aniversário

O que ninguém te conta sobre estar ficando mais velho

Completo 30 anos hoje. É o exato limiar de mudança entre a inocente agressividade da juventude e a responsável postura senil das convicções. Enfrento uma insegura, mas boa fase da vida.

De repente, me dou conta que estou mais perto dos 30 que dos 20. E não há absolutamente nenhum prejuízo nisso. (A não ser aparentes dores inexplicáveis nas articulações, a indisposição crescente para domingos e a obsessão pelas busca das cadeiras em locais públicos).

Eu ainda sou jovem, mas não me deixo enganar com a cínica promoção que se faz do mundo juvenil. O tal do “poder jovem” é uma tremenda farsa filosófica. É o novo jeito de disfarçar a ingenuidade da inexperiência e esconder a amadorismo efetivo da incompetência.

A maturidade equilibrada

Na minha primeira infância, o adulto era o único digno de admiração. O portador da fala máxima. A entidade mais absoluta. Eu tinha um fascínio pelos adultos, especialmente os mais velhos. 

Queria o heroísmo dos cabelos brancos, a convicção pontual das frases, a indosada autonomia de fala espontânea, os dedos surrados e levantados durante uma conversa, a pausa interminavelmente longa entre palavras e o jeito surpreendente de estar sempre certo.

Hoje, o jovem é o mais exaltado protagonista. A voz do velho perdeu-se no superlativo jeito de olharmos para a juventude. Até os tradicionais bancos querem parecer jovem para agradar. Ser — ou parecer —  jovem é o novo atestado de popularidade.

Lembro de um amigo, que é um jovem pai, me contando que o seu filho, que não tem nem 5 anos, ia escolher o destino para onde a família ia passar férias. Um cheque em banco para torná-lo um mimado. O sujeito que mal limpa as calças sozinho arbitrando sobre os pais com facilidade.

Parece exagero, mas as crianças estão governando suas casas. São ditadores com bochechas fofos. Sua sorrateira leveza, suas mãos gordinhas e suas bocas sem dente tem um peso de um AI-5. Ser criança é ainda mais fácil que ser jovem. Todos amam o déspota chorão.

Há quem argumente que os tempos mudaram. E é legitimamente verdadeira esta frase, mas vale a pena refletir hoje sobre olharmos para um momento da vida em que os velhos tinham seus espaços nas mesas de conversas sem ter netos virando os olhos nas suas repetidas histórias, que a paciência com a vagarosidade típica da idade era só uma questão de educação, que a compaixão pela antiguidade era sinal de respeito, aprendizado e sabedoria.

A vantagem das três dezenas

Recebo as três décadas com mais respeito reverente a velhice. Mesmo ainda sendo jovem, não nego: Aumentar a idade é ser mais vulnerável ao ostracismo.

O jovem é a nova carta marcada das sociedades. Ao ancião, cabe apenas a convivência com as novas gerações, como se isso, por si só fosse o próprio rejuvenescimento do pensamento. O velho tem que engolir seco. E, sabemos que não há nada mais arrogante do que o jovem.

O peso das histórias perdeu espaço pra o viciante senso de progressismo de meia dúzia de leituras isoladas, as experiências antigas são menosprezadas pela obsessão da “revolução” que não vai a lugar algum, e a maturidade — sacrificada no altar da idade —  se confunde com o fetiche pelo discurso da vivência irresponsável da juventude.

Não descarto o papel do jovem. De certo modo, são importantes para desenvolver a inteligência coletiva e o senso de mudança daquilo que já não funciona mais. São pontos de equilíbrio entre o obsoleto e as novas maneiras de olhar a realidade.

A minha birra reside precisamente no desmérito das virtudes do mais velho. A juventude está liquidando a tradição como se ela não tivesse nenhuma importância. O meu medo, e por isso advogo aqui, é que daqui um tempo, o mundo seja apenas formado pela imbecilidade profunda da mocidade erroneamente idolatrada. 

Nunca podemos esquecer que há valor na idade, há grandeza na tradição, há importância fundamental na herança cultural, na memória e no legado de uma geração passada. 

Os meus quase trinta não representam absolutamente nada diante da história do mundo, quando eu cheguei, o mundo já era mundo. Espero que os próximos trinta possam dizer se aprendi a viver ou não. Espero que chegue lá com a serenidade monumental de um velho e com a energia transformadora de uma criança.

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O que ninguém te fala sobre ter 30 no RG

Completo 30 anos hoje. Os fios brancos do cabelo se multiplicam e os amigos reduzem numa velocidade assustadora. Os poucos que ficam sempre me dizem que apesar de ser considerado jovem, parece que já vivi mais que uma pessoa de 40.

Olhando para trás, vejo o tanto de coisa que já vivi e até me assusto. Pô, vovó estava certa quando disse que depois dos 18, a vida anda depressa demais que nem conseguimos acompanhar.

Tem gente que se importa mesmo em receber congratulações — aliás, esta é uma palavra de velho. Não sou ingrato. Sei que é bom saber que lembrarem da gente, mas receber “Parabéns” é um pouco estranho para mim. Soa algocomo: “Meus cumprimentos por ter apenas não morrido mais um ano”. Sei lá, este mérito nem parece ser meu. Enfim… é bom saber que fazemos parte da vida das pessoas e que elas valorizam a gente.

Lembro exatamente do dia desta imagem acima. Nossas festas de aniversários eram completamente diferentes das de hoje. Não tinha buffet. Quem quisesse fazer uma festa temática tinha que aprender a enrolar brigadeiro na mão, fazer decoração de isopor e aprender a rabiscar os desenhos da TV numa cartolina — Nem sempre dava certo, mas valia a pena.

A família era a principal empenhada na festa. O tio vestia-se de palhaço, o primo escolhia as músicas, a tia fazia a lembrancinhas, a avó cuidava da cozinha. Era uma mobilização familiar. E nem grupo de Whatsapp existia.

A indústria da festa infantil surgiu bem depois. O glamour era ter a família reunida e pronto. Não ganhávamos presentes caríssimos, mas éramos completamente gratos pelo que nossos pais podiam nos dar.

Nenhuma passagem para o Hope Hari era mais legal que o copinho de café com gelatina colorida enfiada na boca, o bolo decorado sempre com muito glacê, os salgadinhos fritos e açúcar eram liberados. A criançada em volta da mesa era considerado uma família de sucesso. A gente andava sempre em um bando de crianças, e se via como tal.

Naquele dia, a gente usava a melhor roupa, e às vezes, uma fantasia bem brega de um super-herói que uma vizinha costurava, chorava na hora de cantar parabéns de pura vergonha, detestava o momento do “com quem será” — aquilo parecia um casamento sem volta — e fazíamos de tudo para apagar a vela primeiro que o primo infeliz. A gente brincava com qualquer criança. O bexigão de doces era o momento mágico.

Não me considero abençoado pelo sucesso que conquistei a cada dia, pelo bom trabalho, mas sim porque sei que boa parte do que sou aconteceu porque sempre soube da onde vim, sempre valorizei pessoas que me transformaram em quem sou, sempre acreditei que a simplicidade era o elemento chave para nunca perder de vista o propósito da vida.

Hoje, nos quase 30, o que ninguém te conta é que completar mais um ano só vale a pena se for com das pessoas que amamos. Sem virtualidade, sem impessoalidade, sem emoticons. Festas surpresas nunca são realmente surpresas.

Naquela época, a gente não ligava para coisas fúteis, a gente só queria ganhar um beijo, um abraço e torcer para que dentro do pacote tivesse brinquedo e nunca roupa. A gente era tão feliz sendo simples.

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