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Não escreva se não quer abandonar-se no caminho

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Se bater o olho neste texto e chegar a conclusão que não vai ler, realmente ele não é para você. Escrever é para poucos.

Quem convive comigo já deve ter me ouvido falar que mesmo que eu tenha que mudar de profissão por alguma razão, sempre vou continuar escrevendo. Viver de escrita é algo realmente que eu sempre sonhei, mas não acreditei que fosse possível tirar todo meu sustento de ideia loucas que eu costumava a depositar pelos cantos da internet. 

Hoje consigo entender bem que ser escritor não é só o que faço, mas acabou se tornando também aquilo que sou. Parte da minha experiência de vida está toda registrada em linhas redigidas. Isto é, grande parte dos traumas que acolhi, dos amadurecimentos que sustentei e dos episódios mais dóceis e grotescos está nos meus textos. 

Proporcionalmente, tudo que conquistei nos últimos anos deve-se inclusive a escrita. É claro que o caminho até lá é longo, muito confuso e cheio de pequenas coragens perigosas. Apesar disso, sempre soube escrever e trabalhar ideias era a minha contribuição para o mundo. 

Tirando o papo cafona de lado, talvez você tenha demorado para perceber, mas definitivamente, não somos apenas o que estamos acostumamos a fazer com nosso tempo, com a nossa energia e com as nossas competências.

 Parece óbvio dizer, mas nem todo mundo se deu conta ainda que atribuir o peso de vocação ao mero exercício repetitivo de atividades. É justamente este o mais alarmante equívoco que acreditamos atualmente. É evidente que as tarefas que acabamos desempenhando durante toda a nossa vida nos faz, em partes, escolher o caminho da realidade em que estamos inseridos. 

Ao desenvolver aptidões, podemos escolher caminhos diferentes ou outros que nada ter a ver com o que nos vemos fazer de melhor para sempre. Um bom começo para procurar vestígios nessa investigação a respeito da vocação para a escrita é encarar que é complicado definir por completo a palavra vocação. 

Apesar da imensidão de tentativas, arrisco dizer que a vocação, numa concepção muito particular, é entendida como aquele episódio em que um sujeito consegue ter a nitidez a respeito de:

Sentir-se totalmente perseguido por uma atividade, ao ponto de ter, de maneira inconfundível, todos os impulsos de realizar tais tarefas que lhe devolva a realização existencial, a confiança da competência, o senso de utilidade e o valor de beneficio adequado.

Esta definição aponta para o seguinte flagrante: alguém devidamente vocaciona é dono de uma obsessão possível, e sem que haja escapatória, se coloca diante de uma atração imparável que traz um novo significado de vida, o faz considerar, mas sentir-se o prejuízo de viver as consequências incondicionais daquela atividade.

Repare bem, meu caro leitor. Assim como toda vocação, inicialmente escrever tem pouco a ver apenas com a plena excelência em desenvolver determinadas aptidões.

Nem todo aquele que está vocacionado à alguma atividade dispõe no início de recursos ou se vê plenamente capacitado para exercer. Escrever é mais que redigir. Pontualmente, é necessário antes da desejar uma excelência, um esforço mediano em um período de maturidade pessoal.

É claro que escrever exige uma inclinação baseada em interesses, mas a vocação não pode se entendida como uma espécie de predestinação sem fuga, mas deve torna-se evidentemente irrecusável, quase irreversível quando constatada.

O escritor está á bordo de uma plena satisfação e de uma euforia ilimitada em realizar-se diante de tudo que tem na vida da escrita. 

Antes de entrarmos numa jornada vocacional, precisamos considerar que aquilo que vamos fazer com as nossas vidas, com nosso tempo e com a nossa energia.

O escritor profissional carrega consigo uma obsessão elementar: A responsabilidade de seguir escrevendo independente do cenário à nossa volta. É preciso tomar como recompensa o simples prazer de realizar. Escrever precisa se um vício diário.

Falar de escrita como vocação é falar daqueles que, em dado momento das suas vidas, sentiram quase que, de maneira devota, a obstinação de registrar ideias, pulverizar pensamentos e contar histórias.

