Aprenda Storytelling e Planejar, fazer e distribuir conteúdos
Quando eu ainda estava na universidade de jornalismo fui convidado para escrever crônicas do dia-dia por um portal online da minha cidade. Isso foi em 2010. Eu tinha 20 anos e aquela era a primeira vez que eu estava escrevendo para um veículo que não era um blog pessoal.
Inseguro, eu decidi mostrar uma das minhas histórias para uma querida professora que também é uma grande escritora. A crônica em questão, tratava-se de uma história hipotética - era um diálogo franco entre um casal de idosos, que ao acordar cedo, ainda na beira da cama, conversavam sobre as coisas da vida e as dificuldades de uma relação amorosa depois de certa idade.
Quando ela leu, tive que assistir os olhos da professora encherem de lágrimas. Ela, então, me disse empolgada: “Murillo, você tem uma capacidade sem igual de se passar por personagens que nunca foi na vida”. Nunca mais esqueci daquele elogio.
Aquela fala acendeu em mim que eu sabia como gerar conexão com pessoas. Essa história conta como o poder da história faz com que pessoas se conectem. Foi ali que aprendi que o mais importante para qualquer leitor era ver-se nos textos de alguma forma.
Todos gostam de pertencer e ser parte de uma realidade durante uma história. Este, acredito ser um grande triunfo para engajar bons leitores com meu conteúdo. Se nós aprendermos a entender o universo que está a volta de quem consome o que produzimos, poderemos gerar uma conexão forte com ele.
Escrever é conectar-se com pessoas
Provavelmente já aconteceu com você de estar vendo um filme ou estar lendo um texto, ouvindo uma música ou até mesmo escutando alguém contar uma história e ter a impressão de que aquilo está em total concordância com o que você pensa, vive, sente ou imagina naquele momento.
É justamente este sentimento de empatia que precisamos gerar em nossa audiência. Ela tem que sentir-se parte daquela situação.
A publicidade acordou para isso já tem um tempo. Clientes engajam mais quando vêem um recorte da sua vida nas propagandas.
Durante todos esses anos escrevendo para a internet, sempre percebi que a conexão com a realidade de alguém não só retém mais as pessoas em seu conteúdo como também faz com que ela sinta que você é o porta-voz dos sentimentos delas.
Se você quer gerar autoridade junto da sua audiência, deve fazer com que todos se identifiquem com o que diz. Assim, você será naturalmente uma referência. Já imaginou se você ocupa o lugar de falar por todos os seus clientes, leitores, consumidores e pelo setor em que atua?
Com muita frequência recebo determinado tipo de comentário em meus textos que geram em mim uma alegria e ao mesmo tempo me faz ficar intrigado. Ao final da leitura, sempre peço a opinião dos leitores. Alguns deles escrevem: “Uau! Você foi capaz de me descrever totalmente neste artigo!”.
Percebi que o engajamento deles tem a ver com a capacidade que tenho de entrar no mundo ideal do leitor. Desde então, este tem sido um dos meus objetivos como produtor de conteúdo. Apesar de já ter te dado uma dica importante, precisamos conversar de maneira mais profunda aqui sobre ser capaz de gerar conexão com pessoas.
Seu público precisa ter uma ligação forte com tudo que você produz
Como, então, ser capaz de criar essa tal conexão? Para que um conteúdo realmente tenha sucesso e seja capaz de trazer mais relevância e autoridade, você precisa fazer um exame de empatia. Aqueles que desejarem lhe acompanhar têm que olhar para seu conteúdo, e até mesmo para você como produtor, e imaginar que você o representa completamente.
Quando encontramos alguém que tem a capacidade de descrever situações em que enfrentamos, que seja capaz de colocar-se no nosso lugar das ou de capturar os comportamentos de uma classe de maneira empática é bem mais fácil de engajarmos.
Conexão se transforma rapidamente em engajamento real. É por isso que coloquei a conexão como um dos pilares para realmente construir conteúdos capazes de tornar uma pessoa, marca ou produto, uma autoridade dentro de determinado nicho.
Só a conexão tem uma grande força de trazer pessoas para perto de um diálogo e torna-se peça importante na hora de comunicar-se de maneira mais precisa e imediata com um público.
Se você quer não só construir uma imagem de autoridade, mas também ter seus conteúdos sendo consumidos por sua audiência, terá que aprender a conversar conforme as pessoas que quer atingir conversam, a pensar conforme eles pensam e até a descrevê-los conforme eles gostam de ser descritos.
