depressão

A depressão do seu funcionário é seu problema sim!

Depressão não é frescura. Não é questão de falta de motivação. A doença tem crescido muito dentro do ambiente corporativo. O que sua empresa tem a ver com isso? Tudo.

Em 2016, segundo um relatório da OMS, estima-se que mais de 75 mil brasileiros foram afastados do mercado por causa da depressão (eu ainda acho que é maior). O Brasil é o líder mundial em casos de ansiedade e o quinto em depressão. Os transtornos mentais já são o terceiro motivo entre as causas de concessão de benefício auxílio-doença e afastamentos. Até 2030, a depressão será a doença mais comum no mundo.

É claro que muitas empresas têm acordado para esta realidade e feito um trabalho bem interessante frente a esta preocupação, no entanto, a grande maioria acaba ficando apenas com a mente no prejuízo e fingindo uma preocupação sem atitudes. Por isso, muita gente sofre calado dentro das corporações.

Eu trabalhei em uma empresa que os funcionários não poderiam ter um diálogo aberto com a instituição porque sempre os gestores tinham a tendência de achar que é apenas "corpo mole" dos colaboradores. Isso é crônico e preocupante. Além disso, normalmente, os gestores passam a ver as pessoas como uma peça que precisa de conserto e não como uma pessoa que sofre algo sério e destrutivo.

Quando a coisa é realmente grave, tudo que oferecem é a sua pena. Zero compreensão e paciência. Por isso, acredito que precisamos tratar este assunto com tamanha seriedade e aprender não só a fazer campanhas dentro das empresas, mas realmente ter atitudes de colaboração e empatia.

O que eu posso fazer pelo meu colaborador ou pelo meu colega?

Se você acredita que existe um colega de trabalho, alguém na sua equipe ou um companheiro de profissão que está em um quadro depressivo, quero te dar umas dicas bastante importantes:

  1. Jamais diga para ele não tomar remédios.

  2. Nunca diga que é só uma fase e que vai passar logo.

  3. Você não pode tentar comprar seu trabalho com mais dinheiro.

  4. Simular um ambiente “good vibes” com campanhas de RH não ajudam.

  5. Não adianta ficar dizendo clichês de nenhuma espécie.

  6. Converse sobre terapia com ele. E nunca o impeça de ir. Encoraje-o.

  7. Não insista para que mude sua aparência. Isso não resolve.

  8. Não finja que está tudo bem. Esta é a pior ajuda que alguém pode dar.

  9. Viver falando para ele “botar um sorriso no rosto e seguir” é inútil.

  10. Não mande ele esquecer sua depressão durante o expediente.

  11. Nunca diga que suas atitudes são fingimento, frescura ou “corpo mole”.

  12. Julgar a razão da depressão de alguém só piora a situação.

  13. Não queira o levar para seu culto ou religião. Deixe ela se encontrar.

  14. Não cobre mudanças sem apoiá-los de verdade.

  15. Depressão não tem a ver com falta ou excesso de dinheiro.

  16. Estar depressivo não é estar triste.

  17. Nunca compare a vida dele com de outra pessoa.

  18. Não finja se importar se não se importa.

  19. Nunca desista de alguém depressivo.

  20. Ela não vai “fazer um esforcinho” se você também não fizer nada para ajudá-lo.

Se você é gestor, o que você está fazendo em frente a isso? Se você é funcionário, como você está disposto a mudar isso?

É preciso tratar o assunto de maneira correta e fazer um encaminhamento para uma médico responsável e o mais importante: Apoiar sempre como humanos que entendem que qualquer pessoa está suscetível a sofrer com isso. Sim, qualquer um pode ter que enfrentar algo semelhante um dia. Ajudar é mais do que falar.

Não precisamos de gestores que pensem apenas em evitar futuras dores de cabeça na justiça, mas que vejam que a condição de saúde do seu empregado é o maior bem dentro da sua empresa.

Chega de fingir, é preciso aprender a cuidar. Como você tem se tornar um ajudador?

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Por que sua vida é chata (e você provavelmente não vai fazer nada para mudar)

“Chega logo Sexta, sua linda.” postou uma colega na sua timeline. Achei cômico, mas fiquei me perguntando se existia uma mensagem real por de trás daquela inofensiva piada manjada.

Bem, não é preciso ir muito longe para notar a insatisfação, sobretudo dos jovens, com o nosso modo de vida. Converso com amigos que sempre me queixam que perderam a motivação de viver, trabalhar, estudar e existir.Tudo está sem forma e sentido. O que aconteceu?

