casamento

EU QUERO REPARTIR MINHA VIDA COM VOCÊ

Eu preciso que esteja disposto a repartir a vida comigo.

No amor, a gente não pergunta muito qual é o motivo das coisas acontecerem como aconteceram. Nunca procurei encontrar uma razão plausível para te querer tanto assim, mas o que aconteceu foi que acabei achando várias delas.

Preciso que reparta a vida comigo. Ter a sensação de saber que estará comigo quando o dia for difícil, a certeza de ter sempre um abraço quente quando precisar e poder dividir uma noite bem dormida com a tranquilidade que não vamos sair dali é meu melhor momento do dia.

Preciso que reparta a vida comigo porque adoro esse seu jeito meio doce de rir, a maneira que sem querer olha para minha boca, o jeito louco de falar quando precisa que eu seja quem você precisa, porque quero ter a liberdade dos domingos livres para podemos nos programar da maneira que bem entendermos.

Preciso que reparta a vida comigo porque não importa se você sabe cozinhar um prato especial que sua vó ensinou ou não saiba nem fritar um ovo de gema dura, podemos descobrir nosso menu especial sozinhos, poderemos beber um bom vinho no copo de requeijão e rir demais dos nosso planos absurdos para o futuro.

Preciso repartir a vida contigo para me conduzir a cama depois de ter cochilado no meio de um filme e mesmo que ache graça das minhas palavras sem sentido no meio da sonolência e no dia seguinte me pegar negando tudo enquanto você se mata de rir.

Preciso que reparta a vida comigo para que me ache incrivelmente linda ainda que eu mesma não esteja gostando da minha roupa, da franja do meu cabelo, da minha maquiagem preguiçosa e para deixar de procurar sentido em uma balada com gente solitária e sair dela insatisfeita com as grosserias ouvidas.

Preciso repartir a vida contigo para ter certeza que amor ainda é o que nos faz respeitar mais profundamente, para experimentar escolher ficar juntos na crise existencial, para sentir amado e amante quando desconfiarmos da vida, para usufruir da capacidade de respeitar e amar alguém toda hora.

Preciso de você porque agora, eu finalmente posso ser eu mesma e não ter que ficar tentando convencer o mundo que sou uma pessoa legal, mas ao mesmo tempo, não ter medo de dizer que encontrei um sujeito que me entende.

Preciso repartir a vida contigo para não me acostumar a perceber você me olhando de uma maneira particular em relação a outras pessoas que convive, para saber que existe alguém que entende minhas complexidades mais malucas, minhas agonias mais sinceras, minhas ansiedades mais estressantes, meus desejos mais escondidos e também minhas inquietudes mais vorazes.

Preciso que queira repartir a vida comigo para ter com quem contar quando quiser ficar conversando até tarde sobre tudo e todos, e que entre um bocejo e outro venha a disposição de ajudar, para que sempre reconheça em mim uma parceria em tudo que for fazer, mesmo naquilo que parece ser uma tremenda roubada.

Preciso que esteja disposto a repartir a vida comigo porque preciso amar alguém bem mais do que eu aprendi a me amar. Eu preciso repartir tudo que sou com você. E vive-versa. Eu quero repartir minha vida com você. E tudo que sou.

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SE CASEI, DEPOIS ROMPI. IMPORTANTE É QUE EMOÇÕES EU VIVI

Casei aos vinte e cinco anos. Vivi, sem dúvida alguma, os melhores momentos da minha vida ao lado de alguém que era minha melhor amiga, que era o tipo de pessoa que eu sempre quis, que tinha uma sincronia absurda nos planos, nos sonhos, nos gostos e até nas músicas do Spotify e filmes do Netflix. Ela era uma das pessoas que mais confiei no mundo inteiro.