O conceito de rapport
Você pode nunca ter ouvido falar sobre isso, mas é fundamental para quem quer gerar mais conectividade com uma audiência que conheça pelo menos um pouco sobre este assunto.
Rapport é uma palavra originalmente francesa. Não tem uma tradução literal para o português, mas está dentro dos conceitos da programação neurolinguística. De maneira simples, pode ser compreendido como técnicas de estabelecimento de confiança, harmonia e cooperação em qualquer relação.
Resumindo, é um modo para criar uma ligação de sintonia e empatia com outra pessoa ou grupo. Sabe quando você experimenta a sensação de aproximação com outra pessoa ou grupo de maneira imediata? É disso que estamos falando. Precisamos dessa conexão com o nosso público.
A teoria do rapport pode ser aplicada em conteúdo. O rapport tem grande relevância como estratégia de argumentação. Isso quer dizer que qualquer um que faça conteúdo, pode gerar a sensação de aproximação demonstrando interesse no posicionamento do outro como busca da resposta empática.
Como gerar rapport no conteúdo?
Para ser capaz de conversar melhor com pessoas e conectar-se com elas existem algumas maneiras muito boas:
Faça questão de ter entender o histórico do ponto de vista delas. Assim, elas tendem a não retalhar nenhuma ameaça a suas ideias.
Construa pontes de empatia que exige aquilo que chamo de sorriso na linguagem. Não queira confrontar à primeira vista. Seja capaz de prepará-la para uma nova abordagem.
Cuidado com posturas muito radicais. Se disser coisas muito impopulares, existe grande chance de afastar mais ainda as pessoas. Você precisa se importar com seu interlocutor.
Demonstre sempre equilíbrio emocional considerável, isso quer dizer, aprender a, por meio de palavras e expressões, a considerar determinada postura, mas sempre com maturidade e responsabilidade.
Cuide do seu tom de voz. Assim como na fala oral existe maneira mais inteligentes de se comunicar, na linguagem escrita temos sempre que usar um tom mais explicativo a conversa.
Não atropele os argumentos. Faça questão de demonstrar cada um deles dentro de um ritmo da conversa. Isso é, usar da intensidade de voz, mas sempre tentando medir o que se passa na cabeça do outro naquele momento.
Seja capaz de escolher realmente cada palavra que vai utilizar. Não produza as ideias de qualquer jeito como quem produz para um diário.
Lembre-se que na linguagem não-oral os gestos não existem, o que exige muito mais cuidado e calma para escrever e transmitir as ideias.
Algumas dicas extras que podem funcionar bem
Algumas das técnicas de rapport mais famosas são aplicadas nos mais diversos contextos. Na área comercial, nos relacionamentos amorosos, na arte da sedução ou em tudo que é necessário uma empatia imediata.
A mais conhecida de todas as técnicas de rapport é o espelhamento, que consiste em, basicamente, imitar alguns elementos da linguagem corporal da outra pessoa para gerar a sensação de conexão.
Estamos falando de literalmente, começa a espelhar a postura, os gestos mais frequentes, a intensidade das expressões faciais e até mesmo o jeito de falar e respirar para que no subconsciente, haja a sugestão de empatia. É claro que toda essa teoria é feita para a linguem física, mas podemos adaptar para o conteúdo.
Gerar reciprocidade precisa ser imediato no caso de textos. O jeito mais fácil de lidar com o rapport no caso dos textos é encontrar interesses, dores, situações em comum e trabalhar ideias de empatia e confiança com seu público.
Para escanear esse interesse, você pode realizar perguntas sobre o comportamento, sobre as prioridades, sobre o que realmente movimenta sua audiência a uma ação?
O caminho para gerar conexão passa pela boa leitura da realidade. Pergunte-se, inicialmente:
Qual é a coisa mais importante para meu público?
Qual é a maneira com que ele enxerga valor em algo?
Como ele pode sentir que sou essencial na vida dele?
Quais são os valores éticos, morais, políticos, sociais mais essenciais para eles?
Qual é a linguagem que ele prefere conversar?
Faça uma lista de todas essas coisas. O rapport, quando aplicado a conteúdo, pode se tornar o jeito mais intenso e rápido de gerar conexão e engajamento com um público.