maturidade

Como tenho aprendido a ser mais maduro e responsável

Se você tem uma rede de pessoas ao seu redor que apoia sempre tudo que pensa, diz e realiza, tome cuidado. Eles querem uma criança bobinha e inofensiva perto deles. Se você só anda perto de pessoas que apenas te afagam, saiba que eles agem como um pai que dá o celular para o filho não dar trabalho.

Aliás, tudo que só te mima, te estraga um pouco. Essa lógica vale desde aquele círculo de amigos mais próximos até para as suas sessões de terapia, se não te colocam em cheque e movimento, saiba que ninguém deles quer o seu bem.

Uma hora ou outra a gente tem que assumir responsabilidades e encarar que algumas das nossas escolhas trabalham contra nosso próprio bem-estar. Esse é um passo importante para amadurecer. Não deixem que te roubem essa oportunidade.

Há escolhas inevitáveis como comer, trabalhar ou ir ao banheiro. Com elas, não negociamos. Agora, quando nos colocam diante de escolhas com opções distintas em que todas parecem ter lados bons e ruins, nossa vida começa a ficar mais complicada.

Decisões complexas aparecem

A coisa boa é que se temos interesse em saber de fato quem somos (ou pelo menos estar disposto a ir atrás de rastros dessa resposta) temos uma boa chave de impacto imediato em tomar decisões melhores na vida. O que geralmente não contamos é com a dura realidade de que se realmente queremos realizar algo, temos que assumir a responsabilidade por ele.

Ouvi uma história que me foi creditada a Churchil. A história conta que um dia sua secretaria entrou no seu gabinete e informou ter um homem que queria falar com ele na sala de espera. Ele, esticou o pescoço, olhou pelo vidro, viu o homem e disse que não ia atender porque não foi com a cara dele.

A secretária retrucou: “Mas, senhor, que culpa o homem tem pela cara que tem?”. A história conta que ele teria dito a secretária: “Olha, filha, depois de uma certa idade, todo mundo tem culpa da cara que tem”.

Obviamente, ele estava falando de escolhas. A maioria das escolhas que fazemos agora não nos beneficiará imediatamente. É por isso que manipulamos nossas motivações para jogar contra as recompensas de respostas não imediatas.

O que aprendi nisso tudo de se tornar mais maduro é que precisamos pegar uma carga suficiente para nos tirar do conforto, assumir o peso delas e carregá-las por um tempo previsível. Essa postura acabou revelando a mim mesmo que poderia ser mais útil, mais ensinável e aberto a construir algo sempre melhor.

Aderir às certas responsabilidades pode devolver o sentido da vida e resgatar a capacidade de evoluir em algo. Com isso descobri uma série de ideias que muito me ajudaram a amadurecer emoções, processos, pensamentos, relacionamentos, projetos e até mesmo ter um ganho real na minha vida profissional e pessoal que nem mesmo imaginava.

Saiba que tudo está interligado o tempo inteiro

Não precisa de muito para perceber haver — mesmo que indiretamente — uma conexão entre as pessoas que convivemos, os fatos globais que presenciamos, os episódios recorrentes das nossas vidas e também as relações que vamos construindo em torno da gente próprio.

Infelizmente, para alguns, essa mentalidade vem tarde. Muita gente demora demais para entender que há uma relação direta entre as nossas atitudes, nossos contextos pessoais e a história de vida que pertencemos. Os acontecimentos acabam impactando diretamente na natureza de quem somos (ou estamos acostumados a ser e se perceber sendo).

Quando notei isso, passei a me importar mais com as coisas que gasto tempo, com as pessoas que me envolvo, com as situações que assumo e também com aquelas que não perco recurso. Tudo importa, o tempo inteiro.

Ao entender que toda ação é parte integrante de um todo, ganhamos a oportunidade de viver em harmonia com aquilo que finalmente podemos escolher. Não há nada mais gratificante que viver em harmonia consigo. Se estamos dispostos a nos associar com a sanidade, acabamos ganhando um passo em direção dela.

Desde que entendi essa questão toda, tirei o foco de como o mundo poderia me impactar negativamente ou de creditar ao universo a obrigação de conspirar a meu favor e me ajudar a ser alguém melhor do que costumava ser. Existem coisas que estão a um passo de assumirmos uma responsabilidade.

Foi criando esse senso de responsabilidade que era acostumado a fugir dos medos, das obrigações, dos compromissos, que me coloquei a pensar em mim como um agente importante no mundo e consegui ver mais possibilidade de sentir parte, de criar mudanças e de agir mais ativamente para meu próprio bem.

O importante da mudança é a consistência

Mudança e consistência caminham juntas. Ambas acontecem ao entender que a coerência vem da congruência entre a confiabilidade das nossas lógicas e a pura realidade incontestável diante dos nossos olhos. A consistência é tarefa difícil apenas para quem inventa, alimenta ou cria narrativas distorcidas da realidade.

Pense com sinceridade sobre como tudo na sua vida — para o bem ou para o mal — são resultados das responsabilidades que você assumiu e também daquelas que você se escondeu. Reflita como sua biblioteca de referências criam e direcionam seus desejos e como ela contribuiu para o surgimento de tudo que está conectado com seus comportamentos.

A presença ou ausência da sua consistência está ligada a história que você conta de si mesmo. Essa é força que precisamos aprender a administrar. Tudo está ligado e mesmo que você não se importe agora com algo pequeno que te incomode, em algum momento, isso será realmente algo importante na sua vida.

Decidir por algo difícil

Gosto de conversar com pessoas que tiveram que decidir por algo difícil na vida. A maioria delas me diz que a parte mais difícil é pesar os custos e os benefícios de assumir aquela escolha, mas que após passado aquele momento, acabaram descobrindo que todo o amadurecimento foi resultado de considerar os custos e benefícios também de não tomar determinada decisão.

