MURILLO LEAL - Conteúdo e Storytelling

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O que não te contam sobre morar em São Paulo

A selva de pedra mais famosa do Brasil é a nova residência fixa deste jornalista que vos escreve. Estou ajeitando as últimas coisas.

Mas não vou iludido, sei bem que São Paulo não tem disciplina alguma.Ela não está nem aí para seus planos. É aquele adolescente rebelde que faz o que quer a hora que quer e não consulta ninguém.

Se tenho medo? Ah, São Paulo não é tão perigosa como o Datena diz. Mas também, não é uma Nova Iorque que tem seus próprios super-heróis. Aqui, é você, sua coragem e mais nada. A sorte aqui é um mantra.

Está todo mundo sempre fazendo negócios. E a gente nunca sabe direito o que e quais são esses tais, mas a palavra “negócio” é propositalmente informal. Então, tudo bem. Às vezes, é melhor nem saber. Só sei que o dinheiro é uma divindade respeitada aqui.

“Deus me livre morar num lugar desses!”, dizem meus amigos do Paraná que reclamam inocentemente de um atraso de 3 minutos num almoço de domingo. Deus te livre, amigo? Se você precisar de Deus em uma cidade como São Paulo, é melhor que seja antes da hora de rush.

Agora preciso dizer, não há do que reclamar sobre os paulistas. Principalmente das suas padarias. A Unesco deveria oficializar o pão na chapa com um pingado como patrimônio mundial. Depois do Ibirapuera, pão com manteiga paulistano é o local mais lindo que já visitei.

Além dos inúmeros carros, tem aqui uma espécie de zumbis de terno. A maioria com um iphone na mão vagando com um olhar distante de um lado para o outro. Nem sei do que se alimentam. Talvez seja de insônia.

No meio de muita agitação, festas e shows, o sol é um evento a parte. Não é sempre que ele visita SP. Já a pichação é bastante comum. Assim como o uso de “mano” e “pode crê” nas frases. É realmente um dos únicos lugares no mundo onde a bagunça é legalizada e a organização desafiada.

Por aqui, é comum a perna perder a passada, o carro perder a entrada e o motorista perder a paciência. “Trânsito igual a esse nunca vi”, estou até agora pensando se o taxista estava se gabando ou não. Aliás, todo cara do Uber sabe muito de economia e política.

Curioso que aqui distância é contada em minutos. Pode-se andar 10 km em 12 minutos ou demorar 2 horas no mesmo percurso. Você pode chegar um dia em casa e descobrir que fizeram um shopping entre seu criado mudo e a cama. Ir no banheiro no meio da noite, só se passar pelo viaduto novo.

Estava acostumado a ver mais árvores do que prédios, a receber mais “bom dia” e menos olhares desconfiados. Em Sampa, todo mundo está sempre indo, mas também sempre vindo. Para onde? Sei lá. Talvez nem eles saibam direito. Duvido que tenha terra embaixo daquele asfalto todo.

A cidade realmente não dorme. Mas, quem que é que dorme com essa luz toda acessa? Aqui, perde-se a vida tentando ficar rico e a riqueza tentando recuperar a vida. Tem gente de todo tipo, mas não tem tipo para toda gente.Achar um amor, só vale a pena desde que tenha o mesmo CEP.

Já sei. Você quer saber o que foi que eu vim fazer aqui? Bem, vim ver de perto se o paulista é só um folclore cínico da cultura brasileira ou se existe mesmo gente de verdade no meio desse cimento todo.

Depois te conto.

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