Para quem deseja realmente levar a escrita como seu ganha-pão, é recomendável entender, antes de qualquer coisa, que as letras são mais que símbolos, mas são verdadeiras maneiras de traduzir realidades e explicar o mundo. Muitas vezes, até o nosso próprio mundo.

Recomendo sempre à todo aquele que pretende cometer a loucura de ser um autor, que exija de si a disposição de patrocinar a insanidade que é despir-se inteiramente diante de um mundo inteiro que muitas vezes não está pronto para a compreensão.

Escrever é observar tudo, dedicar-se a um interminável ciclo de diversos estudos, sujeitar-se a exercícios criativos e a frequentes auto renúncias emocionais.

É manter-se obstinado e comprometido, mesmo sem ter previamente resultados visíveis que possa lhe dar certeza de um caminho seguro. É plantar uma semente sem ao menos reconhecer sua espécie. É, paulatinamente, deixar-se agora para abraçar o logo ali possível.

Isso significa utilizar-se da sua própria vida como esboço para remover as camadas superficiais da realidade de todos. Não se constrói uma carreira como escritor estando comprometido apenas com pequenos trabalhos medianos e um par de ideias soltas.

Encontrar-se na escrita remete fundamentalmente a um empenho metódico e prático que lhe entregue inúmeros recursos correspondentes a seus questionamentos. É levantar perguntas e rascunhar respostas. É equivocar-se com convicção e arremeter voos filosóficos sem saber certo onde pousar.

Entender a responsabilidade de cada escrito significa realizar um constante trabalho intelectual em favor da sua vida e dispor de entregar-se as observações mais banais para buscar como recompensa nada além do desenvolvimento.

Quem se aventura por este caminho, não precisa ter medo de trilhar uma corajosa caminhada para dentro de si, do outro e do mundo. Ele não pode mais assistir ao mundo com um olhar totalmente passivo, mas agora, tudo se torna ponto de partida para uma provisória análise mais cuidadosa.

Viver do ofício de escrever é dedicar-se de alma — no seu sentido mais sobrevivente — e de coração a busca da verdade, mesmo que para isso, ele, como pessoa tenha que negociar suas maiores opiniões e convicções. Tem que se tornar um honesto investigador, que na ousadia busca prestar serviço em nome de uma realidade vindoura.

Toda sentença precisa de um longo exame milimétrico. Esta tal vocação de viver de ideias e as escrever, está entrelaçada a outras tantas competências, descobertas, estudos e disciplinas. Estar pronto para escrever é como ter um impulso instintivo de correr atrás de novas capacidades para ver o mundo a sua volta com mais clareza.

Antes de ousar tornar-se um literato profissional é preciso realmente compreender que o prazer pode ser também um dos grandes vilões na hora de extrair boas ideias. Algumas histórias não foram feitas de partos simples.

É justamente neste lugar difícil que nasce um escritor. Apesar disso, o escritor frequentemente é traído pelos seus sentimentos mais evidentes. Quando se escreve apenas tentando encontrar prazer, você afunda uma boa vocação.

Boas ideias não saem de simples sacadas geniais que surgem como um pombo na janela com uma carta no bico, mas, na maioria das vezes, levar uma ideia a sério e transformá-la em um bom texto ultrapassa o próprio sujeito.

Com muita vontade, um dia, você também encontrará lugar na assembleia dos provocadores de letras nobres. Até lá, apenas não pare. Escreva com a coragem de quem já é ouvido e com o zelo de quem cresce sem notar.

Um bom escritor usa como combustível não o óbvio e o concreto acerca das cosias, mas rega vagarosamente a plena vontade de ter sempre o que dizer enquanto vai deixando um pouco de si durante o caminho.

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Deixe seu texto dormir (e sua mente descansar)

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Muita gente imagina que o trabalho de ser redator é sentar numa cadeira, abrir seu notebook e fazer um texto nascer como quem naturalmente paga uma conta de luz numa lotérica e pronto. Não é tão simples assim.

