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Quero sair do meu emprego, mas por onde começar?

Acredito que um dos assuntos que mais recebo perguntas é referente a como foi o processo da minha saída do emprego para me aventurar no universo de ter a própria empresa.

A coisa mais importante a se saber é se esta é apenas uma decisão emocional ou se, de fato, esta decisão o fará alguém preparado para as consequências. Digo isso porque tenho notado que nem todo mundo pode tomar essa decisão. Infelizmente, sair do emprego com a ideia mágica de que isso trará tranquilidade e te fará trabalhar menos é uma bobeira. Essa é uma parte, mas precisamos considerar o todo.

Todo mundo que me acompanha sabe que não sou nenhum guru de palco do empreendedorismo moderno, a minha proposta é falar sobre o meu caminho e o que tenho aprendido com essa nova jornada que assumi em minha vida.

Bem, voltando ao assunto, para ser mais exato, as dúvidas que me fazem são sobre como saber qual é o momento mais propício para pedir as contas, o que levei em conta na hora de tomar esta decisão e como me senti seguro para essa nova fase.

É claro que minha experiência não pode se tornar uma regra de prática. Cada caso precisa de uma análise à parte. No entanto, quero dividir o meu caso para tentar abrir mais a mente de todos sobre este assunto.

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Considere a real possibilidade de sair do emprego

Eu me vi muitas vezes cheio de ideias, planos, metas e projetos. No entanto, comecei a notar que não tinha feito muita coisa para que aquilo se concretizasse de fato. Era um congelamento de realidade.

Sempre acreditei que a ideia de não ter emprego com salário fixo estava muito longe da minha possibilidade. Por isso, nunca tomava a iniciativa de sentar, colocar todos os planos no papel e planejar as possíveis ações. Notei que apesar de sonhar, nunca havia reservado um tempo ponderando se era realmente era viável ou não a minha decisão de sair.

Eu gosto de comparar isso com a ideia de fazer um orçamento. Todo mundo está cheio de ideias, mas elas acabam indo para a gaveta porque simplesmente ninguém teve a ousadia de fazer o cálculo dos recursos que precisaria para executar a ideia. Parece uma coisa bem boba, mas muita gente acaba congelando-se porque simplesmente não sentaram, fizeram planos e cálculos de viabilidade.

Como eu almoçava sozinho, um dia, saquei uma caneta do bolso e coloquei alguns planos num papel de guardanapo. Tentei imaginar o valor que precisava para me sustentar por mês, onde poderia economizar atualmente, todas as tarefas que sou competente a fazer, quais serviços poderia oferecer, quem seria meus clientes potenciais, quanto precisaria guardar por mês para um planejamento de um ano e dois anos… simplesmente projetei.

Esse primeiro passo foi fundamental para me ajudar a identificar melhor a ideia. Assim, veria como poderia me organizar e com quem poderia contar neste sonho.

Capacitar-se nunca é demais

Independentemente do nível de experiência que você tenha com sua profissão, dos anos que está no mesmo ramo, sempre é preciso aprender mais sobre um mercado. Ainda mais se você pretende não contar mais como a estrutura e equipe de uma empresa estabelecida para descobrir seu novo mercado.

Portanto, antes de dar um passo seguro em direção de uma nova jornada, comecei a pesquisar muito sobre a minha área. Fui atrás de cursos online, pesquisei materiais extras por conta, comecei a acessar sites especializados e a ler mais sobre o tema, assinei todos os materiais que eu poderia obter sobre as minhas áreas de atuação, identifiquei os especialistas na minha área. Submergi no universo que precisava dominar.

Cheguei a verificar se existia uma nova modalidade de graduação ou pós graduação, mas como me dediquei bem nas pesquisas acabei encontrando muita coisa na internet que já me ajudou muito. Aulas, vídeos, tutoriais, e-books…

Se você vai mudar de ramo, o trabalho é ainda mais delicado. É preciso não ter medo de investir recursos em capacitação, seja ele tempo ou dinheiro. Pense nisso realmente como um investimento que lhe trará retorno posteriormente.

Planejar-se em todos os sentidos

O que trouxe muita segurança na hora da tomada de decisão foi saber que eu já poderia escanear um pouco do terreno que eu ia pisar. Claro, não é possível ver todos os pequenos trechos de uma caminho que estamos descobrindo, mas o planejamento foi realmente a principal parte para saber onde pisar.

Foi preciso planejar não só a minha estratégia de atuação, mas também a minha vida financeira, os meus planos futuros com minha família, os passo que eu ia andar. Tudo bem detalhado e com um cronograma que hoje, sigo a risca.