Para mim, a maturidade está em pensar com honestidade em nossas insuficiências, mas buscar isso compreendendo e refutando a forma com que negociamos o que tem que ser feito. E tomar a mesma atitude com aquelas que não deveríamos realizar. A escolha de não escolher é também pesada.

Maus hábitos acabam sempre em sentimentos de ineficiência, em ressentimentos, aflições emocionais, imputação de auto-penas, momentos constantes de infelicidades, surgimento de mágoas e amarguras, dores existenciais agudas, culpas sem origens claras, ódio a si mesmo e conflitos não resolvidos.

Nada é mais perigoso do que a crença de que algo nesta vida não tem preço. Não importa qual decisão você tome, você ainda paga um preço, então, esteja ciente disso e escolha algum deles que você esteja disposto a enfrentar. Amadurecimento exige escolhas difíceis e quem te disse o contrário mentiu descaradamente.

Lembre-se que escolher responsabilidades é a única coisa que vai te salvar da insuficiência de uma vida sem sentido. Não estou falando para você substituir o sentido da vida por mais trabalho, mas transformar a sua existência em um motivo para crescer em algo.

Escolher fazer algo, assumir as responsabilidades e comprometer-se a levar aquilo como sua missão vital. Sempre dá tempo de começar, mas saiba: faça isso agora. Custe o que custar.

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O que ninguém te conta sobre estar ficando mais velho

Completo 30 anos hoje. É o exato limiar de mudança entre a inocente agressividade da juventude e a responsável postura senil das convicções. Enfrento uma insegura, mas boa fase da vida.

De repente, me dou conta que estou mais perto dos 30 que dos 20. E não há absolutamente nenhum prejuízo nisso. (A não ser aparentes dores inexplicáveis nas articulações, a indisposição crescente para domingos e a obsessão pelas busca das cadeiras em locais públicos).

Eu ainda sou jovem, mas não me deixo enganar com a cínica promoção que se faz do mundo juvenil. O tal do “poder jovem” é uma tremenda farsa filosófica. É o novo jeito de disfarçar a ingenuidade da inexperiência e esconder a amadorismo efetivo da incompetência.

A maturidade equilibrada

Na minha primeira infância, o adulto era o único digno de admiração. O portador da fala máxima. A entidade mais absoluta. Eu tinha um fascínio pelos adultos, especialmente os mais velhos. 

Queria o heroísmo dos cabelos brancos, a convicção pontual das frases, a indosada autonomia de fala espontânea, os dedos surrados e levantados durante uma conversa, a pausa interminavelmente longa entre palavras e o jeito surpreendente de estar sempre certo.

Hoje, o jovem é o mais exaltado protagonista. A voz do velho perdeu-se no superlativo jeito de olharmos para a juventude. Até os tradicionais bancos querem parecer jovem para agradar. Ser — ou parecer —  jovem é o novo atestado de popularidade.

Lembro de um amigo, que é um jovem pai, me contando que o seu filho, que não tem nem 5 anos, ia escolher o destino para onde a família ia passar férias. Um cheque em banco para torná-lo um mimado. O sujeito que mal limpa as calças sozinho arbitrando sobre os pais com facilidade.

Parece exagero, mas as crianças estão governando suas casas. São ditadores com bochechas fofos. Sua sorrateira leveza, suas mãos gordinhas e suas bocas sem dente tem um peso de um AI-5. Ser criança é ainda mais fácil que ser jovem. Todos amam o déspota chorão.

Há quem argumente que os tempos mudaram. E é legitimamente verdadeira esta frase, mas vale a pena refletir hoje sobre olharmos para um momento da vida em que os velhos tinham seus espaços nas mesas de conversas sem ter netos virando os olhos nas suas repetidas histórias, que a paciência com a vagarosidade típica da idade era só uma questão de educação, que a compaixão pela antiguidade era sinal de respeito, aprendizado e sabedoria.

A vantagem das três dezenas

Recebo as três décadas com mais respeito reverente a velhice. Mesmo ainda sendo jovem, não nego: Aumentar a idade é ser mais vulnerável ao ostracismo.

O jovem é a nova carta marcada das sociedades. Ao ancião, cabe apenas a convivência com as novas gerações, como se isso, por si só fosse o próprio rejuvenescimento do pensamento. O velho tem que engolir seco. E, sabemos que não há nada mais arrogante do que o jovem.

O peso das histórias perdeu espaço pra o viciante senso de progressismo de meia dúzia de leituras isoladas, as experiências antigas são menosprezadas pela obsessão da “revolução” que não vai a lugar algum, e a maturidade — sacrificada no altar da idade —  se confunde com o fetiche pelo discurso da vivência irresponsável da juventude.

Não descarto o papel do jovem. De certo modo, são importantes para desenvolver a inteligência coletiva e o senso de mudança daquilo que já não funciona mais. São pontos de equilíbrio entre o obsoleto e as novas maneiras de olhar a realidade.

A minha birra reside precisamente no desmérito das virtudes do mais velho. A juventude está liquidando a tradição como se ela não tivesse nenhuma importância. O meu medo, e por isso advogo aqui, é que daqui um tempo, o mundo seja apenas formado pela imbecilidade profunda da mocidade erroneamente idolatrada. 

Nunca podemos esquecer que há valor na idade, há grandeza na tradição, há importância fundamental na herança cultural, na memória e no legado de uma geração passada. 

Os meus quase trinta não representam absolutamente nada diante da história do mundo, quando eu cheguei, o mundo já era mundo. Espero que os próximos trinta possam dizer se aprendi a viver ou não. Espero que chegue lá com a serenidade monumental de um velho e com a energia transformadora de uma criança.

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