-me para o que ela diz.

Você já pensou que pessoas, lugares e coisas têm uma certa peculiaridade que jamais será vivida novamente? O que torna o presente o melhor momento é que ele não pode ser editado como o passado e nem projetado como acontece com o futuro. A vida está ali. Ao vivo e a cores. E isso muda tudo.

A mente junto do seu poder criativo, involuntatiamente tendem a construir uma ponte que nos dá acesso a um universo natural de viagens temporais. No entanto, esquecemos que quem está no controle desse trajeto mental e dirigindo esta locomotiva de pensamentos somos nós mesmos.

A falta de observar o presente com detalhes nos faz escorregar na impressão que há algo de mais significativo e interessante fora dali. A nostalgia ou no porvir são criações que nos deixa esquecer do instante ocasional e nos faze perder a oportunidade de vivenciar momentos e instantes insubstituíveis.

Quando nos educamos para estar presente naquilo que os olhos veem, nos damos conta de que somos testemunhas de uma grande quantidade de possibilidades.

Não só os olhos nos tiram o foco

A reação com o ambiente em que estamos tem o poder de nos distrair do que realmente importa. Já faz algum tempo que não consigo frequentar alguns lugares que me sufocam de informação. E a razão é bastante simples: Não tenho mais interesse no que não importa.

A ilusão de que precisamos estar atentos a tudo que acontece nos deixa cansados, e por vezes, desatentos do fundamental. As paisagens que estamos inseridos têm o poder de corromper a nossa concentração. É muito mais fácil estar diante de uma obra de arte desconhecida do que de uma conversa monótona de Uber.

Estamos sendo vagarosamente submissos a uma cultura de mentes caóticas, ou seja, existem tantas coisas que passam pelo nosso cérebro, que somos incapazes de conseguimos filtrar. Esta é a razão da fadíga mental. Não é incomum vermos pessoas fingindo que ouvem as outras enquanto bisbilhotam qualquer rede social em seus dispositivos móveis.

Devolvendo a atenção no lugar certo

O que não te contam sobre a atenção é que precisamos aprender a realocar nossa atenção. Isso não quer dizer nunca mais se distrair, mas sim, criar uma disciplina para entender as razões e motivos que nos deslocam do que realmente é importante.

Precisamos estar preparados para lidar com o jeito esquisito que nos acostumamos a não nos interessar pelas pessoas, pelos lugares e pelas coisas banais da vida. Todo mundo sabe que sua atenção está localizada em ambientes fora do presente, mas aprender a observar-se é também crescer como pessoa.

Se aprendermos a reconduzir nossas atenções, talvez possamos também gozar mais da vida em momentos únicos com outras pessoas, e perceber a felicidade presente nos detalhes e, quem sabe, trazer um novo significado para tudo aquilo que somos, pensamos e vivemos. 

É somente entendendo onde está e onde deve ficar nossa atenção que podemos pertencer ao agora, sem dar lugar àquilo que já foi ou a àquiolo que ainda não é real. O lugar que está sua atenção é para onde voce pisa.

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