POR UM AMOR QUE NÃO SEJA PERFEITO, MAS SEJA INSUPERÁVEL
Somos bastante ousados na busca de uma pessoa para viver ao lado. Todos que se propõem a desvendar esse terreno árido do amor tem um tipo de pessoa que sonhou em estar junto.
Fazemos uma lista, mesmo que mental, de expectativas que, sem querer, criamos e saímos para procurá-lo nessa selva de romances. É como pegar um mapa e sair procurando um tesouro raro na esperança de encontrar e ser feliz.
Depois que a primeira decepção acontece, resolvemos demitir todas as pessoas da nossa vida, como se elas tivessem a obrigação de serem perfeitas para nós. Toda pessoa enfrenta um tempo de rebeldia.
No início dessa jornada, começamos com muito empenho até que chega uma hora que percebemos que no amor não existe perfeição. A próxima lição é aprender que amar normalmente é investir tudo que tem e não há nenhuma garantia de retorno. Como assim? Pois é, não existe lógica para o que se sente.
Então, o amor, quando resolve reaparecer, não passa despercebido. Não aceita ser mais coadjuvante. Vem e desorganiza toda ordem que tínhamos estabelecido antes. Você volta a acreditar nas pessoas, sujeita-se a decepção, ao medo e a sensação de inadequação. E pode ser que tudo se repita. Ou não.
Sim, somos a somatória de nossas experiências e não saímos de nenhum relacionamento sem danos, mas será que de tanto errar, estamos tentando menos? Será que temos fugido de ser amantes porque não fomos amados segundo o que julgamos ser perfeição?
Para falar a verdade, acredito que enquanto não abandonarmos a lista de pré-requisitos exageradas que fazemos, não teremos muito conhecimento de si, do outro e do mundo. Não quero dizer que você não deve preterir uma pessoa que te faça sentir bem, que agrade seu olhar, que tenha qualidades essenciais, mas não acredito que alguém por mais perfeito que seja possa te livrar de sofrer ou te trazer mais felicidade constante. É aí que mora a merda toda.
Acredito, inclusive, que temos dificuldades de nos conectar com outras pessoas quando algo dentro de nós não está bem resolvido. Quando alguém nos machuca, vamos logo contratando guarda-costas para o amor, mas são justamente as inseguranças que não nos deixam abrir-se para novas oportunidades de relacionamentos. Não podemos fazer com que as pessoas encaixem no nosso modelo. Isso é errado. É grotesco. É nada real.
O benefício do amor está no campo das possibilidades que ele nos dá para construirmos uma nova realidade. Ele dá concede uma chance de caminhar para uma realidade antes desconhecida.
No que se refere a amor, é preciso não ter obsessões e fazer um despretensioso caminho de pequenas e novas escolhas. Não devemos esperar encontrar um trajeto que vai nos levar para o êxtase, mas sim, para o profundo conhecimento do outro.
O amor não precisa ser perfeito, mas tem de ser insuperável. É justamente na imperfeição que se descobre o outro. A força do amor não se encontra na sua capacidade de ser impecável, mas na coragem de imergir nessa aventura.
Não carregue defuntos antigos. Não procure experiências de perfeição, mas um amor que seja completamente insuperável.
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