A minha vida em aeroportos me trouxe muita aventura. Normalmente, quando encontro alguma personalidade famosa eu apenas o deixo ir em paz. Não faço o tipo tiete. Manter-se na sua insignificância pode ser saudável.
Acontece que, numa dessas filas de espera de embarque, tive a oportunidade de estar atrás de um homem que admirava muito. Meu respeito por ele não é somente por vê-lo como uma referência no estilo de vida que levava — Sim, ele já faleceu — mas por ele ter sido reconhecidamente um homem muito próspero em algumas áreas da vida e conhecido por ter uma sabedoria inestimável que o levou ao sucesso em tudo que fazia.
Quebrei o meu protocolo. Eu tinha alguns minutos para tentar arrancar o melhor aprendizado das diversas experiências que ele tinha. Era uma oportunidade única. Botei-me a pensar em como aprender um pouco com ele.
Tinha a chance de escolher uma ou duas perguntas para lhe fazer. Virei-me quase que completamente, quebrei o gelo com um comentário genérico e, em dada altura da conversa, questionei:
— Admiro demais você. Permita-me perguntar: A que o senhor atribui seu conhecido sucesso?
Ele virou os olhos para mim com pena da minha juventude evidente, colocou a mão nos meus ombros e como se quisesse que eu nunca mais esquecesse, me disse enfaticamente:
— Prioridade.
E quando eu já ia questioná-lo, adiantou-se:
— Aprendi nessa vida, que de tudo que faço, penso, vivo…. que de todas as pessoas que conheço, converso e convivo, de todos os lugares que morei e estive visitando, de todas as situações que presenciei, e de todo o tempo que tive na vida, apenas 2% são realmente importantes. Os outros 98% são tão desimportantes e irrelevantes ou não necessitam de prioridade.
Fez uma pausa proposital para ter certeza que eu prestava a atenção e continuou:
— Então, garoto, durante toda minha vida eu tentei focar justamente nos 2%. Os 2% das tarefas importantes, os 2% das pessoas importantes, os 2% dos pensamentos importantes, os 2% do tempo que realmente me deram significado a tudo isso que é a vida.
Como uma vaca ruminante, meu cérebro ficou maturando essas palavras durante dias. Naquele vôo, comecei a perceber que realmente aquelas palavras tinham um tanto razoável de sabedoria.
Um papo sério sobre prioridade
Toda vez que penso que estamos diante de um mundo cheio de tarefas, eu me lembro que a vida não é sobre sobrar tempo para realizar as coisas, mas sim sobre escolher o que vamos fazer.
A nossa desculpa de estimação para o não-cumprimento de um objetivo é qualquer variante de: “Eu simplesmente não tenho tempo para isso”. É por isso que nunca começamos a academia, é por isso que negligenciamos os caprichos da dedicação em um relacionamento, é por isso que disfarçadamente escondemos os insucessos debaixo do tapete das ocupações.
A ideia da escassez do tempo pode até ser verdadeira, mas também existe algo incontestável que precisa ser considerado. A ideia de ser uma pessoa bem-sucedidas está mais ligada ao gerenciamento das prioridades do que da abundância de tempo. Nunca foi sobre o tempo, mas sobre prioridade.
Por outro lado, existe a dimensão em que nem todos os objetivos são realmente importantes. Alguns nem sequer são necessários para uma vida melhor, mas a gente deixou de entender assim. Separar um do outro é que nos confunde e nos faz entrar na mentalidade automatizada sobre o tempo. Desde organizar seu quarto até aprender um novo idioma, ambos tem a ver com o tempo e com as escolhas.
Um conselho que vos deixo
Tenho aprendido, mesmo na pouca idade, a esquematizar um sistema de prioridade que faça algum sentido. É claro que sistematizar rotinas podem sim ter uma complexidade imprevisível em um simples texto de blog, mas mesmo assim, aqui vão algumas provocações.
Pensar sobre o que está no topo da nossa prioridade é fundamental. No meu caso, procuro deixar aquilo que dá condição de energizar-me — não no sentido místico, mas no físico e mental — , ou seja, é toda e qualquer realidade que me dá condição de me sentir bem.
(Parênteses obrigatório. É preciso ponderar que quando digo “sentir-se bem” não me refiro a aquele sentimento de satisfação contínuo a qualquer custo que adoramos idolatrar nos tempo atuais, mas sim naquele sentimento que nos faz ter a percepção de que as coisas estão em ordem.)
Sei reconhecer hoje que realmente preciso focar como preferência na minha vida aquelas coisas que me dão a sensação de alívio existencial e vitalidade. Ou seja, coisas que estão ligadas à saúde da nossa mente, aquilo que tem a capacidade de tocar em nossas almas com delicadeza e que nos faz capazes de recarregar as baterias diante da jornada que é a vida moderna.
Desde um simples exercícios de meditação convencional até um longo cochilo na hora do almoço, se é para me ajudar a construir uma fortaleza produtiva no futuro, é isso que precisamos fazer nossa prioridade. Apenas coloco em primeiro lugar as coisas que me fazem sentir vivo, porque essas são as coisas que realmente devem importar.
Isso não quer dizer ignorar tarefas
Eu sei o que está pensando: “Mas nem tudo na vida é apenas sobre energizar-se.” E você tem razão. Mas perceba como podemos desenvolver uma maturidade básica de prioridade que nos ajuda em diversas situações.
Quando estamos diante de uma tarefa inadiável, apenas devemos fazer ajustes mentais que compense a sensação de perda na sua mente posteriormente. Ir a academia, entregar uma planilha no trabalho, escrever um relatório no final de semana. Isso tudo, por vezes, pode ser inevitável, mas aprenda a recompensar-se.
Quando estou nessa situação, realizo estas tarefas como quem está fazendo algo para conquistar uma nova coisa. Vale rever sem medo a nossa relação com as coisas que priorizamos. Se limparmos a casa, teremos a recompensa de um ambiente limpo. O ideal é pensar na recompensa e não no esforço.
Nesse sentido, estamos num mundo onde o trabalho é o maior de todos os deuses. Isso porque não conseguimos mais pensar no ofício distinto da ideia de dinheiro e remuneração. O trabalho não pode ser prioridade em um lugar onde a saúde mental não está no lugar devido.
Eu realmente já me vi em situações onde meu trabalho ocupava quase todas as minhas horas vagas e isso me fez criar a sensação de que a minha utilidade estava na minha capacidade produtiva. Até que ouvi uma pessoa, certa vez dizer: “Se você tem algo que não pode abrir mão, não é você que tem algo é essa coisa que o tem.”
Prioridade é mais que organização
Acho que aprender a priorizar não é só organizar-se mas é respeitar também a si mesmo. Não vivemos no mundo ideal, mas também não precisamos viver em um que não nos deixa viver. Não existe mundo mágico, mas existe um mundo possívelmente saudável.
O que não te contam sobre prioridade é que não existe nenhuma possibilidade de ter mais de uma coisa como prioridade, as pessoas que fazem os trabalhos mais valiosos no mundo sabem bem em que focar e por isso estão no caminho do sucesso.
Precisamos entender que o tempo é um conceito intangível, e, se não aprendermos valorizar aquilo que realmente importa, fazendo mudanças necessárias e progressivas tentativas intencionais de reorganizar a ideia de prioridade em nossa vida, poderemos estar vivendo uma vida ocupada, mas nada produtiva e significativa.
E se clicou nesse texto só pelo título, sei que não é isso que quer. Faça um esforço sincero e legítimo para encontre sua prioridade. Sem plural. Apenas como o objetivo mais importante da sua vida.
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