Nenhum texto bom pode ter vindo de primeira. Quando um texto como esse chega diante de nós, não pensamos, por exemplo, sobre a quantidade numerosa de vezes que eu, como redator, tive que reescrever cada parágrafo para se fazer compreendido.

No começo da minha carreira, eu tinha a ideia de que precisava apenas sentar na frente do computador, pegar meia dúzia de ideias e tinha um texto excelente nas mãos.

No entanto, comecei a notar que quando fazia isso, embora conseguissem produzir maior quantidade, comprometia a qualidade. Além de notar que não elaborava direito as minhas ideias de maneira mais proveitosa possível para meu leitor.

Quando eu resolvi escrever para viver, descobri que para redigir um texto bom é preciso respeitar a balança que existe entre o coeficiente de qualidade e tempo. Isso quer dizer, a chance de você escrever algo rápido e bem feito é mínima. É preciso mais cautela.

Isso não quer dizer que temos que dar voz ao perfeccionismo exacerbado. No entanto, é preciso sim aprender a desconfiar de ideias que venham muito depressa a nossa cabeça.

Mesmo redatores bem experientes, que já formulam estruturas de ideias de maneira fácil, sabem que para escrever bem é preciso aprender a cautela de reescrever tudo o tempo todo.

Dê um descanso para suas ideias

Imagine só. Hoje, eu escrevo uma média de oito textos por semana. Estamos falando de uma alta produtividade. Por isso, tomo muito cuidado para não ferir a qualidade dos meus textos por causa do pouco tempo ou da afobação de ter que cumprir com a demanda.

Quando falamos de criatividade e criação, reescrever inúmeras vezes a mesma frase até que ela esteja completamente adequada, coerente e coesa é mais que necessário, é fundamental para que produza de fato um conteúdo verdadeiramente engajador com sua audiência.

Não acredito mesmo em fábricas de textos. Não é possível entregar uma grande quantidade de conteúdos que realmente estejam bem feitos. Embora, muitas empresas de conteúdo digam que é possível lotar seu site de artigos bons, desconfie completamente de quem faz de um texto simplesmente uma produção em série.

O maior erro de fazer conteúdo

Escrever esgota. Escrever exige que tenha sua cabeça em ordem. Se você pensa que manter conteúdos frequentes em um site sem que haja esse descanso criativo, você está estrangulando aos poucos a capacidade imaginativa e fértil dos criadores.

Produzir ideias diárias e transformá-las em texto sem o cuidado de dar um intervalo considerável para rever, reescrever e adotar novos olhares, vai deixar sua capacidade de criação minada. Nada pior que um texto com carência de contextualização.

É por isso que muita gente começa com boas intenções. Elas dizem: “Vou montar um blog.”, “Quero começar a escrever mais no meu Linkedin”, “Eu vou criar um site sobre um assunto e encher de conteúdos”, mas raramente conseguem ter consistência e frequência necessária para lidar com isso.

Uma das missões mais difíceis para quem resolve viver de escrita e aprender escrever com qualidade e respeitando a si mesmo. Embora você adote boas técnicas para produzir mais e de maneira frequente, será sempre preciso ter um tempo para procurar novas maneiras de fazer algo bom.

O que eu recomendo?

Quando você, finalmente chegar na última linha do seu texto. Quando parecer que o fantasma do “texto concluído” já não estiver mais lá. Tenha sempre o cuidado de não publicar imediatamente, deixe seu texto ali e vá fazer outra coisa por um tempo.( fumar, ir no banheiro, pegar um café). De preferência, se puder deixar o seu texto de um dia para o outro é melhor.

Depois, quando não estiver mais mergulhado dentro daquela realidade, revisite o texto com um olhar mais cauteloso e percebendo se todas as ideias estão realmente claras e se existe alguma ideia ainda confusa.

Não caia nessa lorota de que um site cheio é melhor que um site com coisas bem feitas. Quando escrever um texto, deixa ele tirar um cochilo e depois volte para uma novo olhar mais atencioso. Isso vai garantir que seu texto está realmente no ponto que você queria que ele estivesse.

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