Vai acontecer com você. Um dia, vai acordar e perceber que todos seus amigos já não estão tão disponíveis como antes. E apesar de manter o mesmo carinho por determinadas pessoas, algumas entram em fases que não combinam mais com nosso estilo de vida. Sim, as pessoas também passam.
A proximidade com os trinta anos tem me mostrado que conforme o tempo corre mais difícil fica manter bons amigos. Um dia, vai estar dividindo uma mesa com uns amigos e perceber que tanto faz você estar ali ou não.
Não os odeie. Com a idade, a disposição para se ver é menor mesmo, tudo parece mais importante que o antigo churrasco despretensioso, o almoço impulsivo no meio da semana ficará mais improvável e até o telefonema inesperado sem assunto será cada vez mais raro.
Por alguma razão insondável, chega um momento na vida que torna-se inviável apenas alimentar um convívio frequente com bons amigos.
Há quem diga que melhores amigos mesmo nunca se distanciam, o que é, em certa perspectiva, uma verdade essencial. No entanto, mais dia ou menos dia tudo ficará diferente entre vocês. Nunca saberão explicar o que exatamente houve com a inabalável amizade e jamais conseguirão especificar porque não andam mais tão juntos como antes.
Não é falta de amor, mas algo estranho acontece
Você ainda sentirá um carinho especial por certas pessoas, mas quando se der conta, não as terá mais de uma maneira tão acessível. Não adianta culpar as longas aventuras da vida, os afazeres intermináveis do dia-dia, a rotina massacrante ou qualquer outra coisa. Quando ver, estarão em outra frequência.
A partir daí, ficará evidente uma mudança. Quando notar, as pessoas que você conversa sobre seus problemas pessoais com frequência já não são mais as mesmas. Por um momento, aquelas que outrora te apoiaram em alguma fase importante da sua vida ficarão arquivadas numa caixinha decorada do afeto, mas não corresponderão mais a aquelas que você liga em caso de emergência — mesmo que elas digam “qualquer coisa me liga”, “Pode contar comigo” e “estaremos sempre juntos”.
No dia que perceber este fenômeno, terá a mais breve e sorrateira sensação de saudade eminente referente a um tempo que ficou para trás, mas vai saber entender que os deveres/faculdade/trabalho/família ou qualquer outra desculpa comum, já tomou a sua mente para te convencer que a ausência de um na vida do outro é um acaso inevitável da vida.
Aprenda a sair de fininho
Não espere ter que lidar com a verdade de que você já não faz tanta diferença na vida dos seus amigos. Quando sentir-se sozinho mesmo acompanhado deles, faça questão de ir embora aos poucos.
Não espere alguém fazer questão da sua presença, não deixe com que lembrem de você só em horas oportunas e não se pegue implorando para participar de algo que estejam promovendo para entender que é hora de ir embora.
Não espere com que você não faça mais tanta falta como antes ou que se flagre apenas como mais um componente em um grupo dinâmico de pessoas com alguma afinidade para chegar a conclusão de que deu o tempo naquele grupo.
Aprenda que não é maldade deles, mas que um dia, seus amigos não farão mais questão de você. E tudo bem. Nesse dia, não os julgue. Apenas os ame como uma parte boa da sua vida.
Há amigos que realmente amamos como irmãos, mas que devido a muitas outras variáveis da vida, não conseguirá mais conviver. Um dia vai notar que, de tempos em tempos, a vida vai te arrancar algumas pessoas na marra e você vai perceber que era hora de ir embora ou de deixar os amigos irem em paz.
É nessa hora que precisa entender que não podemos, por mais esforço que possamos fazer, manter todos ao nosso redor para sempre. Troque de amigos no menor sinal de indiferença. Sem medo. Sem se preocupar com o que deixou para trás.
Bons amigos cabem no bolso e não devem estar na enorme bagagem de mão. Não tenha medo de ir embora de algo não recíproco. Há amizades que são genialmente ligeiras. Ser amigo nunca foi questão de tempo, mas de disponibilidade..