E, mesmo depois que tudo acabou, não vejo como um carma a ser anulado, um capítulo a ser arrancado, mas insisto em dizer por aí que: Meu casamento foi tão real, intenso e maduro que deu certo na maior parte do tempo, apenas não resistiu aos ferimentos mais insignificantes. É como aquele médico premiado que está sempre atento a tudo, mas que não deu bola para os pequenos arranhões.

A melhor parte de ter sido casado é que posso sim me gabar de ter alcançado um novo patamar de realidade do amor. Amei inteiramente, da melhor maneira que pude, com os melhores recursos que tinha em mãos na época, mas aprendi que até mesmo as coisas mais concretas, exatas e intensas nessa vida podem sofrer mudanças sem razão.

Durante todos os anos que dividi com ela o melhor e o pior de mim, tive que me encolher diante de determinados momentos que priorizávamos o coletivo, mas também pude ter a tranquilidade de ser a mim mesmo na mais pura versão, e mostrar-se diante de outro sem medo de ser julgado errado. O casamento nos dá a honra que não conseguir vestir máscaras.

Hoje, chegando quase aos trinta anos, percebo que não sou o único que está em um momento de vida onde quase todos os amigos estão casando-se, pretendem ficar noivos ou estão indo nessa direção. E respeito muito isso.

Quando converso com eles sobre este assunto, dizem-me três coisas: Que esse passo a frente representa para eles a conquista de um sonho de criança; Outros enchem a boca para dizer que esta decisão lhes ajudam a encontrar também a sua essência como pessoa; e tem ainda os que afirmam categoricamente que esta foi a pior decisão da sua vida e transbordam arrependimentos. Eu confesso que não me encaixo em nenhum dos três casos.

Desde de muito menino quis ter família. Sempre quis dedicar minha vida a cuidar da minha casa, dos meus filhos, da minha esposa como quem guarda um tesouro. E isso não mudou.O que mudou foi quem eu sou hoje. Ainda insistirei neste projeto, e mesmo sensibilizado, acredito que quem tem amor, tem tudo.

Eu acreditei que somente o casamento poderia realizar-me como amante e sujeito amado, que só quando eu me dedicasse exclusivamente a alguém é que poderia experimentar o amor na sua forma mais profunda. E ainda não perdi isso de vista, apenas sei hoje, que além disso, é preciso construir uma reciprocidade inquebrável e ter espaço para as individualidades também.

Eu sei, depois que assisti o fim da minha relação considerada saudável e amigável, notei que amar é muito mais que assumir um compromisso sério com alguém, rezar a cartilha da boa convivência e do romantismo,  que aprender a ignorar determinadas situações, trabalhar duro para conquistar coisas juntos, investir em experiências de entrega total e renegar aos desejos individuais. Estar em um relacionamento exclusivo com alguém, tem que ser a maior e mais sinceta troca mútua do universo, em tudo.

As minhas ideias sobre amor, sobre relacionamento, sobre conviver, sobre se entregar, sobre experimentar e viver um amor intenso, não mudaram. O que mudou, foi eu. Eu que passei a levar ainda mais a sério tudo isso.

Sei hoje, que o primeiro passo é ter a consciência clara que um amor só tem chances de prosperar de verdade, quando duas pessoas acreditam e valorizam o mesmo projeto na mesma intensidade, mesmo sendo diferentes. A união não está nas personalidades, mas naquilo que querem para si.

Estou totalmente convencido que relacionar-se com alguém envolve tantas dificuldades que nem imaginamos, mas que a única que tem que ser levada a sério é a força de vontade de fazer a coisa dar certo. Amar é sim insistir. Não naquilo que já morreu, mas naquilo que nos faz viver.

Eu faria tudo de novo. Não me arrependo de nada que tenha vivido no casamento. Hoje, tenho a convicção, que os amores perfeitos acabarão enforcados no altar da falta de humanidade. Amores que se acham intermináveis são aqueles que precisam de mais cuidado.

Amar as pessoas como elas são, respeitá-las honestamente e fazer questão de ficar são prioridades no amor. O resto é só formalidade.

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