Creio que não trata-se de uma depressão coletiva e generalizada, mas tenho a sensação de que precisamos superar este modelo. A constante sensação de falta de tempo por nos sujeitar a sermos seres multi-tarefas, condição tipicamente louvada no momento que estamos, está atrapalhando nosso maneira de ver a vida.

Nada escapa dessa desmotivação universal. Estamos decepcionados em nossos relacionamentos afetivos porque além de buscarmos um ideal inalcançável, ficamos aguardando relações perfeitas que não existem. Isso acaba em desencantamento. Nenhuma pessoa parece ser interessante para nós. É sempre alto/magro/baixo/gordo demais. Exageradamente pegajoso, embaraçosamente livre. Estamos esperando o que nunca virá.

No trabalho, temos sempre a sensação de que temos corrido atrás de um lugar inatingível. Nos sentimos obrigados a levantar e cumprir as oito horas diárias, a fazer os maçantes cursos motivacionais promovidos por recursos humanos que não saíram da década de 90, temos que aguentar os chiliques dos chefes obcecados pela grana e que ainda mandam e-mail abusivos cobrando metas/resultados absurdos. E o mais triste é que temos que fingir produtividade e forjar uma alegria para não sermos demitidos. Desejamos empreender, mas somos desencorajados porque temos que pagar as contas de casa. Queremos pedir demissão, mas os boletos nos fazem não ter coragem de se repensar. Encarar uma outra profissão nunca é possível.

Culturalmente, estamos rasos. As universidades não estão comprometidas com o ensino genuíno, mas sim com seus formatos de ensino vagos e com seu único viés doutrinário individualista, monetizável e não-colaborativo para formar robôs. Só de pensar em pós-graduação já temos preguiça. A americanização do cinema é irritante. As músicas obscenas enjoam. Os livros mais vendidos são feitos pelos homens mais charlatões que se tem conhecimento.

A política foi assassinada pelo ceticismo clarividente e pela polarização partidária doentia que nos empurra para radicalismos insuportáveis. Cada vez que ouvimos algo sobre o assunto, temos apenas vontade de abrir uma cerveja e ligar a Tv em qualquer dos mais de 600 canais inúteis que assinamos.

A espiritualidade já alcançou um ceticismo absurdo e não levamos mais a sério o que não podemos ver. Pensar na hipótese de transcendência é coisa exclusivamente de monge tibetano. A ideia de deus virou uma obra de Monteiro Lobato. Igreja virou sinônimo de arapuca e líderes religiosos sinônimo de canalhice. Não se tem mais fé em nada a não ser no próprio ser humano que não consegue sequer controlar um músculo do esfíncter para acabar com uma diarreiazinha qualquer.

Ganhar dinheiro nunca foi tão difícil. Dez dias depois do salário o menino que faz malabares na rua é mais rico que você. Verba sempre nos falta por mais que investimos bastante tempo em ganha-lo. Quanto mais recursos conseguimos, menos podemos aproveitar.

A família mudou. Os primos já não arrancam tampão dos dedos nos quintais. As mães já não deixam de castigo. Os pais já não falam “não”. Tragicamente, só nos restou imagens brilhantes de “Bom dia” nos grupos de Whatsapp.

Fazer uma viagem é o novo sonho de consumo. Mochilão é a nova meta de vida. Ter um pouco de lazer é um luxo. Não porque é caro, mas porque não temos mais tempo.

A vida pessoal não tem particularidades. Tudo é publico. Tudo é social. Tudo é compartilhável, postável, tuitavel, blogável, curtível. Nós não vamos na academia se ela não tiver wi-fi. Trocamos a rede entre os coqueiros pela rede de computadores.

Não. Não sou um profeta do caos e esse não é um texto apocalíptico. Não vou culpar o capitalismo pela falta de empatia, as redes sociais pela falta de afeto, os pais pela falta de educação, o governo por falta de recursos, a mídia pela falta de informação, os políticos pela falta de decoro, a Deus pela falta de gente humanizada, a culpa é toda nossa que escolhemos não sair do lugar comum.

Não há esperanças para quem é apenas um consumidor passivo de tudo que lhe é oferecido. Não há como sair dessa, exceto se refazermos o caminho na contra-mão. E para isso acontecer, a gente tem que começar de algum lugar.

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