critica

O que ninguém te fala sobre a crítica

Eu acreditava ser imune demais às críticas. E na realidade, até era mesmo. Sempre escrevi publicamente, mas com um pouco de investigação, flagrei-me num delito inocente: Descobri que não era imune as desaprovações, apenas era um ignorante demais para ouvir quem pensa diferente.

Sinto-me obrigado a explicar. Sempre achei-me superior a qualquer oposição. Por causa disso, deixei de aprender coisas importantes sobre mim que poderiam ter me levado mais longe ou me ajudado a evitar muitos dos erros que cometi.

Colocar as críticas dentro da nossa convivência pode aparecer completamente sádico. Todo mundo sempre fala apenas de como espantar o lado destrutivo da crítica, mas a primeira coisa que aprendi é que lidar com críticas exige primeiramente que deixemos o lugar do rei para aceitar a nossa humanidade.

Temos vivido tempos de convicções rígidas que cada vez mais tem gerado uma quantidade absurda de pessoas que se acham muito autossuficiente. Temos dificuldade em aceitar, principalmente em uma realidade extremamente competitiva, que não estamos nunca acima de todos.

Agora, é verdade que aprendi com muito custo a saber diferenciar entre aquelas discordâncias que nos ajudam a perceber-se e aquelas que são realmente maldosas e com objetivo destrutivo.

Lembro que quando eu era criança uma garoto dividiu a bola comigo no futebol e no ímpeto da desordem, acabou xingando minha mãe com a clássica obscenidade de garoto. Fiquei enfurecido. A professora — que tenho quase certeza que era a tia Amélia já conhecida dos meu leitores — me disse algo essencial.

Na verdade, ela me fez uma pergunta básica, mas cirurgicamente precisa: — “Sua mãe é essa coisa feia que ele disse?”. Fiquei pasmo. Ninguém nunca tinha abordado dessa maneira. Lembro de sentir a fúria diminuir e a frequência do meu coração baixar fazendo meu ânimo acalmar. Eu disse quase inaudivelmente: — “Não, tia. Não”. Ela completou com uma voz doce: — “Então, não temos com que nos preocupar, certo?”. Queria apenas dar um abraço nela.

Aprendi que precisamos ser menos sensíveis e mais concretos. Entender a história do seu agressor ajuda a compreender a intenção dele. É fundamental saber o endereço de origem e o destino final de uma crítica. Não fazemos essa reflexão “Amelística” porque o lugar da vítima é ainda o lugar mais venerado da nossa geração.

Agora, quando recebo críticas, aprendi a focar na mensagem e fazer uma paralelo com a verdade. Nunca me importar com a repercussão dos meus sentimentos ruins diante de tudo e observar honestamente se há verdade no que dizem sobre mim para deixar de me esconder no martírio ou agir com agressividade.

Chamo pessoalmente essa condição de colocar numa balança a crítica e julga-la de “ fator tia Amélia”. Tem me ajudado a crescer quando necessário e abstrair quando possível.

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