Planejamento nem sempre é a parte mais fácil. Por isso, se você tem dificuldades, existem muitos profissionais que podem lhe auxiliar nesta etapa. Planejar é projetar, portanto, é preciso considerar todos os possíveis problemas que você pode enfrentar. Tenha sempre plano A, B e C para tudo. Um bom planejamento contempla não só as situações ideias como considerar sempre a reais e concretas também.

Planejar não é escrever meia dúzia de ideias em um papel e contar com a sorte para que elas ocorram. É uma tarefa que precisa de muito tempo para pensar, e, mais tempo ainda para alcançar seus objetivos completamente. Não ande sem guia.

Predisposição ao desconhecido

Uma das coisas que mais nos assusta é não saber direito em que terreno estamos entrando. Alguns encaram isso com certo medo e se vêem presos nas suas possibilidades atuais. Se este é seu caso, infelizmente não será um bom gestor do seu próprio negócio.

Todo aquele que inicia um negócio, apesar de haver muito planejamento, ainda sim se esbarra em decisões que precisa fazer que são uma espécie de aposta. Alguns dos caminhos que seguimos não nos permitem saber onde vamos chegar no seu início. Acho que empreender, de certa forma, tem muito a ver com isso.

É por isso que um dos conceitos que mais gosto de citar é a predisposição ao desconhecido. Isso quer dizer, que no nosso cotidianos sempre nos deparamos com centenas de oportunidades para cruzar as fronteiras do desconhecido, mas sem muita coragem, acabamos ignorando e defendendo a nossa maneira comum de lidar com as situações, inventamos desculpas que parecem até convincentes, saímos em defesa da zona de conforto apenas para não ter que lidar com algo fora da nossa normalidade.

Para amadurecer, eu tive que me jogar a um mar que não conhecia completamente, apenas com um barco e aulas de navegação. Predisposição ao desconhecido é o que nos empurra para fora de uma vida monótona e desafia os nossos limites.

Mãos à obra

Depois que passei a considerar todas as coisas anteriores, foi a hora de pensar o que realmente eu precisava fazer, ou seja, atitudes concretas a serem tomadas, caminhos a trilhar, desde os pequenos até as longas distâncias.

Além disso, também foi necessário me equipar de métodos que me dissessem se eu realmente estava conseguindo ir para o caminho certo ou se apenas estava me enganando nos resultados. Nós nos sabotamos muito, portanto, é preciso adotar ferramentas para evitar essa auto-enganação.

Essa é a parte que mais nos dá um susto. Confesso que depois que abandonei o meu trabalho, nos primeiros dias foi um certo alívio e alegria, mas quando precisei mesmo colocar tudo que tinha pensado em prática tive que trilhar pequenas metas e estratégias que me levasse para a disciplina, para a organização, para a determinação como nunca em minha vida antes.

Por um outro lado, quando eu percebi que podia fazer o que realmente estava apto para fazer sem impedimentos e ainda ter a liberdade de tempo que não me sufocasse, o drama todo valeria à pena. Agora mesmo, estou em um café terminando este texto.

Botar a mão na massa é tão importante quanto planejar. Por isso cada passo aqui torna-se importante para a construção de um todo. Conheço muita gente que saiu do emprego sem planejar e acabou se vendo sem recursos e sem saber para onde ir por falta de planejamento, mas também vi gente obcecada com planejamento, que nunca teve a ousadia de apostar em tudo que planejou detalhadamente.

Planejar e agir tem que ser estar juntos. Não adianta apenas revisitar todas as planilhas, mas nunca avançar. Ficar com medo de fazer uma ligação e depois reagendar tudo no planner novamente. Deixa para agir somente quando “a coisa tiver mais corpo".

Sempre ficaremos com medo de que nunca tenha planejado o suficiente, mas sempre precisaremos agir antes que o tempo certo se passe.

O caminho para começar

Sempre que me perguntam por onde começar, digo: "Comece pensando o que quer fazer, se esta atividade lhe é viável, se você tem competência suficiente e depois aonde quer chegar com isso. No meio, descobrirá seu próprio caminho, se tiver seguro."

É claro que este o meu caminho pode lhe ajudar na sua jornada, mas só você poderá saber o que fazer. Para resumir: Se está com vontade de trabalhar, se tem uma ideia que é viável, prática e comercializável, se tem coragem e ousadia de fazer as coisas acontecerem custe o que custar, não há como dar errado. O caminho é longo, mas não existe ninguém que pode trilhar por você.

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