É obvio. A única perspectiva que temos da vida é a nossa. Não há como perceber o mundo fora de si. O resto são lampejos de desconfianças que vamos recolhendo a partir de experiências, colecionando interpretações parciais do mundo e eliminando as figurinhas repetidas. Vamos juntando observações enviesadas num arranjo de ideias pessoais e montando crenças com nossos olhares superficiais de tudo que sentimos e pensamos que somos.
É por isso que é importante nos educarmos a olhar para tudo que nossos olhos percebem, mas também desconfiar do que admitimos ver. Trocar óculos fracos e incriminar a visão cansada. Perceber-se com um pouco mais de cuidado e coragem tem que nos colocar num caminho de responsabilidades e compromissos. Caso contrário, o trabalho todo foi em vão.
Dá para alfabetizar nossa vida para uma leitura mais clara da realidade, é possível sim deletar mentiras bem contadas, reorganizar tramas e narrativas de um modo que possamos abandonar a falsa impressão de si. Tudo isso tem uma consequência clara: aprendemos o que funciona para a gente (para nos ajudar a criar meios de alimentar isso) e nos faz descobrir o que nos causa o mal frequente (para nos indicar como criar planos concretos de afastamento disso). Esta é a balança emocional que mais se aproximou do equilíbrio para mim.
Só o fato de buscar e manter a clareza disso já nos empurra para um universo transparente de sanidade possível. Não dá para desejar o bem-estar mínimo sem se visitar eventualmente. Não dá para tirar férias de si. Não podemos esconder muito tempo aquilo que mais nos perturba. No entanto, olhar para si com a transparência aguçada é um desafio maior para quem está acostumado com a história recortada que aprendeu a contar sobre si mesmo.
Se somos os únicos que sabemos com mais precisão como estamos nos sentindo, deveríamos ter mais contato com essa verdade. No entanto, o impulso é outro, é fácil fugir dessa constatação mais graves e perder o interesse em se responsabilizar. Você precisa para com isso, mas fazer isso imediatamente. No próximo minuto. Não minta para você. Ou melhor, pode até mentir, mas saiba que está adiando a sua própria cura.
Repare bem como assumir compromissos com a responsabilidade difere de imputar culpas sem critérios. Apenas não desista de você. Carregamos culpas históricas e driblá-las é um trabalho tão pessoal que normalmente não assumimos essa demanda como real. Não são só as pessoas que veem parte de nós, não é dever delas nos entender, se esforçar para nos compreender ou ter que tomar atitudes a nosso favor. Ninguém te deve nada. Você se deve amor, respeito, confiança e ação.
Se a gente não tiver uma mente treinada com a verdade constatável, nós também podemos nos enganar a nosso próprio respeito e desviar das nossas próprias demandas. É fácil ver que algo não está funcionando, mas você não deveria estar preocupado em perder algo que já não ama, que não faz bem, que acabou. Se você tem algo que não consegue abdicar, não é você que tem esse algo, é esse algo que tem você. Ande no caminho da honestidade, da curiosidade e da humildade consigo meso. O que quer que seja, defenda-se de si mesmo. Faça uma prece em favor da sua mente e do seu coração. Mesmo que não tenha religião.
Comece não transferindo coisas simples. Não dependa de recursos que não possui. Dinheiro, tempo, pessoas não estão sempre disponíveis. Experimente algo novo. Se tem que fazer, arrume um jeito de fazer tudo que pode com o que tem nas mãos, mas se mova em direção de algo mesmo que não entenda as garantias daquilo. Acredite na suposta sorte como se tudo dependesse dela. E trabalhe como se ela não existisse. Assuma responsabilidades e compromissos. Seja digno da sua própria confiança.
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